Planos

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São 05:50 AM desta segunda feira do mês de agosto, e claro há um minuto do toque da programação para despertar meu relógio se eu de fato tivesse conseguido dormir.

No silêncio que se seguiu na madrugada, minha mente trabalhava mais que o relógio que não pude ignorar segundo a segundo até completar ciclos de horas inteiras ansiando pelo amanhecer.

Tudo isso na palma da minha mão. Meu celular já fazia parte de mim a esta altura, cujo olhar alternava entre as horas e a foto com o Matt.

Ao relembrar de cada palavra dita, fecho os olhos e a rouquidão da sua voz ecoam aos meus ouvidos, hipoteticamente, –"...não há mais ninguém que eu queira estar ou falar agora...", foram suas palavras antes de tirar esta foto de forma incompreensível para mim e isto está me tirando a sanidade.

Sua expressão tão verdadeira e apaixonante que me faz querer sair agora mesmo sem rumo à sua procura.

Será que ele se sente da mesma forma neste momento? Hoje eu saberei, ah se saberei, custe o que custar.

Decidida, dou um salto da cama impulsionada com o susto do alarme do despertador que me tira deste devaneio e já estou de pé.

Que o Dave tenha tido o sono dos justos e sequer suspeite dos meus planos para hoje. Preciso desse espaço para um entendimento maior das minhas convicções.

Após uma ducha rápida, seleciono no meu closet sem perder muito tempo meu jeans justo, porém confortável, camiseta branca e allstar azul. Amarro minha jaqueta jeans na cintura, cabelos soltos secos há pouco pelo secador. Corretivo, rímel e gloss apenas compõe a make-up quando envio uma mensagem para Anne para me encontrar no local de sempre e chegar mais cedo, preciso de sua ajuda.

O trajeto para a faculdade é curto e ao entrar no estacionamento constato que a Anne já chegou pois, pelo acaso estaciono meu carro ao lado do dela.

Vou rápido para o nosso ponto de encontro e ela ao me ver, tive a impressão que simplesmente abandonou Dylan falando sozinho que aparentemente selecionava algo na mochila para mostrar a ela e quando ele levantou o olhar ela já estava vindo em minha direção.

Todos sabiam das pretensões de Dylan para com Anne e somente ela se fazia de desentendida mantendo o garoto aos seus pés e cada vez mais apaixonado.

— Ei você deixou o Dylan falando sozinho, sua maluca? Olha lá a frustração dele te procurando. Ele tinha me contado que ia te mostrar hoje umas músicas autorais que eles gravaram com a banda dele. – Anne então nem se dá o trabalho de virar e continua vindo em minha direção.

— Ah! Fala sério! Uma eternidade para achar um pen drive com as demos. E olha que foi ele quem ofereceu. Já deveria estar com ele no bolso oras. Também, olha o tamanho daquela mochila. Ele vem para a aula ou sai para acampar todos os dias?

Rimos juntas porque parecia mesmo!

— Então qual a boa para hoje? Topo tudo menos "qualquer coisa que envolva o David", minha cota anual já deu só neste final de semana. – Ela só não ri mais satisfeita porque não disse isso na presença dele.

Dou um abraço em Anne porque a esta altura já estamos próximas.

— Preciso da sua ajuda. Não dormi nada a noite. David não virá à faculdade hoje e como você já conheceu o Matt poderia me ajudar a tentar localizá-lo após a aula? Não sei por onde começar, mas se nós duas nos separarmos teremos mais êxito. – O que acha? – Anne que até então olhava para mim, agora olha sobre mim e responde presunçosa.

— Fácil! – Ela então abre aquele sorriso de quem consegue tudo o que se propõe a fazer e eu vou à loucura.

— Sério? Gosto do seu senso de aventura e embarcar com tudo no que eu preciso. Mas por que você acha fácil? Você pegou o telefone ou endereço dele? Por que não me disse ontem?

— Nada disso. Você fala demais e olha. – Ela então me gira de costas para ela, vira meu rosto na direção correta perguntando:

— Serve aquele gato? E olha só Lynn, inteiro, não manca. – O que ele faz aqui?

Matt que acabava de parar no outro extremo do estacionamento, porém a curta distância de nós, sai de seu carro, de óculos escuros ray ban aviador, abre o porta malas e tira uma pasta envelope de couro preta esportiva e cruza em seu peito. Ao fazer este movimento é possível observar o seu corpo atlético bem definido em uma estrutura enxuta de músculos na medida certa. Embora estivesse bem casual, estava lindo, de camiseta básica verde exército, jeans escuro que valorizava aquele corpo que viajei em imaginar como seria sem camisa, e não conseguia controlar meus pensamentos que julgava seguros até então.

Neste instante de abstração ele olha direto em minha direção como se eu tivesse um radar ou dito isto em voz alta.

Ele então fecha o porta malas instintivamente sem desviar o olhar, mesmo à distância. Isso me paralisou e não sinto mais meus pensamentos tão seguros assim, e tento reprimi-los.

Sinto meu rosto corar da mesma forma que meu corpo reage estranhamente, mas de uma forma boa, muito boa.

A medida que ele vai se aproximando me dou conta de como ele fica irresistível a cada vez que o encontro pessoalmente e esta é apenas a terceira vez embora ele tenha passado a noite comigo ontem, em foto claro. Neste instante tanto eu quanto ele sorrimos simultaneamente deste pensamento como se estivéssemos conversando mentalmente, só com uma diferença: " eu queria ler os seus. "

Ao pensar nisto ele que já está próximo a nós, tira os óculos e observo atentamente os olhos azuis acinzentados vibrantes jamais vistos.

— Olá! Que bom que encontrei vocês. Como estão? – Embora Matt tenha perguntando para nós duas o seu olhar não desviou dos meus como se cobiçasse a minha resposta primeiro.

Antes que eu pudesse responder Matt é girado de forma abrupta e a voz que achava não ouvir pela manhã ecoou num tom de poucos amigos.

— Ela está muito bem e melhor agora que estou com ela.

Respiro fundo e o encaro.

— Posso falar por mim, Dave!

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⏰ Última atualização: May 08, 2018 ⏰

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