Encontrando Walter

62 17 13
                                    


O vento soprava fino naquela manhã, quando dois olhos arregalados se aproximaram da porta, semi aberta. Pernas finas tentaram uma aproximação discreta, em busca de novidades. Tudo parecia calmo naquele quarto. Achou melhor entrar.

Sobre a mesa (alta, com quatro grandes pés torneados), repousava uma velha pistola. Pelo cheiro, era realmente antiga. Talvez fizesse par com a elegante cartola preta, cuidadosamente pendurada na parede. Que cheirava a mofo.

O odor impregnado indicava que alguém havia fumado no quarto. Durante anos. E os desenhos sobre a mesa (chamuscados pelo fumo) só vieram a confirmar isso: alguns rabiscos de cachorros, patos e outros animais, unidos amigavelmente naquela arte sem muita inspiração. Tudo ali parecia velho e antiquado. Sem vida.

Embaixo da cama, uma garrafa de rum exalava um ar alcoólico, que muito agradou seu olfato apurado. Alguns farelos de biscoitos ainda estavam pelo chão, o que trouxe obscena alegria ao seu estômago. Mas a grande surpresa do dia ainda estava por vir: o aroma preencheu o ambiente. Era Roquefort.

Correu para abocanhar a iguaria francesa, mas um estalo e PAF! Acabou preso pelos pés. O estalo seco provocou risos no cômodo ao lado. E uma fala empolgada:

- HÁ! Walter, corre aqui... Consegui pegar o bicho! Esse não escapa mais...

Walter Elias se aproximou, vagarosamente. Puxou uma folha, um lápis e desenhou, por um longo tempo. E continuou desenhando aquele ser, por toda a sua vida.

 E continuou desenhando aquele ser, por toda a sua vida

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.


Encontrando WalterWhere stories live. Discover now