epílogo

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Havia uma fina camada chamuscada sob os pés do homem que uma vez, uma única e assustadora vez, sentira frio. E como as circunstâncias apontavam, a tranquilidade enfim o alcançou pelos olhos verdes e opacos renascidos do adormecer.

Calor jamais seria incômodo para o coração abrasador do rei, que ainda acreditava piamente ser um pedaço rachado do sol. Um pedaço sortudo. A ponta da cortina fina pairava sobre o assoalho leve e clarinho, terrivelmente afetada pelo vento arrebatador. Ali, ele soube que a tão almejada felicidade nunca foi um destino.

Honestamente, ela conseguia ficar distante de requintes ou palavras pintadas à ouro e poder absoluto.

Ele achava que encontraria a felicidade e, quando refletiu um pouco sobre aquilo, ele estava vivendo ela. O amor entre o fogo e os gélidos era, finalmente, algo lícito.

E haviam (sempre haveriam, lembrem-se disso) aqueles que olhavam torto para a nova cláusula, mas a grande maioria abraçou aquilo como se apenas fosse natural e algo que há tempos deveria ter sido concretizado.

Drásticas e belas mudanças foram implantadas. Algumas duras e meio dolorosas, mas todas de uma vez só porque era o que deveria ser feito antes que o Príncipe Edward pudesse assumir o trono com a devida segurança.

William, por sua vez, renunciou, mas Lótus o fez prometer, pelas jóias de sua coroa, que retornaria sempre que encontrasse uma abertura entre um momento de euforia e outro. Os ignisenses festejaram por sete dias e sete noites quando seu irmão anunciou que lideraria o reino chamuscado.

Ouch.

Louis só ouviu os não-tão-boatos correndo por todo lugar. Caeli, Nix e então a notícia estava plantada no solo de Cultum junto à horta que eles tinham agora. Não foi tão ruim quanto ele achava que seria.

Ele incrivelmente estava concentrado demais em amar a ideia de Harry redigir os convites de casamento com a letrinha redonda e pomposa, mas ele era tão teimoso e não aceitava ajuda de ninguém. Nunca.

Nos últimos meses, eles partilharam uma dádiva e algumas várias noites em claro. Seu garoto foi ciumento no primeiro mês de amamentação, mas ele quase podia sentir em seu lugar e não era nada suave não poder amamentar os filhos. No entanto, era ele quem agradecia uma dúzia de vezes para a moça que Niall aceitou fazer aquilo.

Ele chorava, enquanto tudo o que ele fazia era afagar os cachos macios: — Não é justo. Eu queria conseguir fazer isso, Vênus.

— Eu sei que sim, querido. Mas eles ainda são nossos, você ainda é o favorito deles. Eu prometo.

— De verdade?

— De verdade.

E ele se enroscava em Louis com aquelas pernas esguias e olhava para os bebês dentro de um berçário, pertinho da cama. Eles ainda não vivenciaram o luxo que seria dentro do palácio e Louis não sabia se estava preparado para vê-los num quarto diferente, tendo pessoas para limpá-los e vesti-los em cetins claros como neve.

Deuses, aquele lugar era como o paraíso. O Príncipe ainda usava vestidos longos, tinha cheiro de liberdade espiritual e era o mais insolente que conseguia ser. E, bem, ele não queria parecer um bobo apaixonado nem nada, mas era exatamente aquilo que era, então por quê manter para si?

Vamos iniciar por Júpiter, sim?

Porque este, segundo o garoto de cachos enormes, deveria ser o primeiro na ordem de chamada pois foi o segundo a vir ao mundo e talvez se sentisse um pouco tristonho por tal motivo. Ele era como uma bolinha barulhenta, de grandes olhos azuis e uma marca de nascença no pulso.

Parecia muito a silhueta de um cisne, Louis jurava que sim.

E ele tinha um nariz bonito e arrebitado, vez ou outra espirrava e era como pequeno dragão soprando fogo e tendo todos se apaixonando. Des, antes de regressar, o segurou no colo e disse que ele era exatamente como Harry. Merc também era, eles eram iguaizinhos.

Embora Júpiter não fosse muito bom em quietude e sempre era uma tarefa árdua colocá-lo para dormir à noite.

Diferente de Mercúrio. Ele costumava ser tão silencioso quanto no dia em que nasceu, com bochechas coradas e uma mania adorável de segurar seu polegar com força. Tentou apertar o nariz pequeno dele uma vez, mas o Príncipe gelado foi rápido em repreender.

Eles eram, os três, a força, a vida e toda a luz que abastecia William.

Logo, a resposta mais lúcida foi um grande sim para o pedido de Harry em ter tantos filhos quanto o os astros no sistema solar. Sim, ele queria muito. Eles definitivamente teriam Urano e, depois, Saturno com sobrancelhas esbranquiçadas e cuspindo bolas de neve.

Eles fariam tudo isso.

E seriam felizes dentro da própria eternidade.

Fim.

🌷

N/A:

Eu amei escrever LOM! E eu posso ou não posso até ter cometido alguns avanços, deixado perguntas rondando no espaço, mudado de ideia uma centena de vezes, ter trinta finais alternativos e, ainda sim, eu tenho um carinho bem especial por esse.

Obrigada. Vocês foram um mar de gentileza me incentivando com algumas palavras. Obrigada. Obrigada. Obrigada. Esse plot foi o mais fora da área de conforto que já tentei e fico muito feliz em ter recebido um retorno tão bom. Nos votos, comentários, mural. Muito bom mesmo!

Não vou parar de escrever, eu tenho outro projeto h&l e eu to bem animada com ele. Nada de fogo ou gelo, é algo mais como suor e pele.

Nosso Louis não é um Rei, mas ele é um professor substituto bem ansioso. Harry não é um Príncipe insolente, mas ele é capitão do time de futebol. Sintam-se convidados, está no meu perfil.

Uma última vez: OBRIGADA.

light of mine • mpregOnde as histórias ganham vida. Descobre agora