Uma pitada de dor

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No primeiro instante ele ficou pálido e qualquer sinal de bom humor sumiu.

- Como é que é? - perguntou atônito. - Mas o que é que deu em você? por acaso já esqueceu a dor que aquela família lhes causou?

- Em matéria de me causar dor, você é a ultima pessoa do mundo que pode opinar. - rebati.

Ele abriu a boca para falar alguma coisa, mas desistiu, passou a mão pelos cabelos loiros e abaixou a cabeça exasperado enquanto balançava a mesma em negação, ergueu a cabeça e olhou para mim com seus olhos azuis totalmente cansados, então voltou a poltrona e se atirou nela pesadamente. Taylor permaneceu ali, encarando o teto por alguns segundos, enquanto eu assistia a cena. Voltou a me encarar, agora mais calma,  decidiu quebrar o silêncio que havia se instalado ali.

- Ok! - suspirou. - O que vamos fazer agora?

- "Vamos"?om seus amigos

- Mas é claro. Sou o responsável por essa situação, nada mais justo do que eu ajudar a repara-la.

Tentei fazer o Taylor mudar de ideia, mas ele pode ser bem teimoso as vezes. Dormir como uma pedra, depois que ele foi embora. Acordei atrasada, então ou era tomar café da manhã ou era chegar na universidade no horário.

Contei para Liz, naquela manhã, o que havia acontecido depois que eu saí do shopping, falei o que aconteceu no meu quarto e em com fiz as pazes com o Taylor

- Eu fiquei muito preocupada com você. - disse Liz enquanto suspirava pesadamente. - E então? Somos três de novo?

- Eu acho que sim. - falei.

- E o que pretende fazer no caso "Andrew"? Ele pareceu... chocado.

- Vou tentar falar com ele hoje. Meu amor por ele é inegável e não posso desistir.

- Se precisar de ajuda eu sempre vou estar aqui para você. - falou.

- Eu sei. O que seria de mim sem você?

- Nada. - brincou ela, fazendo-me sorrir.

Falar com Andrew não será uma missão tão difícil assim. Pelo menos foi o que eu pensei antes de perceber que estava redondamente enganada.

O procurei por todo o campus antes da aula começar e quando finalmente o encontrei o sinal tocou. Tentei chamar sua atenção durante a aula para marcamos de conversar no intervalo, mas depois de ser repreendida por cinco vezes, acabei por desistir. No intervalo, eu o chamei antes que saísse da sala, porém ele me ignorou e saiu portas a fora acompanhado por seus amigos.

Quando finalmente o encontrei, estava em uma conversa animada com seus amigos e com Stacye a tiracolo. Tentei me aproximar, mas ao perceber minha aproximação saiu apressadamente pelo corredor e entrou no banheiro masculino.

Quando as aulas se encerraram tentei falar com ele novamente e mais uma vez fui ignorada, ele saiu o mais rápido que pôde em direção a garagem. Eu tentava de todo jeito alcança-lo, mas o lugar estava um caos, os alunos vinham de todos os lados em direção a saída; faziam muito barulho e conversavam alto alguns empurravam.

A novela se repetiu por três longas semanas, sempre eu tentava falar com Andrew, ele dava um jeito de escapar por entre meus dedos. Mas eu simplesmente não podia desistir dele, eu venceria nem que fosse pelo cansaço.

Avida não funciona como queremos, e é como minha avó sempre dizia " de onde menos se espera que espirra o coelho". Após semanas sem sucesso eu finalmente encontrei uma chance. Cheguei atrasada nesse dia, só daria para assistir as aulas a partir do segundo horário, essa era a primeira vez que isso acontecia comigo e provavelmente foi isso que fez Andrew abaixar a guarda. Ele acabara de dar as costas ao bebedouro quando o avistei e antes que eu pudesse coordenar minhas ações, meu corpo se pôs a mover-se o mais rápido que podia para alcança-lo e quando já estava relativamente perto o chamei.

O Diário de MarriêWhere stories live. Discover now