14º Capítulo: My Hero.

Start from the beginning
                                    

Ela sorriu e vi lágrimas se formarem em seus olhos. A abracei na mesma hora, ficamos assim por uns minutos até que ela se afastou:

- Não sei se posso prometer o mesmo para você Jamie, não quero te magoar, o que preciso é ir pra casa e pensar o que farei com a minha vida. Só te peço paciência, só isso.

- Claro, sem problemas, estarei aqui e tenho certeza que Murtagh não me deixará fugir.

Ela riu e se levantou da cadeira. Me deu um beijo no rosto e saiu.

POV Claire

Fui o caminho todo pra casa pensando em tudo o que tinha acontecido. Como minha vida pôde virar de ponta cabeça em poucas horas? Não seja tola Claire, sua vida já havia mudado muito tempo antes, você só foi cega por não ver. Quem eu queria enganar? Meu casamento não era feliz, achei que era tudo normal, que era assim mesmo depois de casar, a paixão diminui, a rotina toma conta da gente, normal. Mas não era normal, não num casamento feliz.

E como só pude notar isso tudo quando conheci Jamie? Simples, porque ele era tudo o que Frank não era. Ele me dava atenção, queria saber sobre minha vida, o que gostava de fazer, meus interesses e o melhor de tudo, me dava carinho. Não estou falando dos beijos que trocamos, mas de me tratar como toda mulher deveria ser tratada, com respeito e atenção. Mas o que faria da minha vida agora? Largaria Frank e correria para os braços de Jamie?

Não era tão simples assim, pelo menos não pra mim. E ainda tinha toda essa confusão das personalidades de Jamie, afinal, qual delas que gostava de mim? Ele fez questão de afirmar que eram a mesma pessoa, mas isso tudo era muito complexo, ele algum dia voltaria ao normal? Não posso negar que gostava de ambas, tanto Jamie quanto Alexander tinham seu charme. O que você está pensando? Isso é muito pra mim agora, antes de decidir o que fazer com Jamie e seu alter ego maluco, tinha que resolver a minha vida.

Cheguei em casa e claro que estava sozinha. Sabia que Frank iria direto para o trabalho, não iria ficar se martirizando triste em casa, provavelmente bateu em alguém no caminho. Nunca imaginei que ele poderia ser daquele jeito, tão grosso e violento. Ainda me assustava só de lembrar. Fiquei um tempo parada no meio da sala pensando no que faria e sem que percebesse, comecei a andar em direção do escritório de Frank.

Lá era um território desconhecido para mim, nunca entrava e também nunca me interessava saber o que ele fazia. É, realmente nosso casamento tinha muito problemas. Entrei e logo me sentei em sua mesa. Ela era grande, de madeira, lembro quando Frank comprou de uma loja de antiguidades, ficou muito empolgado me contando toda a história por trás desse simples móvel.

Ela era grande, mas estava coberta por papeis, eram provas e trabalhos de alunos da Universidade, tinham algumas anotações dele também, é, realmente organização não era seu forte. Sempre briguei que ele devia ter um computador em casa para organizar tudo, mas ele afirmava que só o computador da Universidade já bastava. Nunca fui uma pessoa muito curiosa, principalmente quando se tratava de mexer em coisas de pessoas que eu gostava, sempre confiei muito em Frank e não via motivo em vasculhar suas papeladas à procura de algo, mas alguma coisa estava atraindo minha atenção aquele dia.

As gavetas da mesa pareciam estar cheias e uma estava semiaberta com vários papeis presos. Com um pouco de dificuldade consegui abrir uma e uns montes de bilhetes saltaram em minha mão. Fiquei parada pensando no que faria, não poderia invadir sua privacidade e ler, ou poderia? Não Claire, você não é assim, pare com essa bobeira! Mas algo me chamou atenção, em uma folha tinha uma marca de batom.

Sem pensar duas vezes peguei todos os bilhetes e comecei a ler. Cada linha que lia, minha boca se abrir mais, tinha sorte de estar sentada senão minhas pernas não dariam conta de permanecerem em pé. Eram vários bilhetes de alunas, uns tinham simples declarações de amor, mas outros estavam elogiando a noite que passaram juntos, a virilidade do meu marido e muito mais. Alguns tinham números de telefone e datavam de anos atrás. Como pude ser tão ingênua? Tão tola em achar que todo o tempo que ele passava na Universidade era em projetos com os alunos, bem, eram projetos né, mas não os do currículo escolar!

Como ele tinha o direito de fazer aquele escândalo a me ver beijando Jamie, quando ele me traiu aparentemente com metade da Universidade! Sei que não podia pensar dessa maneira, só porque era traída, não teria problema trair também. Mas a diferença é que não o trai por puro capricho, por um desejo e nada mais. Agora, mais do que nunca, sabia que o que sentia por Jamie era real e era algo que nunca havia sentido por Frank, pelo menos não naquela intensidade.

Peguei todos os bilhetes e fui para a sala, poderia ficar ali cinco horas esperando ele chegar, mas não iria desistir, ele iria escutar. E como imaginei, ele só voltou para casa depois de escurecer. Como sempre entrou e foi para o sagrado escritório, vai ver tinha mais bilhetes para guardar. Quando ele retornou para a sala, não esperei ele falar algo:

- Sempre achei romântico você gostar de escrever bilhetes invés de mandar mensagens no celular, mas acho que pode ser uma desvantagem quando está traindo sua esposa, esconder isso no celular seria bem mais fácil! – falei de um jeito tão calmo que até me surpreendi. Apenas joguei todos os bilhetes em sua cara.

- Claire, não acredito que esteja levando isso a sério, são apenas bilhetes de alunas que acham que estão apaixonadas por mim.

- Ah claro! Elas podem achar mesmo, mas você não precisava corresponder esse sentimento, que segundo a Laoghaire foi a melhor noite que teve, ela ainda fez questão de descrever tudo o que você fez com ela, aliás, coisas que você nunca fez comigo, fiquei até admirada pelo seu desempenho! – falei ainda tentando manter a calma, mas meu maxilar já estava doendo de tanto que apertava.

- Você sabe como meninas dessa idade podem ter uma imaginação fértil, e achei que você não era uma mulher que vasculhava as coisas do marido!

- Frank, pare de me tratar como uma idiota! Eu sei que você me traiu com metade de suas alunas! E não só desse ano, mas de todos desde que a gente se casou!

- E quem é você para falar de traição? Estava lá aos beijos com aquele escocês e se eu não atrapalhasse o que mais faria?

- Eu posso não ser uma boa pessoa por ter feito isso, não me orgulho, mas sei que sou uma pessoa bem melhor que você, pois com Jamie foram só alguns beijos e mesmo assim ainda me sentia mal por você, tentava reprimir o que sentia por ele porque achei que você não merecia ser tratado assim, mas você nunca se preocupou comigo, eu era só um troféu para você exibir aos outros professores enquanto traçava todas as alunas que via pela frente, não se importando nem com elas e muito menos comigo! Você é um canalha e isso Frank, eu nunca fui e muito menos o Jamie, você não é metade do homem que ele é!

- Ah, então é isso? Está apaixonadinha por aquele cientista ruivo? É isso? – ele riu ironicamente, o que só fez subir ainda mais meu sangue.

- Não interessa pra você o que eu sinto em relação a ele, o que interessa é que não quero você mais aqui nessa casa e muito menos na minha vida!

- Você não vai se livrar de mim assim tão fácil Claire! – ele falou indo em minha direção.

Eu assustei e dei um passo para trás, caindo no chão. Na mesma hora escutei a porta da frente se abrir num estrondo. Era Jamie. O que ele estava fazendo aqui? Mas antes que pudesse perguntar, ele correu e pegou Frank pelo colarinho:

- Você a ouviu, saia dessa casa, agora! – ele gritava com o sotaque escocês mais forte que nunca.

Por incrível que pareça Frank obedeceu e começou a andar em direção a porta:

- Isso não acabou Claire! Não vai poder se esconder sempre atrás desse escocês! – ele gritou saindo de casa.

Jamie foi ao meu encontro, me levantou e falou:

- Está tudo bem agora, Sassenach.

Dr. Fraser & Mrs. ClaireWhere stories live. Discover now