Capítulo 4

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Entro em casa e tudo está em silencio. Estranho, a essa hora todos estão aqui já. Vou até a cozinha, tomo um copo de água –minha boca estava seca desde que sai do colégio –coloco o copo na pia para lavar depois e vou até a sala.

Quase tenho um infarto ao ver meu pai, minha mãe e inclusive Max sentados no grande sofá branco.

Os três me encaram com seriedade e Max balança a cabeça continuamente. O que deu na minha família hoje.

-Que bom que chegou, filha. –Minha mãe diz com alegria disfarçada.

-Hum... sim... o transito estava rápido hoje. –Olho para os três. Inexplicavelmente estou nervosa.

-Sim... a essa hora quase não tem carros e... –Ela continua jogando conversa fora, mas meu pai se levanta de repente e a interrompe.

-Você está castigada!

-CRIS!

Agora sim eu não entendo nada mesmo.

-Será que vocês podem me explicar o que está acontecendo? Porque eu meio que estou perdida aqui.

Sento no outro sofá vazio e cruzo as pernas na posição de buda, em cima da almofada fofinha.

-Acontece Mel, que sua diretora nos ligou a alguns minutos e nos comentou tudo o que ocorreu hoje. Como assim você quase bateu em um garoto?

O rosto do meu pai está vermelho, o que indica que ele está nervoso. Até eu ficaria nervosa comigo se soubesse o que eu fiz.

-S-sim.... Eu não vou inventar uma desculpa, pai. Eu realmente sinto muito pelo que aconteceu, porém não me arrependo. O Ariel –minha mãe me olha desconfiada, ela lembrou do nome, droga! –é uma pessoa que gosta de maltratar outras pessoas, o típico valentão e quando eu quis bater nele, foi porque ele estava dizendo coisas sobre o meu grupo e sobre os gays e....

-Mel...

-E ele é tão odioso argh, parece que sua missão na terra é me provocar...

-Mel! Okay. Já entendemos. Nós sabemos como você é protetora com o seu grupo e com os mais vulneráveis, mas isso não indica que você pode fazer o mesmo que os valentões fazem, meu bem. –Minha mãe diz em sua voz tranquila, dando um discurso muito parecido com o da diretora. Ótimo. Agora eu virei uma valentona.

Arrisco uma olhadela para Max e ele nega com a cabeça. Droga de menino maduro para a sua idade!

-Então vamos fazer o seguinte, você vai ficar de castigo, por uma semana e vai ter que tratar bem o garoto que atacou, ah e pedir desculpas a ele também. –Esfrego as mãos no meu rosto, quando eu pensava que estava no fundo do poço, eu caí ainda mais baixo. Pedir desculpas a Ariel? Foi ele quem começou tudo!

-Tudo bem. –Concordo com a voz baixa. É a minha deixa perfeita para ir para o quarto e maldizer aquele babaca em paz, mas como minha boca não consegue ficar fechada para o meu bem, eu faço uma pergunta um tanto quanto idiota: -E qual vai ser o meu castigo?

-Como assim? –Meu pai me olha confuso. Parabéns, Mel!

-N-nada, eu vou indo para o meu quarto então.

Tento escapar enquanto posso sair ilesa, mas um brilho surge nos olhos de Cristopher Swansen e eu sei que ele está tramando algo. Ai quanta burrice numa pessoa só.

-Muito bem lembrado. Então... seu castigo é....-ele olha para minha mãe buscando alguma ideia, mas ela parece tão perdida quanto ele. –Já sei! Sem televisão....

-Eu nem vejo televisão pai.

-Hum.... Sem carro então. Não, isso está fora de cogitação. -Eles nunca me tirariam o carro. Os dois tem uma preocupação quase obsessiva com a nossa segurança. Alguma vez meus tios me contaram o porquê. Eles foram perseguidos e sofreram um acidente, então não gostam que saiamos em taxi ou ônibus. Quando cumpri dezesseis anos e já podia tirar a carteira, meu pai me deu o carro antigo deles e comprou um novo. Muitas pessoas pensam que somos muito ricos, e até que vivemos bem, mas sempre nos ensinaram o valor da humildade. Principalmente minha mãe. E eu a agradeço muito por isso, porque odeio pessoas mesquinhas -Já sei! Não pode sair com seus amigos durante uma semana.

Melissa - Completo Where stories live. Discover now