Russo

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A viagem de carro não demorou muito. Após estacionarem, fui ergida por um corpo masculino até algum lugar que concluo ser fechado, pois escutei portas se abrindo e a brisa fresca da noite me deixando. Não reconheci o perfume de quem quer que estava me carregando, então já descartei que fosse o meu suspeito.

Agora estou sentada a vários minutos em alguma superfície de metal. O frio do assento em contato com a pele do meu traseiro, junto com as algemas em meus pulsos e a cabeça coberta, só faz a tensão no meu corpo aumentar.

Eu quero a minha mãe!

Sou tirada dos meus conflitos internos pelo som da porta sendo aberta outra vez. Sinto uma brisa fresca vindo de fora e trazendo o cheiro do perfume masculino de quem quer tenha entrado, mas não é o mesmo perfume do homem que trouxe até aqui. Seja quem for, ele tem passos pesados, que mostra atitude e poder - como um forte touro.

- Sofie Merluzzo? - Só precisei que a foz masculina dissesse essas duas palavras para que eu reconhessece o sotaque russo.

- É Sofia - o corrijo.

Então ele dá risada nasal.

- Anton? - tento certeza de quem é. Minha pergunta interrompe seus passos curtos que seguiam em minha direção, alguns segundos se seguem em silêncio até que ele resolve falar mais uma vez.

- Então já me conhece...

- Não - começo a explicar -. Lorenzo me falou sobre um inimigo com esse nome. Nome russo, sotaque russo, então liguei os pontos.

Mais uma risada nasal.

- Você é espertinha - o som grave de sua voz carregada de sotaque acompanhado de seus novos passos faz outra onda de pânico atravessar meu corpo. Estou tremendo agora.

Sinto o calor do corpo dele próximo de mim, me fazendo ficar estática. Como eu queria poder enxergar!

Dedos grandes tocam o meu pescoço, me fazendo paralisar, e, como um pedido atendido, sinto a amarra do saco de pano em volta da minha garganta sendo afrouxanda.

O mesmo é arrancado da minha minha cabeça com rapidez. Então abro os olhos, notando, através das frestas nas paredes de metal que nos cercam e nos cobrem, que ainda é noite lá fora. Estas também são responsáveis por iluminar desleixadamente o local. Fito meu sequestrador.

Anton é um homem de meia idade com uma aparência mais agradável que do que imaginei; Porte atlético, barba baixa e grizalha - assim como os cabelos - e o olhar mais amendrontador que já vi na vida.

Eu tenho certeza que é ele quem recebe as pessoas na porta do inferno.

- Não fomos devidamente apresentados - ele sorri diabolicamente para mim -. É um prazer - noto que seu olhar percorre todo meu corpo, mas não tem luxúria neles, é como se ele tivesse me estudando.

Aposto que tá procurando o melhor jeito de me torturar.

- Eu até cumprimentaria você, sabe? - começo o dizer, chamando sua atenção para meu rosto mais uma vez - mas estou de mãos atadas - me refiro as minhas mãos algemadas nas costas. Meu comentário faz sua gargalhada ecoar por todo o local.

E falando em local, dou outra olhada a volta. Percebo que estou dentro de um contêiner. Sentada sobre um banco comprido de inox acoplado no mesmo. A mesa, também de inox, ao meu lado revela alguns produtos químicos e instrumentos sofisticados. E é tudo estranhamente bem limpo.

- Soube que andou cheretando em meus assuntos recentemente - a conversa fica mais séria. Ele anda em direção a mesa, mexendo em alguns utensílios -. Procurando por um homem que me dá informações privilegiadas do seu marido... - então olha para mim mais uma vez, desta vez ele está a segurar um espécie de cristal na mão - Aliás, Lorenzo única te ensinou a ficar longe de assuntos que não lhe diz respeito?

- Eu sou teimosa - dou de ombros -. Quando eu quero achar algo, nada me impede. - o russo se aproxima de mim mais uma vez, então se inclina e coloca as mãos sobre os joelhos, para que seu rosto fique na altura do meu. Seu olhar penetrante fita os meus com firmeza. E ele consegue fazer eu me encolher só com esse ato.

- E conseguiu achá-lo? - ele indaga.

Tomo uma ousadia que desconheço a origem e me inclino na direção de Anton, aproximando nossos rostos, e é a minha vez de dar um sorriso diabólico para ele.

Então digo o mais claro que eu posso.

- Seu infiltrado é Natanael Pazzine.

❤️

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Maldito MafiosoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora