Ela

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Ouçam música quando eu pedir.

“Majestade?”, chamou-a. A mulher tinha um colar grande e pesado sobre o pescoço, sorria para o grande reflexo a sua frente.

“O que acha, meu jovem?”, virou-se, remendando um sorriso maligno no tecido vermelho em sua boca, tateando a peça.

“Esplêndido, vossa majestade, só não mais belo que vossa face”, seu ego encheu-se com o elogio, mas encheu-se mais ainda sabendo que obtinha o poder para receber tamanha bajulação. Grande parte advinda do medo dos outros para consigo, entretanto, isto não a incomodava.

“Como andam os arranjos para o casamento de Jeon?”, perguntou suave e perversa, sabendo o que viria a seguir.

“Ainda estagnados pelo decorrido, o príncipe está verdadeiramente abalado pelo que aconteceu”, contou satisfeito.

“O príncipe Taehyung está ciente dos eventos precedentes a sua chegada no palácio?”, indagou, acariciando a joia em seu colo, e recebeu uma resposta negativa.

“Não, todos no palácio mantêm-se calados em relação ao fato, e me parece que o príncipe Jeon ainda não levou o príncipe Taehyung para vê-la, então o casamento não é muito íntimo. No entanto…”

“No entanto?”, perguntou, ansiosa e adjacente à linha tênue da ira. Era desequilibrada, porém, poucos o sabiam.

“As vossas previsões para com o relacionamento dos príncipes foi, remotamente, errônea. Eles passam todos os dias juntos, o príncipe Taehyung não aparenta ser nada relaxado como o mencionado, ocasionalmente. Na verdade, este gasta suas tardes ajudando o príncipe Jeon com seus afazeres dentro do escritório e, por mais incrível que pareça, não é negado por Jungkook, que aceita de bom grado a ajuda do estrangeiro”, alguns segundos calados se passaram, tanto para que ela acalmasse sua raiva, quanto para que pensasse.

“Isso, com certeza, não é o esperado. De acordo com meus cálculos, a possibilidade de Taehyung e Jeon se interessarem um pelo outro era nula, eles são incompatíveis”, pediu, com um gesto manual breve, para que uma criada próxima retirasse seu colar. “Pelo jeito que me descreve, a cerimônia pode não ocorrer tão tarde como me era previsto.”

“O que faremos então?”, ela sentou-se sobre a cama.

“Aguarde, tudo ficará em seu devido lugar. Meu palpite presume que a cerimônia precisará de pelo menos seis meses para introduzir-se, na pior das hipóteses. Se os corações dos príncipes, por algum acaso, realmente interligarem-se, serei forçada a interferir... novamente, por mais que não queira.”

“Mas machucar Jeon será suspeito, Vossa Majestade já fêz-lo com a…”

“Não cite tal nome em minha presença”, ordenou e o seu servo curvou-se numa profunda obediência. “Quem disse que iremos atingir diretamente a Jungkook? Precisamos pensar além, transformar tudo em coincidência.”

“Minha rainha, ainda não tive o privilégio de compreender vossas palavras…”

“Não está claro?”, olhou-o, fazendo com que finalmente entendesse, e as pernas dele oscilaram, com um amedrontado não saindo de sua boca. “Sim, meu jovem. Se por um acaso Jeon amá-lo, verdadeiramente. O suficiente para querer adiantar o noivado, o suficiente para apresentá-lo à ela, o suficiente para estragar meus planos, desejos, sonhos. Eu ousarei machucar o príncipe Kim Taehyung”, e ambos sabiam o que aquilo significava: o casamento arranjado tinha a função de juntar os dois reinos, separados, outrora, por um assassinato, uma traição.

Eliminar Taehyung àquela altura, no território deles, implicaria numa chacina em um dos dois lados, e grandes prejuízos para o outro. Aquilo significaria que ainda não haviam deixado arcaicas discórdias para trás, o que mudaria todo o cenário da história.

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