O complô

Capítulo 3

Dóris

Os Moore e eu estávamos em seu escritório, que era um ambiente completamente novo para mim, eu nunca entrara ali. Eles estavam me passando a ficha completa de Érik e tudo o que houve desde que a história com a famosa Scarlett se iniciou. A parte ruim é que nenhum de nós sabia dizer exatamente onde e quando eles se conheceram, mas tínhamos certeza de que não fora no palácio. Segundo Lady Moore, ela era a garota mascarada no baile de aniversário do Érik no ano anterior, e aquilo sim me assustou, porque eu estava lá, eu a vi, eu estive no mesmo lugar que ela e nunca reparei que ela era uma intrusa. Ela soube se disfarçar.

Depois de muita conversa, comecei a finalmente me senti parte do grupo. Eles eram extremamente vingativos, eu gostava disso. Eu precisaria manter a discrição e ser fiel ao plano a cima de qualquer coisa. Teríamos soldados à nossa disposição, eu nem imaginava que existia esses tipos de plano dentro de um palácio, mas agora eu também faria parte daquilo. O meu dever era arrancar o máximo de informações do príncipe e fazer com que ele confiasse em mim. No dia, eu seria responsável por atrair o príncipe para o lugar onde Lord Moore e seus capangas estariam esperando. Após eles o imobilizarem, Lady Moore traria Scarlett até mim e eu a mataria na frente de Érik. Logo depois, ele seria morto.

Sobre Érik estava tudo certo, Scarlett era o dilema. Precisávamos saber onde a encontrar e saber seus passos para que pudéssemos trazê-la para o palácio. Eu fazia questão de mantê-la presa em meus aposentos, mas no palácio existiam milhares de lugares mais seguros do que aquele. Seria a maior vitória que eu conquistaria na minha vida, afinal, tudo o que eu estava sofrendo com Érik era por culpa dela. Depois que tudo estivesse feito, deixaríamos os corpos ali e voltaríamos para o baile como se nada tivesse acontecido. Os corpos seriam encontrados e fingiríamos um grande choque. Após tudo o período de luto, o regente assumiria o trono no lugar de Érik, e segundo eles, eu seria exaltada no reino como filha adotiva deles, e é claro que eu receberia todos os benefícios que sempre recebi, mas dessa vez, poderia influenciar também no governo. Era tudo o que eu queria.

Depois do jantar, fui para a biblioteca. O lado ruim da biblioteca era que eu precisava dividi-la com as meninas da Escola Real na maior parte do tempo, e eu odiava ter que encontrar aquelas meninas pelo caminho se esquivando como ratos e agindo como se fossem princesas de verdade. Nem formadas estavam ainda e achavam que tinham algum tipo de direito dentro do palácio. Era o cúmulo deixa-las soltas por aí. Entrei na biblioteca porque sabia que Érik iria para lá depois do jantar, mas ele sempre esperava as meninas evacuarem a área, isso me deu tempo para entrar lá e bancar a intelectual antes que ele chegasse. Peguei um livro aleatório e fingi ler enquanto as outras meninas cochichavam para lá e para cá sobre mim. Aos poucos elas se retiraram da biblioteca, me deixando sozinha. Foi então que Érik chegou.

- O que faz aqui? – ele perguntou.

- Estou relaxando um pouco – respondi. – E você?

- Geralmente venho aqui pra... Esquecer das coisas.

- Esquecer ou lembrar? – perguntei. Ele não fazia ideia de que eu sabia de tudo sobre Scarlett, graças à Lady Moore.

- Como? – ele franziu a testa.

- Nada, esquece – sorri.

- Me desculpe pelo que fiz – ele falou. – Não foi minha intenção chatear você. Eu entendo suas razões, sei que tem motivos para estar brava comigo, mas Dóris... Foi muito difícil para mim passar por tantas coisas. Scarlett esteve aqui por pouco tempo, mas tudo o que vivi com ela, não sei... Meio que a imagem dela está impregnada nessas paredes. Acredito que o tempo, ainda sim, será capaz de apagar isso. Quando a escola real acabar e as meninas se formarem e irem embora, tudo ficará mais fácil, principalmente.