Graziele nunca teve muito na vida. Desde os onze anos - quando foi expulsa de casa pelos irmãos adotivos - ela teve que lutar para sobreviver nas ruas perigosas de uma cidade lotada, roubando carteiras para conseguir se alimentar e dormindo em burac...
Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
Grazi jogou a bolinha para Zeus, animada, mas ele a olhou inocentemente e lambeu seu rosto.
Aquele cão definitivamente não sabia brincar com nada que não envolvesse ele em cima de uma pessoa, lambendo seu rosto e abanando o rabo peludo.
"Ei, isso não se faz", ela reclamou rindo, esfregando a bochecha com a manga do casaco. "Era só pegar a bolinha." Zeus piscou os olhinhos, como se estivesse pedindo desculpas. Grazi fez carinho atrás de suas orelhas.
O dia estava frio e Graziele bem podia estar em seu trailer, em baixo dos cobertores, mas por algum motivo ela se viu completamente entediada com quaisquer séries ou filmes que Sasha colocava para assistirem. Por isso a garota acabou indo até o picadeiro e fazendo companhia para Zeus.
Ela estava sozinha ali, já que a maior parte das pessoas do circo tinha saído. Era um sábado e, apesar do frio, nenhum jovem era tolo o bastante para perder o dia de folga dos ensaios ficando em casa. Além disso, o Magic Express iria embora da cidade no dia seguinte, depois de três longas semanas ali, então todos queriam passear e aproveitar um pouco mais a cidade.
As últimas semanas tinham passado sem que Grazi percebesse. Os ensaios, os espetáculos, tudo isso foi incrível, mas ela mal viu passar. Os dias eram praticamente os mesmos: acordar, tomar um belo café da manhã, às vezes dar uma volta por aí, ensaiar a tarde inteira e, à noite, executar uma bela apresentação. Não que ela estivesse reclamando, na verdade amava tudo aquilo, amava como nunca havia amado coisa alguma.
Nos últimos tempos ela também mal falara com Victor. Não que isso fosse algo que a incomodasse, é claro.
Bom, na verdade incomodava. Um pouquinho.
A cada dia que passava Victor parecia mais nervoso e irritável, e todos pareciam entender aquilo e lhe dar o devido espaço. Mas Graziele não fazia ideia do que estava acontecendo.
Ela ainda estava meio ressentida pela noite em que viu Victor entrar em seu trailer com a loura desconhecida, mas logo percebeu que, em praticamente todas as noites de espetáculo, ele levava uma mulher diferente para casa. É claro que o pessoal do circo não opinava, aliás, Victor já era um homem e podia fazer o que bem entendesse de sua vida. Graziele também não deveria se importar ou se sentir mal, mas se sentia. Mesmo sem querer.
