― Oi. Sou a Marianne, mas pode me chamar de Anne ― ela disse e sorri.

― Hum... Oi ― digo ainda um pouco confusa. ― Sou a ... ― Fui interrompida por ela.

― Eu sei quem você é ... Amanda Carter, mas conhecida como Mand... Certo?

― Sim.

Confesso que me assustei, acho que ela não é muito boa em fazer amigos... Olha quem está dizendo, a garota problemática que não tem nenhuma amiga e que a única que tinha, fez bobagem e ela se foi.

― Me desculpe se te assustei... Sou péssima nisso ― disse enquanto coçava levemente a cabeça. ― Sempre as pessoas vinham fazer amizade comigo, mas você não veio e eu tive que vir. ― Ela sorriu.

― Ninguém quer ser minha amiga, acredite.

― Oh desculpe então... Prazer, "ninguém". ― Comecei a rir e ela sorriu novamente e puxou uma cadeira se sentando na minha frente.

― Você é daqui? ― perguntou.

― Não, sou dos Estados Unidos e você?

― Sou daqui mesmo ― disse.

― Podia jurar que não ― murmurei. ―Não tem o sotaque britânico que a maioria aqui tem.

― Já andei por tanto lugar que acabei perdendo meu sotaque. ― Riu-se. ― Agora, o que falarmos desse seu belo sotaque americano, hum? ― Fez uma careta e começamos a rir. ― Acho vocês americanas um pouco metidas. Talvez seja culpa daqueles filmes onde as americanas são patricinhas sem cérebros, e se sentem as tops.

― Aqui também tem patricinhas. ― Ri. ― Não culpe o meu país.

― Pode deixar. Agora me diga sobre os jogadores, certo?

Ela abriu um sorriso um tanto malicioso o que me fez rir mais ainda, ela era definitivamente uma tarada.

― Não vamos falar sobre isso.

― Ah. ― Fez uma cara de decepcionada. ― Dizem que eles são os melhores...

Novamente ela sorriu maliciosamente e depois riu feito uma louca, o que me fez rir junto com ela. Sua risada era definitivamente contagiante, e naquele momento eu já nem me lembrava que eu tinha tanto problema em mente, só me dava vontade de rir do seu jeito.

Ela começou a contar sobre as suas mudanças de cidade, suas amigas malucas, e o quanto era ruim ter que deixar suas amigas em cada mudança que tem que fazer por conta do trabalho de seu pai, e depois acabamos chegando no meu assunto.

― É verdade que você se corta? ― perguntou.

― Se você veio para rir de mim, perdeu seu tempo. As garotas ali vieram primeiro ― murmurei enquanto apontava disfarçadamente para a Liviane.

― Não vim para isso. Quero realmente ser sua amiga.

Eu poderia perguntar o porquê alguém como ela iria querer ser minha amiga, mas optei por não perguntar nada e apenas responder que me cortava sim. O colégio todo já sabia, já que a patricinha ali da frente fez questão de falar, Marianne seria apenas mais uma a saber, mas algo nela dizia que ela realmente não veio aqui para rir.

― O que leva alguém a se cortar? ― perguntou. ― Dizem que as pessoas se cortam por vicio, mas tecnicamente teve que haver uma primeira vez, certo? Ou melhor, várias primeiras vezes ― disse e acabou se perdendo no que ela própria dizia. ― O que leva você a se cortar?

― Eu não quero falar sobre isso ― digo da forma menos rude que consegui. Eu não queria falar sobre meu pai, não queria que as pessoas soubessem da minha vida, não queria que alguém dissesse outro "sinto muito" da boca para fora.

[Pulsos]Where stories live. Discover now