- Eu preciso parar com isso... - Sussurrei ainda sentada.

- Parar com o quê?! - Ouvi a voz de Anderson vindo da porta, o que me fez dar um salto pelo susto, levando a mão ao peito.

- Que susto!

- Tá tudo bem, Paola?! - Ele perguntou vindo até mim com dificuldades devido a perna ainda engessada e se sentando ao meu lado. - O que "tá" acontecendo?!

Levantei-me, desviando do braço que ele tentou colocar em volta dos meus ombros. Não queria que ele tivesse tanta intimidade comigo para não confundir as coisas. Acho que ele percebeu logo, pois abaixou a vista na hora.

- Só estou cansada, preciso parar para descansar um pouco. - Falei tentando passar certeza, pois não queria ele me encurralando por causa de desconfianças.

Anderson me olhou por um tempo e suspirou. - Entendi. - Sorriu. - Fiz o jantar. - Falou me fazendo arrepiar, ele na cozinha é um desastre.

- Meu pai! - Levei a mão a boca, já imaginando o desastre.

- Ei... calma! - Ele falou sorrindo – Eu consigo fazer uma macarronada boa e arrumei tudo também, não vai precisar se preocupar com nada. - Disse alargando o sorriso.

Olhei para ele com cara de quem não estava acreditando nem um pouco, afinal, ele sempre foi preguiçoso e as poucas vezes que tentou fazer algo para mim, deixou a cozinha inabitável.

- Poxa, Paola! "Me dá" um voto de confiança. - Falou me olhando com cara de desânimo.

Diante da postura de Anderson, respirei fundo e resolvi não falar mais nada. Caso ele tenha feito mesmo, ótimo, assim não preciso me acabar na cozinha depois de um dia esgotador. "Só espero que ele não tenha colocado a cozinha a baixo." foi o único que consegui pensar.

Peguei minhas coisas e fui tomar banho. Precisava relaxar, mas não estava conseguindo, pois, durante todo o tempo me vinha a cabeça a imagem de Fernanda me mandando embora da sala dela. Ela estava dura, como se eu tivesse cometido uma heresia ao perguntar o que eu perguntei.

Esta foi uma noite atípica para mim. Felizmente, ao pisar na cozinha, vi que Anderson tinha, realmente, deixado tudo ajeitado, o que me aliviou um pouco. Jantei, lavei a louça que havia sujado, dei os remédios de Anderson, coloquei meu pequeno para dormir, me esquivei do meu ex querendo que eu dormisse na cama com ele – até parece – e fui para o sofá, me deitar.

Mas, quem disse que consegui adormecer? Apesar do cansaço, minha mente viajava sempre para Fernanda, como se eu sentisse falta de algo. Eu estava ansiosa, inquieta mesmo e me virei muito tentando achar uma posição confortável para dormir, mas não conseguia e isso já estava me deixando nervosa.

- Mas que merda! - Sussurrei olhando para o teto. - Por que não consigo parar de pensar nela?!

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Meu final de semana está uma verdadeira droga. Fiquei, na sexta-feira, até quase meia-noite na empresa, bebendo e tentando concatenar minhas ideias, mas só conseguia pensar em Paola, no que ela havia me perguntado e na necessidade que tinha em dar um fora nela, mas, só em pensar em não beijá-la mais, não ter seu corpo para mim, me sinto enlouquecer.

Passei meu sábado mergulhada no trabalho, tentando ocupar minha mente com alguma coisa para não pensar em nada relacionado a minha amante e funcionária, mas estava difícil.

No fim do dia, como se fosse uma praga, Cláudio me ligou me convidando para a festa de aniversário de Larissa, sua secretária. Segundo ele, Larissa havia o chamado para ir com sua noiva, porém Rafaela está viajando em um congresso de medicina e não poderia ir com ele. Sem graça, ele me chamou para ser sua companhia.

Sombras do Desejo (Romance Lésbico)Where stories live. Discover now