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Victória e Téo, impactados pela ceninha romântica dos amigos, até porque não tinha como não ser impactado, se afastaram um pouquinho do fusca para dar alguma privacidade aos dois e terem um tempinho só deles. Téo fitava Vic, e o que mais o atraía nela era o quanto ela era confiante. Nas roupas que vestia, no penteado que usava... Ela vestia confiança. Também dava pra ver o quanto era certeira em tudo, ela não tinha medo de se impor quando precisava. Ele era um cara de sorte.

— Quem se apaixonou primeiro? — Vic perguntou.

Téo refletiu por alguns segundos... Era tão difícil lembrar como começou um sentimento que agora parecia existir desde sempre! Era o primeiro dia dos namorados deles juntos, mas já viviam uma rotina que os dois amavam.

— Sabe que eu não sei? — Ele respondeu — Mas com certeza não foi à primeira vista.

— Ah, isso não foi mesmo. Não foi nem na segunda vez, nem na terceira nem na quarta.

— Será que foi na quinta?

— Eu chutaria na décima segunda.

Téo sorriu com o comentário, e era como se ele fizesse de propósito. Ela amava aquele sorriso e, mais do que isso, a pessoa que sorria. Vic era um pouco mais baixa do que ele, e ter o braço de Téo em volta dela enquanto ela encaixava o corpo no dele era sua posição favorita. Estavam assim agora. Era um calor bom que emanava dele, não dava vontade de soltar. Ela reclamava dele ser grudento, mas, no fundo, gostava muito. Tinha medo de ser rechaçada quando o procurava pra ficar agarradinhos, achando que ele ia jogar na cara dela que Vic era uma grudenta também, mas ele nunca fazia. Sempre a recebia de braços abertos.

— A gente fez tudo errado, né? — Téo disse.

— Talvez aqui os fins justificam os meios.

— Acho que não teve um momento em que eu decidi que estava apaixonado por você. Tipo, acho que não teve só uma coisa que você fez e me encantou.

— Também acho. A gente se conheceu de uma forma doida, aí fomos saindo aqui, saindo ali, dando uns beijos aqui... — Vic disse e aproveitou para roubar um selinho — Quando eu vi, já estava gostando demais.

— Amor à primeira vista é superestimado — Ele disse.

— É uma construção social.

Téo riu.

— Mas que bom que a gente aconteceu — Ela completou.

— E do nosso jeito. Não tinha como ser de outra forma, eu acho.

— Somos muito doidos pra ser padrão.

Téo abaixou a cabeça e levantou o queixo de Vic gentilmente para um beijo. Agora era engraçado como o beijo deles se encaixava. Apesar do primeiro beijo deles ter sido horrível — Téo concordava, no fim das contas — ele sabia que não existia exatamente isso de gente que beija mal e gente que beija bem. Todo mundo que dá beijos beija de um jeito e às vezes os beijos se encaixam, às vezes não. Depois de alguma prática, Téo e Vic se completavam, boca na boca, como se cada um tivesse estudado o beijo do outro para tirar dez numa prova sobre o assunto. Estavam gabaritando no beijar e na vida. Também se completavam quando não estavam trocando carinho. Ele sempre hesitante e com cautela demais, Vic puxando pela mão e inspirando coragem. Ela explodindo e se armando por pouca coisa, ele freando pelos dois e dizendo que, calma, vai ficar tudo bem.

Os quatro juntos no mesmo estacionamento era uma cena e tanto.

Os quatro e o fuscaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora