CAPÍTULO III: Vive La Revolución

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— C-como você fez isso? – gaguejou Lilian, cutucando com a bota uma das aranhas, já toda desmontada no chão com as outras.

— São máquinas. – Lykos respondeu, orgulhoso. – Tudo que tive que fazer foi mandar que desligassem. Estou começando a pegar o jeito dos meus poderes. – ele sorriu.

— Eu disse pra você que era fácil – disse Lilian, um pouco orgulhosa – você nasceu com esses poderes. Eles estavam aí o tempo todo. A partir do momento que você toma consciência deles, não precisa de aulas pra aprender a usar.

— Máquinas... – repetiu Kane, tentando manter o foco. – Acho que estamos chegando perto. Fiquem atentos à qualquer barulho – ele olhou ameaçadoramente para Caver – e principalmente onde pisam. – disse, entre os dentes.

Caver pensou que realmente Kane tinha razão, mas ele não precisava ter sido tão exagerado. Ou quem sabe não fosse exagero dele, afinal o grupo inteiro estava sob estresse, fosse físico, emocional ou psicológico. Mas a única que sabia disso era Lilian, afinal ela tinha um elo psíquico com todos ali. Portanto, ela sabia exatamente o que viria. Caver estourou.

— Por quê tudo o que acontece de ruim no grupo tem que ser minha culpa?! – ele gritou. Os ecos puderam ser ouvidos sumindo na escuridão sem fim. – Eu sou o único aqui que entende um mínimo de tecnologia e de medicina, ou primeiros socorros! Eu sou o único aqui que sabe armar e desarmar uma bomba manualmente!

— Caver... – Lilian tentou interceder, mas Kane a cortou.

— O que mais me impressiona é isso! – Kane gritou tão alto quanto Caver – Você é tão habilidoso que tudo o que você sabe fazer é ser peso morto! Eu fico me perguntando se você não é espião daqueles... daqueles filhos da puta lá em cima!

— Kane! – Lilian tentou repreender Kane, mas Caver não pôde ficar quieto.

— Eu sou tão espião que quem salvou você quando a gente se conheceu fui eu! Sou tão espião que quem fez metade das coisas pra gente escapar daquela porra de Poço fui eu!

— CHEGA! – Lilian gritou. Todos sentiram um incômodo e uma tontura, como se o grito de Lilian tivesse soltado algum pulso de energia. Ela recuperou o fôlego e enxugou as lágrimas que começavam a aparecer em seus olhos. – Vocês são retardados, por um acaso? – o nó em sua garganta podia ser sentido, mas o tom dela era firme – Nenhum de nós está em condições de ficar discutindo aqui! Vocês deixam um caos tomar conta da cabeça de vocês e simplesmente ignoram que eu consigo ouvir! Vocês acham que eu estou no controle? Que com tanta coisa rolando eu estou conseguindo filtrar o que eu vou ouvir ou não? Vocês dois são uns imbecis, isso sim! Dois egoístas, que mesmo depois de tanto tempo não conseguem pensar como um grupo! – ela olhou para Kane – Principalmente você. – disse ela, apontando o dedo – Você devia ser o nosso líder! Devia manter o controle! Devia pensar primeiro no bem-estar do grupo e depois com se você teria conseguido tranzar com aquela menina ou não!

Kane fez uma expressão confusa e enrubesceu de tal forma que a cena teria sido hilária, se fosse em outro momento, em outro lugar. Lilian foi tomar fôlego para continuar, mas sentiu um toque suave em seu ombro. Lykos olhou para ela e meneou a cabeça para que ela se acalmasse. Na verdade, ele pediu para ela, de maneira com que só ela ouvisse.

— Todos estamos estressados, – disse Lykos ao grupo, com tanta calma na voz que apenas Lilian sabia o quão sua cabeça estava girando – não estamos em condições de ficar apontando dedos na cara dos outros. Estamos claramente sendo testados aqui.

— Como assim? – perguntou Caver.

— A ponte. As aranhas. As armadilhas. Estão colocando a gente sob um estresse cada vez maior, pra ver se o grupo consegue ou não passar. Se começarmos a discutir feito idiotas agora, vamos nos dividir. E se nos dividirmos, todos esses desafios podem ficar mais difíceis e nós podemos acabar morrendo aqui. Somos uma equipe. Temos que ficar juntos.

Futuro Sombrio - File#1: Sussurros de uma revoluçãoWhere stories live. Discover now