II

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Berlim, 1933

Adolf Hitler havia ganhado seu título de Chancheler da Alemanha a duas semanas...

Fevereiro. Meu mês preferido do ano - pelo menos era - e o aniversário de Kevin Jacobs. Ainda penso muito nele, e cedo ou tarde ele subirá ao altar da catedral de Berlim com uma moça que poderá fazê-lo feliz. Uma pessoa que ele verdadeiramente ame e envelheça ao seu lado em uma casinha na fazenda, dois filhos arianos e um cachorrinho.

Mas nunca imaginei que não seria comigo. Para sempre.

Por que perdi essa chance a tão pouco tempo?. Ás vezes eu me pergunto se alguém realmente está do meu lado agora...

"Meu nome é Hannah, e essa é a minha história."

O sobrenome "Jacobs" é holandês e é de lá de onde ele vinha. Kevin me contou que quando emigrou para Alemanha tinha apenas um ano e alguns meses. Stephan Jacobs -a quem tive o desprazer de conhecer- o seu irmão mais velho, sempre foi muito protetor com ele como Uri tentou ser para mim, quando falhou antes de tentarmos fugir dos nazistas. Mas isto é uma outra história.

O seu pai morreu na primeira guerra mundial. Ele era o soldado favorito do seu general que hoje é provavelmente um comandante nazista. Esteve lado a lado da Áustria e da Alemanha e assistiu sua derrota de perto com o surgimento do Pacto de Versalhes. Ele era casado com uma alemã vinda de uma família denominada ariana de acordo com os nazistas. Kevin me dizia como seu irmão se lembrava de Amsterdã antes de embarcar para o país natal de sua mãe, onde sua avó materna os criaria após terem ficado órfãos. Sempre considerei Stephan um irmão muito coruja.

Foi ele quem o alimentou, quem o ensinou a fazer a barba, quem o ensinou a fazer o dever de casa, e tudo o que ocorreu para que o amor ausente toma-se-lhe , o amor protetor do irmão invadia todo o rastro do pai que ele nunca ira conhecer.

Não que eu tenha algo contra ele, ele acabou tendo por mim e por todos que amo. Infelizmente, as pessoas insistem em separar as outras por cor,raça,religião e mal percebem que isto já é uma forma de preconceito por parte delas. Mas Kevin nunca foi assim comigo. Prometemos em um verão que nunca iríamos abrir mão um do outro e fizemos este juramento quando tinhamos só oito anos. Enrolamos nossas fitas de natal como única forma de juramento e não, nunca nos importávamos com o que seguiamos, não sou a minha mãe.

Não sei dizer se isso é um preconceito por parte dos Jacobs, pois sua fé é baseada em amar o próximo como a si mesmo.

Eu me pergunto, eles se amavam o suficiente?.

Custava nossa próxima primavera para nos mudarmos até Berlim, um preço difícil de ser pago por mamãe que só poderia confiar nossas vidas as flores.

Não há mais flores. Não há mais vida. O que me entristece tanto para meu diário quanto para mim, é que não as terei para perfumar novamente o meu lar e muito menos o meu cadáver. Uma vez desabafei com a caneta após uma briga feia com mamãe por me proibir de sair tão tarde para me encontrar com Kristen e com Kevin em seu quarto "digo com muito orgulho, que a primavera é e sempre será o meu Hanuka." eu tinha anotado essa descrição no final da página e afirmo que sim, a primavera me faz querer viver e acreditar que tudo ainda é possivel.

Hannah - Conto (Concluído)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora