Na televisão passava o canal de Investigação Discovery. Depois de comer e beber a Pepsi, Noah se ofereceu para lavar a louça enquanto Allie secava, argumentando que não sabia o lugar das coisas. Assim, o tempo foi passando sem que eles notassem.

      Enquanto um lava e o outro secava, ele falava sobre algumas caçadas que deram errado e outras onde Noah e o irmão tiveram que lidar com um brincalhão. Uma espécie de Deus Nórdico que gostava de pregar peças com Aliens e novelas mexicanas. Rindo e jogando conversa fora, eles acabaram e se sentaram a mesa, comendo cada um, um pudim que Allie tinha na geladeira.

      Umas três horas depois de Noah ter chegado, eles ficaram sem assunto. O clima ficou estranho. Allie sentia vontade de beija-lo e ele o mesmo. Mas alguma coisa impedia os dois de dar o passo. Por fim, a detetive ofereceu uma carona para ele, uma vez que estava tarde e esse tinha vindo de táxi. Ele aceitou e Allie o deixou em casa. Antes de sair do carro, Noah disse:

- Obrigado pelo jantar e pela companhia detetive. Foi ótimo conhecer você melhor, Allie. - Sorriu e desceu do carro, acenando antes de entrar no hotel barato que estava dormindo há cerca de um mês.


       Allie chegou em casa, sentindo seu coração pulsando mais forte. Que sentimento estranho era aquele afinal? Desceu do carro, entrando em casa e trancando a porta da entrada. Sua casa era pequena mais agradável. Tinha dois quartos, uma sala grande e a cozinha.

       Mas Allie preferia ficar no sofá da cozinha, onde via televisão. A sala tinha prateleiras e prateleiras de livros. Tinha outras tantas de arquivos de casos policiais e algumas caixas arrumadas. Além de dois sofás e uma poltrona. Uma mesa no centro e um abajur ao lado.

      Desligo as luzes e foi para o quarto. Arrumando a cama foi que notou que ela estava de pijama. Sentiu vergonha por ter passado a noite toda de pijama com Noah ali. Mas é que ele a distraiu, fazendo ela esquecer de trocar-se de roupa. Pegou o celular na bolsa e deitou-se, apagando a luz do quarto. Ligou ao pai, matando um pouco da saudade.


- Oi pai. Tudo bem com o senhor? - Perguntava ela, aliviada por ter sido ele a atender.

- Olá querida. Tudo tranquilo e você?

- Estou bem.

- Como vai o trabalho? Tem comido direito? Tudo bem por ai?

- Sim, sim. Está tudo bem. - Falou ela animada, não sabia porquê.

- Está feliz. Fico feliz por saber que você está bem filha. Posso saber a razão dessa voz animada? Acho que não sou eu... - Brincou ele, Felix conhecia a filha muito bem. Sabia como ela estava ao ouvir sua voz.

- Nada pai. Apenas tive uma boa noite. - Falou ela sem jeito, se aconchegando nas cobertas.

- Tudo bem então. Quando quiser falar sobre ele, ou ela, eu estou aqui. - Disse ele, plantando um verde para colher maduro.

- Ele. - Entregou o jogo, se arrependendo em seguida.

- Eu já sabia. Trabalha com você? - Perguntou ele curioso.

- Mais ou menos. Só por um tempo. - Falou ficando desanimada, lembrando que um dia em breve ele voltaria para Detroit ou sabe-se lá onde ele morava.

- Bem filha, a vida é longa, mas você tem que ir atrás da sua felicidade. Só digo isso. - Falou Felix, diminuindo a empolgação, porque Dolores, sua esposa acabava de entrar no quarto.

- Boa noite pai. Obrigado pelas palavras.

- Boa noite querida.

- Tchau, fique bem pai. - Falou ela, esperando ele desligar a chamada.

- Você também filha. Beijos. - Felix desligou a chamada.


        Allie deixou o celular no som alto, ao lado da cama e se arrumou confortável nas cobertas. Adormeceu pouco depois. Noah já dormia e sonhava com ela, algo sobre eles tomarem café comemorando por terem resolvido um caso. Já seu irmão estava mais distante, no hotel Le' Vintage. Oliver e Morgana dormiam entrelaçados, nus e suados. Enquanto isso, em Cannon, Dolores Humbridget reclamava com o marido e pai de sua única filha.

- Porque ela não falou comigo? - Perguntava a mulher, emburrada.

- Ela estava com presa e cansada. Mas te mandou um abraço. - Disse ele, antes de adormecer.

- Ha! Até parece que vou acreditar. - Resmungou ela, ainda acordada.

      Percebeu que o marido já dormia. Ela arrumou-se na cama, virando de costas para ele. Dolores cedeu ao choro que vinha reprimindo há dias. Chorando baixinho ela lamentava não ter tanta presença na vida da filha. Lamentava ser uma pessoa tão horrível, mas também não daria o braço a torcer.

       Contudo, ainda rezava por Allie todas as noites. Pedindo que ela fique bem em Chicago e nada de mal aconteça com ela, principalmente que ela a perdoa-se um dia. Dormiu assim, chorando e pensando na filha. 

Vamp: O INÍCIO  - Livro 1Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon