Provocando Amor - Série Endzone - Livro 4

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— Tchau papai. — diz ao me ver ser levado.

Uma despedida que significa muito mais que aqueles olhinhos brilhantes imaginam. Ela será quase uma idosa quando eu sair de lá, se sair. Tudo que vou perder da vida dela rasga minha alma em um choro audível. Não há compaixão naqueles que me levam, sou largado sozinho dentro de um veículo rumo ao fim. Um grande ponto final de cinquenta anos. Fecho os olhos e vejo o meu pai pedindo que eu cuide da nossa família. Espero que você esteja orgulhoso de mim, papa, porque eu não estou feliz.

As algemas apertam meus braços e minha cabeça dói com todo o choro que derramo, mas ninguém se comove para me acalmar. Ninguém se importa com um cara que só murmura lamúrias em outra língua, lamúrias que são um apelo a minha mama para que cuide da Gwen por mim. Ela é exatamente como você, Helena, proteja-a como não pude ou poderei proteger vocês duas.

Tudo que a minha cabeça traumatizada por essa tarde me permite pensar é na Gwen. Me pergunto se alguém ajudará ela a amarrar os cadarços do tênis, ou se alguém se importará em fazer os biscoitos preferidos dela no Natal. E até quando serão capazes de preservar a crença dela nos seres mágicos; antes deste Natal, se depender da Vivian, eu sei. E, principalmente, se ela lembrará de mim todos os dias. Quando virarei só uma lembrança, e quando serei esquecido.

Penso naquele dia em que a segurei nos meus braços pela primeira vez. Ela era a menor coisa e a mais frágil que tive o prazer de segurar. Foi naquela hora que descobri o que o amor era. E eu soube que não podia desistir da minha menininha.

Só esperava que ela não desistisse de mim.

— Ei garoto, — um guarda armado chama na minha frente — como é saber que é parte da escória da humanidade? — não respondo — É um prazer para o meu povo prender gente do seu povo.

Espera aí.

— Não sou parte e não defendo os atos de guerra alguma. Eu nunca senti nada além de nojo do que o meu país fez naquela época, por isso você não deve acusar qualquer um que falar com sotaque, ao menos que o sotaque seja parte de uma fala que vangloria aquilo. Aí, por favor, leve este para o mesmo lugar que acabei de sair.

Ou para onde vou entrar. Só quando entro lá é que noto quão ruim este lugar é. Caminhar pelos corredores é horrível ao ponto de que eu deseje não ter o dom da audição. Quando entro no lugar onde ficarei, as pessoas me olham com imprudência no olhar. Evito interagir e deito na minha cama, por um milagre sem ser incomodado por ninguém.

— O que você fez para estar aqui? — o único homem de bigode pergunta.

— Menti. — e isso é a maior verdade.

— Não somos um tribunal de júri, garoto. Pode dizer os detalhes.

— É tudo que fiz. Menti. Menti para salvar alguém, dizendo que fiz o que ela fez. Foi tudo.

Ele toca o meu ombro, solidário.

— Todos já tivemos problemas com mulheres, garoto, mas espero que você aprenda que calor algum na cama substitui a liberdade.

Nojo me enche.

— Foi minha irmã. — corrijo.

— Se você diz. Sou o Terry, recomendo que você só fale muito comigo aqui. Os outros não serão educados, ninguém gosta de perder a liberdade.