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Sentei aqui para escrever um pouco. Chove lá fora, alguns trovões fazem as janelas reclamarem e as gotas atingem com força, em sua pequena simplicidade, a terra que está alguns metros de distâncias da minha janela do oitavo andar. Minha cabeça, ao mesmo tempo, cheia demais para fazer minhas tarefas e vazia demais para não preenche-la com algumas palavras.

Ainda é cedo e, por incrível que pareça, o dia já parece ter seu fim. Como se algumas nuvens no céu, tornando-o escuro, já condenassem as outras longas horas que ainda restam para esse dia acabar. Estrangulando, com toda sua melancolia, o ânimo que deveríamos ter para continuar, para seguir, para trabalhar.

Sentei aqui para escrever. Com uma boa música tocando, uma música que, se não fosse por esse momento (e pelo spotify), talvez eu nunca teria ouvido. Sentei para espairecer, para colocar um pouco de sol no meu dia cinza, um pouco de cor na mente vazia. Sentei... e estou buscando reunir tudo que existe dentro de mim. Tudo o que até agora me foi dito, tudo que até agora eu li por aí, vivi por aí...

Procuro, da mesma forma que as nuvens escuras, aliviar um pouco do meu peso. Palavras, para mim são gotas de chuvas que, ainda de certa forma, atingem o teclado do meu computador, o papel virtual... atingem a mim, e quem sabe a quem vier a ler.

Chove. E é triste. Mas ao mesmo tempo é tão lindo! O equilíbrio que a natureza procura para continuar. O equilíbrio que equilibra a vida. Que nos permite viver o aqui e o agora, mesmo que a luz venha a acabar, mesmo que algumas árvores se choquem contra o chão, mesmo que toda a luz de um raio não venha a iluminar a escuridão cinza.

A vida, ela continua. Os pensamentos, eles permanecem. Eu? Eu vou escrevendo... quem sabe eu me encontro por aí, uma gota em uma imensidão de chuva. 

Palavras que voam depressaWhere stories live. Discover now