Axi Nephar - O Livro Infesto

Órbs-structreóns

Um Brilho enfraquecido surgiu em meio a uma escuridão profunda, tão negra que propiciara grande temor. Uma cintilância composta de um azul intenso e fragmentos de roxo fabulosos, então, acumulando-se em uma energia extrema, explodiu! De sua cólera originou-se um pequeno mundo naquela imensidão que não estava mais vazia.

No interior dessa esfera, nenhuma estrutura se formou a princípio, somente um sucinto embrião, e dele teria origem todas as futuras coisas que serão conhecidas por todas as outras que ainda não existem.

Contudo, o frágil feto do ventre do mundo, após incontáveis anos, desenvolveu um cérebro, dele foram gerados os pensamentos iniciais do globo. Em sua primeira concepção, imaginou como seria o ambiente em seu entorno, era gélido, desta forma creu que toda a paisagem fosse composta por gelo, assim se fez. Uma vez que não existia nada que lhe protegesse de tal frio, cogitou, mesmo que bem distante, uma enorme orbe de chama eterna. Então foram gerados gelo e fogo, respectivamente.

Conforme o tempo se alongava, ia amadurecendo, elaborando situações que tomavam estrutura. Desejava tocar o gelo, assim, fizeram-se braços e mãos. Sonhava em marchar pelo mundo, desta maneira, pernas e pés cresceram em seu corpo. Após, refletiu em admirar, logo se formaram olhos, quando fitou o que havia formulado em pensamento, adquiriu o conhecimento.

Axioma, nomeou-se, uma vez que não possuía nome. Caminhou sobre o gelo e o mesmo era seu firmamento, todavia, lhe doía os pés. O gelo derretia vagarosamente em pontos específicos, formando pequenos lagos e algumas poças d'água. Aproximou-se de um desses breves buracos e lançou nele um olhar tão penetrante que tudo ao redor pareceu turvo de tanta concentração que ali depositara. Analisou seu reflexo naquele líquido imóvel, mais parecia um espelho; teve um leve receio em senti-la, mas agitado de tamanha curiosidade, levou sua mão até a poça, e com a falange de seu indicador, tocou-a, assustou-se, entretanto, percebera que não o fizera mal algum, mirou novamente para a água, agora repleta de distorções, sem pensar demais, lançou nela sua face, permaneceu submerso por um breve instante, emergiu com aflição, tendo em vista que não conseguia respirar e desta maneira passou a compreender o oxigênio.

Noites não existiam, havia somente um céu pálido que refletia o azul esbranquiçado de todo aquele gelo acumulado. No dia um, o Primeiro teve tremenda fatiga e desmaiou, não compreendia que o corpo necessitava de repouso; em seu primeiro sono depois da percepção mundo, sonhou com um gelo tão afastado quanto a esfera flamejante que jazia no céu carrara, e num momento supôs que caso girassem em volta do globo, num período seria claro; noutro escuro. Consoante ao disposto, o solo passou a se desfazer de forma generalizada em todo o planeta, contudo, as grandes montanhas do gelo primordial não aparentaram derretimento notório, mas estavam sim se dissolvendo, e delas surgiriam as nascentes dos rios. Entretanto, o Filho do Mundo logo se alarmou, recordou-se de que não conseguiria viver submerso, e sonhou com terra, junto dela as montanhas e plantas, árvores e riachos passeando por entre as mesmas.

Após despertar, notou que estava escuro, era noite, para sua surpresa existia vento, não o entendia, porém, suspeitava que tivesse origem na rotação do Gelo e do Fogo do céu. Captava os sons das folhas das árvores e arbustos, ouvia também um riacho correndo lentamente a alguns metros. Deu seus primeiros passos no solo pubescente e teve uma sensibilidade diferenciada, era extremamente prazeroso, a terra fofa sob seus pés era reconfortante, não sofria mais com as queimaduras frias. Andou, até que amanhecesse, viu surgir o Fogo do céu e se encantou pela aurora, cuja, era verdadeiramente digna de admiração, maravilhou-se com o verde vívido da grama e das moitas.Ao chegar a um local onde as grandes árvores formavam uma espécie de círculo, olhou para as copas e observou as folhas dançando lentamente, lançando sobre todo seu corpo breves feixes de luz enfraquecida que o aqueciam. E nesse exato momento que Axioma obteve o discernimento da vida.