-Ok... Eu não sei nem por onde começar... – Louis disse, mas começou mesmo assim e partiu do momento em que sua mãe foi embora, fugindo das grosserias e explosões de Mark, mas deixando o filho ali sozinho e tornando-o o novo alvo do homem.

A cada palavra que era dita, Harry apertava mais a mão de Louis na sua, ele podia sentir seus olhos marejarem, mas tentava não chorar, precisava ser forte naquele momento.

Louis sempre achou que seria impossível contar tudo aquilo a alguém, mas assim que enfim começou a falar as palavras jorravam de sua boca, ou melhor, jorravam de sua alma.

-Ele é terrível, Harry... Morar naquela casa com ele é um inferno... Uma palavra errada, ou um olhar, um mínimo gesto, é o suficiente para fazer ele surtar e então ele me bate... – Louis continuou a falar. –Antes de hoje ele sempre me batia em lugares que os outros não poderiam ver os hematomas, na barriga, nas costas, nas costelas... Quando eu era menor ele usava cinto, quando eu cresci ele passou a usar os punhos...

Louis mordeu com força os lábios, mas deixou as lágrimas rolarem por seu rosto, não adiantava tentar impedi-las. E ao vê-lo chorando, Harry não aguentou mais e deixou as suas lágrimas caírem também, mas permaneceu em silêncio, apenas ouvindo.

-Enfim, você entendeu... Meu pai me bate, sempre que pode. Minha mãe simplesmente sumiu no mundo e eu não tenho mais ninguém, não sei de nenhum parente, acho que meus avós estão mortos, nunca os conheci... Só tenho o Mark e ele é um monstro.

-Você tem a mim também. – Harry disse com firmeza. –Agora você tem a mim.

-É... Eu tenho. – Louis sorriu tristemente em meio as lágrimas.

-E essa noite, Lou? O que aconteceu essa noite? – Harry perguntou baixinho.

-Não sei direito, ele surtou ainda mais. – contou. –Quando eu cheguei em casa ele estava com uma mulher na sala, mas eu não liguei para isso, fui direto para o meu quarto onde me tranquei e dormi. Até que acordei de madrugada escutando gritos e acabei indo ver o que era... Foi assustador... O Mark estava batendo na mulher, ele ia matá-la e ela pedia por ajuda, então eu tentei ajudar, mas ele acabou se virando contra mim e me socou. Foi a primeira vez que ele me bateu no rosto, e sei que pode parecer bem estúpido depois de todas as surras que ele me deu, mas isso me deixou em choque.

Louis respirou fundo e olhou nos olhos verdes de Harry.

-Pelo menos a mulher conseguiu escapar. – ele sussurrou. -Hoje eu realmente enxerguei o quão doente e assustador o Mark é... Eu tenho certeza de que ele ia matar aquela mulher, Harry... E se da próxima vez for eu?

-Shh... Não fala isso, por favor, não fala isso. – Harry implorou e em seguida o abraçou com força. –Ele nunca mais vai encostar em você, nunca!

-O que eu faço agora? – Louis deixou todas as suas armaduras caírem e expôs todo o medo e insegurança que sempre sentiu.

-Nós vamos dar um jeito. – Harry se afastou do abraço para poder olhá-lo nos olhos. –Vai ficar tudo bem, ok?! Eu prometo.

Louis não tinha certeza se ficaria mesmo tudo bem, mas queria muito acreditar naquilo, então assentiu.

-Agora você já sabe tudo... – ele disse. –É a primeira vez que eu conto tudo isso para alguém.

-Nós precisamos fazer algo, Lou. – Harry ainda sentia o seu coração despedaçado depois de tudo o que ouviu, imaginar todo o sofrimento pelo que Louis vinha passando era horrível. –Se falarmos com a minha mãe e o Robin, eles...

-Não, Harry, não podemos falar nada para eles. – Louis o interrompeu.

-Mas, Louis...

-Eu tenho 15 anos, Hazza. – Louis murmurou rapidamente. -O conselho tutelar vai acabar me mandando para um orfanato ou algo do tipo...

Depois que te conheci...Where stories live. Discover now