O último Desejo de Allan

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Castelo do reino de Arcai
A visão de Angelo

   Faz um ano desde a volta de Cléber do reino de Claira. Allan se mantia em uma sala subterrânea do castelo, graças ao seu sentimento melancólico, o lugar estava frio e suavemente congeleado, mesmo com a tocha acesa. Ele estava completamente desesperançado, e já não ousava mais animá-lo, qualquer palavra desnecessária o infurecia. Consigo entender, pois ele teve esperança de que o amaranto o curaria, mas a magia da flor não era nada comparada à maldição que seu pai lhe fadou, e estava cheio de dor por isso.

O amaranto não o salvou, mas restaurou sua aparência por alguns meses.

Desde então ele passa os dias observando junto a um pedestal com uma tocha que nunca apaga, a esfera de diamante de sua mãe, o objeto que havia escolhido como filactéria para a sua alma. Eu estava distante, o observava junto à porta, ele sabia que eu estava lá mas já não fazia questão, com certeza ele deve preferir que eu não o veja mais, pois desde que o efeito do amaranto acabou, Alan retornava a emagrecer.

E morria de dentro para fora.

Mas hoje o mago havia me pedido para chamar Cléber. Corri pelo castelo à procura dele, felizmente sabia que à essa parte do dia ele costumava treinar com seu escudeiro, um excelente rapaz, aliás.

Me dirigi para a arena, Cléber e Josh estavam lá, treinando com espadas junto de outros soldados como presumi. Assim que me viram, os dois largaram o que estavam fazendo e correram até mim, provavelmente anciosos por notícias de Allan. Sorri para os dois em modo de saudação, eu ficava a maior parte do diacom meu familiar, já não conversávamos.

- Angelo - Cléber saudou-me - Como está...

- Allan - o interrompi, sabendo o que ele diria - Ele quer vê-lo.

   Um arregalar admirado surgiu nos olhos de Cléber, ele não falava mais com Alan desde que ele se confinou, e quando Alan pediu para falar com Cléber depois de meses, a reação dele foi como a de uma criança que não via seu amigo por semanas, talvez realmente fosse assim, já que os dois são amigos desde cedo.

- Sei que não se vêem há um tempo, mas quando se apresentar, tente não chegar muito perto dele - avisei o general.

- Ele está tão ruim assim? - ele perguntou enquanto limpava o suor da testa.

- Ele não gosta que olhem pra ele - respondi.

- Disso ele nunca gostou - Cléber ironizou enquanto dávamos adeus a Josh e nos dirigíamos para a sala subterrânea.

A sala era secreta, para chegar lá precisávamos primeiramente adentrar na sala dos tesouros, o lugar onde todas as riquesas utilizadas para prover o reino permaneciam. A porta era encantada com um feitiço obscuro poderoso, apenas Alan poderia ceder nossa entrada, e foi o que ele fez assim que nos aproximamos da grande porta; ele tem uma percepção espírita semelhante à minha e por isso pôde sentir nossa presença.

- Ele não contou a você o que queria? - Cléber perguntou quando a porta se abriu. Balancei a cabeça em resposta de não.

   Entramos na sala dos tesouros e seguimos para o seu centro, onde o brasão do reino decorava o local. Imediatamente o desenho do piso se iluminou e se desfez junto com o solo de mármore, revelando uma pequena passagem circular. Desci a escada da passagem e Cléber seguiu-me logo após; pousamos enfim no salão subterrâneo, um lugar com pouca luz e muito frio, onde apenas uma tocha unida a um pedestal de cristal (o mesmo que dividia lugar com a esfera de diamante) iluminava o salão onde Allan se confinara junto de livros de magia negra e artefatos igualmente proibidos.

Aos olhos de um Gato: O mistério da Fênix (PAUSADO)Where stories live. Discover now