Capítulo 63

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Jen.

Mãe. Porra é tipo vó.

Eu nunca me liguei muito nisso, sabia que meus avós maternos tinham morrido em uma batida de carro planejada, um crime. Mas avós paternos eu nunca me importei.

Nunca mesmo.

Agora aparece essa mulher dizendo ser mãe do meu pai, nossa avó. Eu não sei o que pensar sobre, só sinto um pouco de raiva por ser ela o motivo do meu pai estar tão abalado.

—Victor eu sei que eu fui a pior mãe... — começa a senhora olhando diretamente para o meu pai que a encara de volta. —Eu sei que você tentou ter uma relação normal de mãe e filho e eu fui covarde demais... Você pode não acreditar mas é importante demais pra mim, você é o meu filho Victor. Meu único filho. Eu sei que fui negligente a sua vida toda e sei que não adianta me desculpar ou pedir perdão, o nosso tempo não vai voltar e eu sempre vou carregar essa culpa em mim e você sempre terá uma mágoa de mim.

Ela abaixa o olhar e limpa as lágrimas respira fundo e continua a falar encarando meu pai.

—Quando você voltou do exército foi o dia mais feliz da minha vida Victor. Eu pensei que ali eu poderia ser uma mãe melhor mas você veio em casa apenas para pegar suas coisas e ir embora. — ela abaixa o olhar e encara as mãos. —Você me pediu para ir embora com você mas eu não fui, e você não sabe o quanto eu me arrependo disso. Eu me arrependo tanto, tanto.

Ela volta a encarar meu pai que ainda não desgrudou os olhos dela, ele chora apoiado no ombro de minha mãe que segura sua mão firmemente e beija seus cabelos vez ou outra.

—Porque não foi embora comigo? — pergunta meu pai em um tom baixo.

O silêncio reinou por vários minutos até Helena continuar a falar.

—Por egoísmo. Eu sabia que se eu fosse embora com você o seu pai não deixaria levarmos um centavo e você sabe que aquela mansão só está de pé por minha causa. Você sabe que era eu com mais condições, por mais que ele fosse ex militar o salário dele nunca chegou perto da fortuna que eu ganhava a cada roupa feita a um famoso. E na minha cabeça, na época, deixar o meu dinheiro para ele era inaceitável.

—Eu precisava de você. Eu estava em pânico, aquele lugar era um inferno, um inferno. Eu precisava do colo de mãe, por mais eu nunca tenha tido isso mas eu precisava. Eu tinha pesadelos todas malditas noites. E eu vivi com isso por muito tempo. Até encontrar Eloah e os pesadelos pararem. — diz meu pai se levantando do sofá.

—Eu não sabia dos pesadelos. — fala Helena completamente quebrada por dentro.

—Como saberia? O seu dinheiro sempre foi mais importante. — diz meu pai com um desdém absurdo.

Olho para Jasmine e ela está agarrada a Felipe vidrada em toda a situação. Minha mãe se mantém alerta a cada palavra de Helena e presta atenção nas atitudes de meu pai. Valentina está com a cabeça apoiada no sofá e dorme tranquilamente.

Sorrio de lado e balanço a cabeça em negativa.

Valentina, Valentina...

—Não demorei muito para perceber que você sempre foi mais importante, semanas depois de você ter ido embora eu estava arrumando tudo para ir atrás de você. Mas o seu pai pegou todo e qualquer tipo de documento e dinheiro meu. Eu não podia sair nem de casa sozinha. Vários compromissos meus foram sendo cancelados aos poucos até que eu não tinha cliente nenhum para fazer roupas. Eu, como não tinha mais compromissos na rua seu pai me trancou em casa. Eu via o sol apenas pelo vidro da janela por que nem abrir as janelas ele deixava mais, achava que eu pularia de uma. Eu realmente pularia.

Os Herdeiros Rivera Russell. Kde žijí příběhy. Začni objevovat