Confesso que esse pequeno momento de distração, com Paola me fazendo relaxar com essa brincadeira e a massagem, me fez bem. Eu estava com ela presa em meus braços, morrendo de rir enquanto eu a "atacava" com uma sessão de cócegas e ela tentava se soltar. Estávamos indo bem em nosso momento de divertimento, quando a porta se abriu repentinamente, nos pegando, literalmente, no pulo.

Cláudio entrou nos flagrando e a cena foi, olhando de fora, hilária. Paola deu um pulo, ficando de pé ao meu lado, com os olhos arregalados. Cláudio, ainda segurando a maçaneta, nos olhou com a boca aberta e eu, bem, eu sou ou muito cara de pau, ou muito despreocupada, pois só o olhei sem mudar minha postura.

- Desculpa... é... volto depois?! - Cláudio falou sem graça, me olhando como perguntando 'o que quê eu faço?'

Sorri diante da situação. - Entra Cláudio. O que quer falar comigo?! - Perguntei como se nada.

Cláudio ainda ficou de pé, nos olhando sem nada dizer, como analisando a situação, enquanto Paola permanecia de pé ao meu lado, meio que perdida naquele cenário.

- Anda logo, Cláudio! - Falei me ajeitando na cadeira. - Ainda tenho que analisar esses documentos. - Apontei na minha mesa o monte de papéis.

- Eu vou para minha mesa... - Paola, até que em fim, se pronunciou, indo em direção à porta. - Com licença. - Saiu fechando a porta e nos deixando sozinhos.

Respirei fundo e olhei para Cláudio, já esperava a sabatina, afinal, não havia contado para ele sobre minha "amizade" com Paola, que, apesar de linda, era minha secretária. Ficamos um tempo nos olhando, até que ele se mexeu.

- Quando?!... - Começou a falar, puxando a cadeira apressadamente e se sentando de frente para mim.

- Não começa, Cláudio. - Cortei-o, mas sabia que seria impossível controlá-lo, afinal, ele havia nos pegado em um momento bem íntimo e descontraído.

- Nãoooo... - Falou apressadamente. - Você me deve isso...

- Devo?!

- Claro! - Falou indignado. - Ela é sua secretária e vocês estavam em um momento bem levinho aqui. - Disse fazendo sinais com as mãos, algo que não entendi nem um pouco. - Vai! Desembucha!

- O que você quer saber, Cláudio?! - Respondi inspirando. - Estamos num casinho. - Falei displicente.

- Casinho?! - Cláudio falou entrecerrando os olhos. - Fernanda, eu não te vejo brincando assim com nenhumas das suas peguetes. - Apontou para mim.

- Como não?! - Perguntei o encarando.

Meu amigo e sócio rodou os olhos. - Fala sério, Fernanda! - Encarrou-me. - Você nem gosta que elas passem na calçada quando você está.

- Para Cláudio! Quem vê pensa que sou uma daquelas mulheres que só querem alguém para trepar, eu faço amizades de verdade com algumas garotas com quem saio. - Falei tentando desprender importância sobre a situação, o fazendo me encarar mais ainda.

- Sério?! - Perguntou debochado, me fazendo perder a paciência. "Eu estava tão leve e agora ele me estraga novamente."

- Vai dizer o que te trouxe até minha sala?! - Falei séria. - Se não vai, pode me deixar trabalhar?!

Acho que meu tom sério serviu, pois ele bufou e se recostou na cadeira, me encarando por alguns minutos. Todos que me conhecem sabem que quando faço essas mudanças bruscas de assunto e começo a agir de maneira dura, é porque não quero entrar numa discussão, pois seria para isso que o assunto se direcionava.

Sombras do Desejo (Romance Lésbico)Where stories live. Discover now