Vidas Traçadas - Que outro nome eu daria, senão "amor"?

"Você vai ser feliz, disse a vida. Mas primeiro, vou lhe deixar mais forte"

Harry On

Enquanto eu e Louis estávamos indo ao leilão, vimos uma mãe pedindo ajuda. Não pensei duas vezes antes de ir até lá e tentar ajudá-los - a mãe e a criança.

[...]

pedi para que a criança me mostrasse onde doía e ele me mostrou o local em seu ombro. Falei para que ele pudesse contar até 10 comigo mas antes, abaixei a agola de sua camisa para examinar o local de sua dor. Estava claro que ele havia deslocado o ombro. Segurei seu braço com delicadeza e ao mesmo tempo, senti um olhar sobre mim.

- Fique tranquila, eu sou médico. - explico para a mãe do garoto. Ela ameniza seu olhar desesperador. - Louis, ligue para uma ambulância enquanto isso.
O mesmo não demorou muito para fazer o que eu pedi.

- Ok, Bruno... vamos lá. - falo ainda segurando o seu braço. - conta comigo. Um... - Ele repete e ao mesmo tempo, sinto uma leve falta de ar... não é a primeira vez que isso acontece. Malditas lembranças. Lembranças que eu nem me recordo ao certo. É uma mistura de desespero, dor... Respiro fundo e tento me concentrar no que eu estava fazendo.
Tento colocar o osso do menino - que estava quase sem cor e era visível que ele estava sentindo muita dor - no lugar e ao mesmo tempo, acalmá-lo.

- Sete... - ele grita e eu continuo a contar para que ele se concentre e a dor se alivie. Sua afeição melhora, posso perceber e entre lágrimas, agradece enquanto a ambulância para em nosso lado.

- Muito obrigada, moço. De verdade, muito obrigada! - agradece a mãe com um sorriso enorme em seu rosto.
- Não foi nada!
- Mas e essa ambulância, moço? Foi muito sério?
- Bom, eu só fiz os primeiros socorros, coloquei o osso dele no lugar, mas o mais aconselhável é levá-lo para um hospital, onde ele poderá ser examinado de forma melhor e se certificar de que não há nada de errado.
- Certo! Mais uma vez, muito obrigada!

Eu e o Louis ficamos em pé, vendo a ambulância se afastar. As luzes do carro ficaram cada vez mais distantes e então, volto a minha realidade.

- O que houve? - Pergunta preocupado. Droga... ele percebeu. Pensei que a voz me perguntando se eu estava bem, fosse algo da minha cabeça.
- Nada... Foi só uma lembrança ruim.
- Era tão ruim assim? você quase desmaiou.
- Muito. Mas passou. E não exagera.
- Sabe que não é exagero. Eu só fiquei preocupado, ok?
- Eu to bem. Juro. - Louis dá um sorriso de lábios fechados e logo em seguida, vemos Ally vindo em nossa direção.

- Que incrível ver vocês aqui! Estão indo para o leilão, certo?
- Estávamos... - respondo meio sem jeito.
- Mas porquê? Não vão mais?
- Aconteceram algumas coisas, vou acompanhar o Harry até o antiquário para me certificar que ele ficará bem - Louis fala pondo seu braço em volta de meus ombros.

- Aconteceu algo grave? Você está bem?
- Ei, vocês dois! Eu sei me cuidar, ok?
- Ok, mocinho, mas isso não nega o fato de que eu vá o acompanhar até em casa.
- Olha, só digo uma coisa:
A Camila vai ficar chateada por vocês não estarem presentes lá, mas, como há um motivo sério para isso... Só espero que você fique bem, Harry. E que o Louis cuide bem de você, mesmo você achando ruim. - faço uma cara emburrada, mas logo cedi aos olhares dos dois para mim. Talvez eu estivesse sendo mimado...
- Eu preciso arrumar minhas coisas, vou embora amanhã.
- E não vai se despedir? - ally pergunta cruzando os braços e me encarando de um jeito fofo.
- Camila vai fazer um café da manhã e me convidou. Creio que vocês estarão lá, então, decidi ir pra rodoviária a partir de lá. - Ally afirma.

Ela se despede de nós e sai apressada para chegar ao leilão a tempo. Eu queria ter ido, mas... É a minha saúde mental e sei que tenho que por ela em primeiro lugar. Eu não estava bem e mesmo sem ter dito o motivo, sei que a Ally entendeu.