Nem lembro como cheguei até o chão da sala, não me importo. As lágrimas ainda insistem em cair, uma atrás da outra. Minha mente parou de tentar raciocinar, acho que estou naquilo que as pessoas chamam de estado de choque. Me sinto patética.
O tempo passa como se estivesse se arrastando, como se cada segundo estivesse zombando da minha cara, igual quando Christoffer disse que eu era lerda. Igual todos os sorrisos que Christoffer soltou quando voltou para o carro.
Não lembro também em qual momento acabei dormindo, acho que meu corpo entrou em colapso. Só sei que acordei conseguindo pensar como uma pessoa normal, ou o mais perto disso que consigo chegar e que meu telefone apitava de dentro da bolsa. Meu coração dispara.
Será que era ele?
Como se minha vida despendesse disso o encontro e logo o desbloqueio.
Não era.
A realidade parece me dar um tapa na cara ao lembrar do que aconteceu. Havia inúmeras mensagem e ligações perdidas. Ignoro todas.
Minhas costas doem por ter dormido no chão, mas não poderia me importar menos. Elas não são a única coisa que está doendo. Levanto devagar tomando cuidado para não cair, porque a tremedeira ainda persiste. Meu corpo parece estar melhor do choque, mas eu não.
Ando em direção a cozinha arrumando meu cabelo que estava grudado no meu rosto por conta das lágrimas. Em cima da ilha encontro o whisky que minha mãe ganhou de presente em alguma das comemorações da companhia.
Sei que não é certo, mas não tenho capacidade de discernir o que devo ou não fazer. Tenho direito de estar assim, pelo menos por enquanto vou me permitir ser a vítima.
Não preciso de copos, a necessidade de esquecer fala mais alto. O líquido desce queimando e agradeço mentalmente pela sensação, quero sentir outra coisa sem ser tristeza. Qualquer outra coisa. Abro a geladeira procurando por mais distrações, encontro duas. A famosa e transparente Vodka e um vinho qualquer da minha mãe. Que ela me desculpe, mas eu preciso mais.
Minha visão fica turva novamente, mas não pelas lágrimas igual horas atrás, e sim pelo álcool que me fazia ficar cada vez mais tonta pela mistura de bebidas no meu copo. O gosto não é bom, mas faz efeito rápido, que é o que eu quero.
As lembranças de hoje me atormentam, mas não é mais meu principal pensamento. Só consigo pensar em distrações, só consigo pensar em o que fazer para esquecer. Uma ideia me surge eu eu fico animada.
Corro para a sala, tropeçando no meio do caminho. Avisto meu celular ainda jogado no tapete, onde eu estava minutos atrás. Corro os dedos pelo teclado tentando formar uma frase que o Olavo consiga entender. Falho miseravelmente no processo, me parece tão difícil digitar.
Minutos depois e mais uma mistura feita no meu copo, ele me responde:
"Claro que tem festa rolando, né baby?"
"Quem vc pensa q somos???"
"Está sendo aqui no ap do Drew, o Chris vai te trazer??"
Me irrito com sua pergunta, é claro que ele não vai me trazer...me levar. Rio com minha confusão. Viro o restante do conteúdo do meu copo, para então te responder.
"nào els naoo vay, vc pdw vir!"
Peço, implorando mentalmente para ele entender, porque se não, vou ficar muito brava. Olho para minha roupa e percebo que ela está manchada de bebida, principalmente de vermelho.
Subo as escadas da minha casa correndo e entro as pressas no meu quarto. Quando lembro onde o guarda roupa fica começo a pegar blusas que posso por. Depois de procurar por alguns minutos, eu acho, acabo colocando a parte de cima do meu biquíni e uma saia de couro que eu nem sabia que eu tinha. Me olho no espelho e vejo que minha saia se embolou com a meia calça, mas eu gostei de como ficou e dicidi ficar assim. Não quis passar maquiagem porque sou linda naturalmente.
Decido mandar mensagens para as minhas garotas, só para elas não ficarem preocupadas. Não sei porque elas me tratam desse jeito, sei muito bem me cuidar sozinha.
Antes de acabar com meu pensamento meu braço bate sem querer em um enfeite da cozinha e começo a rir.
Nunca gostei dessa galinha mesmo.
Aí desculpa deus, será que agora eu vou para o inferno? Tomara que sim, daí eu fico com o Chris.
Sua lembrança me faz ficar triste, mas logo sou tirada de meus pensamentos por uma buzina.
É o Gustavo!
Não, acho que é Olavo. Sei lá.
Saio saltitando em direção a porta, mas não sem antes de pegar a garrafa de Vodka, que está meio cheia, porque sou uma pessoa otimista. Tranco a porta depois de tentar cinco vezes fechá-la com a ponta do meu colar. Não tenho culpa se uma flecha, parece com uma chave.
Abro a porta do carro e me sento tomando mais um gole da garrafa. O motorista ia vindo me cumprimentar com um beijo na bochecha, mas eu o paro.
"Espera." Estico minha mão no seu peito. "É Gustavo, ou Olavo?" Pergunto séria.
O carro explode em risadas e eu percebo que tem mais do que o Gustavo/Olavo aqui. Meu amigo apenas ri e diz:
"Essa é a atinga Eva que todos conhecemos e amamos." Dá dois tapas na minha perna com empolgação, fico brava. Quem ele pensa que é?
Antes que eu possa reclamar, uma menina que não sou capaz de reconhecer começa a conversar comigo.
"Eva." Procura alguma coisa no seu celular. "Você viu isso?" E vira o celular pra mim, uma foto do Christoffer beijando uma menina loira brilha na tela. Meu coração erra uma batida.
"Quem é esse?" Pergunto fingindo e todos riem novamente, devem estar tão bêbados quanto eu. Mas eu sei bem quem é essa pessoa, Christoffer Schistad, um criminoso, o menino que eu sou apaixonada, ou melhor, o menino em que eu pensava ser apaixonada.
Levo a garrafa a boca, a fim de esquecer, ou pelo menos tentar.
YOU ARE READING
Dependency • Chris and Eva
Fanfiction🏅 1º #skam (10/09/2020) "I will never fall for you, I swear to God" "Sure" Copyright, 2017 Searchles, Inc.
031||Issues
Start from the beginning
