O amor não vai sentar ao seu lado no ônibus

Consequências?!

Eu não tenho muita noção do que é um flerte.... mas olha. Acho que isso foi bem direto.

Conversamos por quase uma hora. O papo fluía entre astrologia e lançamento de remix de musicais ruins. Quanto mais conversar com Carlos menos eu ligava para os meus defeitos. Era como se tudo estivesse de forma clara e objetiva para mim.

Infelizmente, como as coisas não são perfeitas, tive que sair as pressas, enquanto meu primo carregava meu irmão.

- O que aconteceu?

- Acho que alguém deu algo muito forte pra ele. O rolê foi massa, mas vamos embora – meu primo respondeu

- Claro. Vamos levar ele.

O caminho foi tranquilo e, cerca de dez minutos depois, estávamos em "casa". Joguei meu irmão no banheiro e liguei o chuveiro. Ele não esboçou nenhuma reação quando a água gelada bateu nele. Apesar de ser quase 6 minutos mais velho que eu, ele acaba sendo o mais crianção. Troquei as roupas dele e, com ajuda, coloquei na cama. Me levantei e fui para o banheiro também. Meu primo morreu assim que colocamos o Lucas na beliche. Eu tinha um tempo para relaxar e pensar no que tinha acontecido. Era legal ter conhecido um cara diferente e, quem sabe, não poderia ser o meu primeiro amigo na cidade nova. Ele parecia conhecer de todos os movimentos da cidade e tudo mais.

Parei par apensar um pouco sobre quais eram as possibilidade e, logo, cai no sono.

Acordamos no dia seguinte com um problema dos grandes: meu irmão não estava em condições de dirigir. Apesar de ter passado boa parte do efeito do álcool, ele mal se segurava em pé e o cheiro estava forte. Meu primo precisaria dirigir durante toda a volta, o que significava cerca de 6 horas para voltar para casa.

Organizei as malas, dei uma olhada em toda o espaço e, logo depois do meio dia, saímos de volta para casa. O resultado do vestibular demoraria cerca de um mês e eu tinha muito o que fazer de volta ao interior.

O tempo não estava ao meu favor. O meu período de férias longe da escola me deixou também longe da internet. Quase duas semanas depois, recebi um sms falando sobre as listas de aprovação. Acessei as redes sociais e, pouco depois, verifiquei a lista. Eu estava entre os dez primeiros da UFG no curso de Química e, na UNB como Comunicação Social. Tinha em mãos, um problema gigantesco.

Sempre me vi como um cara introvertido, que não gosta de falar – pelo menos não em público... mas seria divertido estudar em Brasília. Por outro lado, estudar no Goiás ia me deixar mais perto da minha família e eu poderia ser um ótimo professor ou até mesmo pesquisador. Ou até mesmo poderia tentar alguma bolsa e ir estudar Química fora do Brasil... só precisava atualizar o meu inglês, que não era o mesmo.

Mas nem tudo são flores. Eu estava no meio do meu terceiro ano do ensino médio. Eu não poderia ser considerado como apto para cursar nenhuma universidade enquanto não cumprisse, ao menos, 75% da carga horária. Com ajuda de alguns fóruns da internet, solicitei ao estado que me desse um advogado, que em poucos dias resolveu a situação enquanto eu, sem pensar duas vezes, arrumava minhas coisas para ir a Brasília.

No fim, eu precisava mesmo aprender a me comunicar.

Comuniquei a todos os meus quatro amigos sobre minha decisão de mudar de cidade e tentar alguma coisa em Brasília e foram até compreensíveis. A minha suposta namorada, por outro lado, não estava muito confortável. Jogou algumas indiretas querendo saber se poderia morar comigo e eu me esquivei com uma certa destreza, o que me deixou triste depois. Não havia porque ficar de luto por um relacionamento em que ninguém era realmente feliz, sabe? Cedo ou tarde – e eu torcia para ser o mais cedo possível, ela se tocaria e nós seguiríamos a vida. Meus pais estavam empolgados e garantiram para mim, ao menos, um ano de despesas pagas. Claro, havia um teto e esse valor deveria cobrir aluguel, alimentação, transporte e as passagens para visitas ao menos uma vez por mês no ônibus interestadual. Tudo estava perfeito. Meu irmão e meu primo não passaram, infelizmente. Mas a promessa de que iriam se esforçar e, no semestre seguinte, iriam com certeza se juntar a mim. E enquanto isso, eu me preocupava com