Prólogo

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ATUALMENTE

Me olho no espelho pela última vez e finalmente me sinto bonita. A roupa que havia escolhido combinava perfeitamente com a ocasião. 1 ano de namoro.

Saio do meu quarto e vou à sala, onde encontro meus pais e o meu grande amor.

Ele estava magnífico. A jaqueta de couro escura destaca os seus músculos e a calça jeans deixava-o mais jovem. Andei até ele e lhe dei um beijo na bochecha.

—Vamos? - Pergunto olhando fixamente para ele e ele apenas assentiu.

Me despeço dos meus pais e como sempre eles disseram a frase que eu escuto todos os dias. "Marjorie, cuidado"

Eu odiava essa frase infinitamente, me fazia parecer uma criança. Tinha agora 18 anos, eu, definitivamente, não era mais criança.

Saimos da minha casa de mão dadas, eu andava devagar e ele apenas me acompanhava. Passamos pelo imenso jardim que tinha em frente à minha casa, a paixão da minha mãe, e fomos na direção do seu carro que estava estacionado ao lado do imenso portão de ferro.

Ele destrava o carro, abre a porta do carro para mim e me ajuda a entrar. Fecha a minha porta e entra logo em seguida no lugar do motorista.

Vamos ao restaurante ao som de Celine Dion.

Every night in my dreams I see you, I feel you. That is how I know you go on. Far across the distance. And spaces between us. You have come to show you, go on - Eu cantarolava olhando-o fixamente.

Near, far, wherever you are. I believe that the heart does go on. Once more, you open the door. And you're here in my heart. And my heart will go on and on - Ele cantava desviando o olhar da estrada por alguns segundos para me olhar - Eu amo você, Jo.

—Eu também te amo.

...

Chegamos no restaurante, e fomos à procura de uma mesa. Achamos uma bem distante das outras e ao lado de um canteiro de flores.
Me sento e observo a configuração da mesa enquanto o meu namorado faz o pedido.

No centro da mesa tinha um vaso de cristal com flores dentro, algo minimalista, coisa que eu adorava.

O pano vermelho vinho da mesa entrava em contraste quando se comparado ao prato branco. Os copos eram grandes cilindros de vidro.

Sou interrompida dos meus pensamentos quando ouço alguém falar comigo.

—Jo?

Levanto o meu olhar e vejo a pessoa que mudou a minha vida me encarando com um sorrisinho divertido no rosto.

—O que foi? - pergunto rindo da situação em que ele me viu "viajando", enquanto encarava uma mesa.

—Nada - Ele dizia ainda com o sorriso preso nos lábios - É... Vai querer frango assado hoje né? É porque eu ja pedi, mas se quiser posso falar para mudarem - Ele falou e em seguida se virou como se fosse chamar o garçom, mas eu puxei a mão dele e no mesmo instante ele voltou o seu olhar à mim.

— Não precisa amor, frango está ótimo.

...

—Amor? - Falo quando a conversa que estávamos tendo acabou - Podemos ir? Estou cansada.

— Claro, Jo. Já era pra você estar em casa - ele diz se culpando enquanto sussurrava irresponsável pra si próprio.

— Tudo bem. Eu amei a noite, então cada minuto aqui com você valeu a pena.

Ele sorri pra mim e vai até o caixa pagar a conta, eu me levanto e vou andando para a entrada para esperar por ele.

Vou andando devagarzinho, mas antes de chegar na porta, eu sinto uma dor absurda na minha perna direita, uma dor como se a minha perna estivesse se quebrando, dor que eu conhecia muito bem. Antes de mais nada eu sinto o chão abaixo da minha barriga.

...

— Qualquer coisa você pode me chamar Sr. Garcia - escuto a voz de alguém que praticamente virou amigo íntimo da minha família, era a voz do meu médico.

Abro os meus olhos e vejo todos ali. Com todos quero dizer apenas os com que eu me importo e os que se importam comigo, no caso os meus três anjos da guarda estavam ali esperando que eu acordasse.

— Minha filha, finalmente acordou! Como está se sentindo? - Minha mãe falou e logo os dois homens estavam me olhando.

— Estou bem, obrigada. Apenas um pouco confusa. Eu não cai em nada, não fiz nenhum movimento brusco. Porque quebrou denovo? - pergunto e todos me olharam com pena, olhar este que eu repugnava com todas as minhas forças.

— Querida, o Dr. Henrique disse que o seu estado está piorando gradativamente, coisa que sabíamos que aconteceria. Então você está no estágio em que alguns de seus ossos podem quebrar-se sozinhos.

Quebrar- se sozinhos? Agora era mais isto? Agora não era mais culpa minha, e sim do meu corpo que decidiu nascer com essa maldita doença?

—A culpa é minha, não devia ter ficado até tarde com você lá - Meu namorado disse com tristeza e culpa na voz.

—Ei, não é culpa sua! A culpa é totalmente e exclusivamente desse maldito corpo que se quebra por qualquer coisa - Falo a última parte com certo ódio.

—Não fale assim, Jo, meu amor... não fala isso denovo. Me fere muito ouvir isso saindo da sua boca. Vamos superar, ok? - Sua voz era suave e calma. Ele estava com a uma das suas mãos sobre a minha e a outra estava tirando uma mecha que caia sobre o meu olho, me dando uma completa visão dos seus olhos azuis como o oceano.

—Não vamos superar, amor. Eu vou morrer!

Todos nós vamos morrer,mas eu estava me referindo à instabilidade em que eu me encontro. Daqui a dois minutos eu posso não estar mais viva.

E ele tinha total consciência disso.

FrágilWhere stories live. Discover now