Filha de Hércules

Quase Matei minha Nova Amiga

Quando acordei, vi muitas pessoas em volta de mim conversando sobre mim.

"Ela é muito mais diferente do que nós imaginávamos, mas se a profecia diz que Zeus quer que ela esteja aqui, ela vai ficar", o centauro disse.

Eles ficaram lá conversando, até que perceberam que eu estava acordada e pararam, se entreolharam e ficaram meio desconfortáveis. Até que uma menina loira, Annabeth, quebrou o silêncio e disse para Mason me explicar o que havia acontecido, ele assentiu e me levou até a casa grande (como eles chamam a casa principal do acampamento). Lá ele sentou em uma cadeira, respirou fundo como quem não queria contar o que estava acontecendo e começou a falar:

"Bom, seu pai te reclamou, mas não é nada do que a gente estava esperando", ele disse e isso só me deixou mais nervosa,"Ele é Hércules, um semideus, não um deus, por isso não entendemos o por quê de o Oráculo dizer que você viria para cá mesmo você não sendo uma semideusa".

"Mas quem é o Oráculo?", eu perguntei.

"É um espírito que nos revela profecias, em uma profecia, ele disse que você viria, e enfrentaria um mal antigo", Mason disse, "E que ficaria no acampamento".

"Mas porque eu seria filha de Hércules e ficaria aqui?", eu perguntei.

"Nós também não sabemos, só sabemos que daqui a duas semanas, você sairá na sua missão", ele me explicou.

"Que missão?", eu perguntei.

"Só você saberá, no momento certo", ele disse.

Naquele momento eu tive tantas perguntas, mas preferi ficar quieta. Já entendi o lance desse lugar, você tem que descobrir as coisas sozinho, e era isso que eu estava disposta a fazer.

No terceiro dia, acordei, e fui direto para a casa grande, que era onde o Oráculo ficava, passei o segundo dia inteiro perguntando onde esse tal de Oráculo ficava para todos os campistas, e todas as respostas apontavam para o sótão da casa grande, então eu fui para lá. Fui engatinhando até o segundo andar da casa, logo de entrada, vi uma escada de mão, então subi, logo em seguida, me deparei em um quarto escuro que aparentava estar vazio, mas algo me dizia que eu não estava sozinha, olhei para a esquerda e não vi nada, mas ao olhar para a direita, vi uma cadeira de madeira virada para a para a parede, conforme fui me aproximando, comecei a reparar que em volta da cadeira havia uma cabeça, uma cabeça com cabelos ruivos extremamente volumosos, vi a mão da menina da cadeira ligar o interruptor de luz e se virar para mim, ao me ver, ela arregalou os olhos e disse:

"Você? Eu te conheço, você estava na minha profecia, a filha de Hércules", ela disse

"Quem é você?", eu perguntei.

"Rachel Elizabeth Dare, e você é a Grace, filha de Hércules, a nova heroína do Olimpo", ela se apresentou.

Ao ouvir aquilo fiquei surpresa por três razões, a primeira era que ela era o Oráculo, uma menina de 12 anos, aparentemente mortal. A segunda era que ela sabia o meu nome, sem eu ter que me apresentar. E a terceira era que ela dissera que eu seria a heroína do Olimpo, como eu seria a heroína do Olimpo se não fiz nada para isso?

Perguntei sobre tudo que estava acontecendo, pois realmente não entendia como eu poderia ser a "Heroína do Olimpo", ou por quê de eu estar alí, sendo que eu era filha de um semideus e não de um deus. Ou o que eu deveria fazer para cumprir o meu chamado, porque de acordo com o que todos me falaram, tudo o que eu preciso fazer é seguir para o oeste e ir para onde eu quiser, seguir minha intuição de semideusa, ou sei lá o que eu sou.

Mas a resposta de Rachel foi a mesma de todos, ela disse que eu deveria seguir minha intuição e que meu coração iria me guiar até o destino onde eu deveria enfrentar algo destrutivo e descobrir, finalmente, a minha origem e história.

Quando ela disse essas últimas palavras, sua voz começou a mudar, ficou mais grossa e de uma forma, intimidadora. Ela foi envolvida por uma fumaça azul, meus olhos começaram a se encher de lágrimas, pois parecia muito com a cena da morte de minha mãe, aquela fumaça que a envolveu, a única diferença era que a fumaça que envolveu minha mãe em seus últimos momentos era preta, mas essa era azul. Era assustador, por trás da fumaça, consegui vê-la bem, de pé e viva, de alguma forma aquilo me aliviou, mas eu não sabia o que viria em seguida. Logo em seguida, ouvi uma voz muito mais grossa do que a de Rachel, era uma voz que me fazia sentir protegida, mas ao mesmo tempo me deixava com medo e intimidada. Fui recuando devagar até chegar no canto da parede, e ela vinha atrás de mim de uma forma que me assustava de um jeito perturbador. Naquele momento, eu só quis sumir daquele lugar, mas aconteceu algo que eu não estava esperando, e que me fez ficar:

"Dois semideuses, um sátiro e uma mortal entraram em uma aventura em busca de respostas e de derrotar algo destrutivo", a voz assustadora disse.

Enquanto isso, Rachel ficava imóvel enquanto o Oráculo falava por ela. Aquilo definitivamente foi a cena mais assustadora da minha vida. Imagine ver sua amiga mais recente falando profecias de um espírito que provavelmente envolvem você.

Até que o horror finalmente acabou, e aparentemente o Oráculo resolveu nos deixar em paz, eu vi a fumaça azul sair de perto de Rachel e simplesmente evaporar. Quando a fumaça se dissolveu completamente no ar, consegui ver Rachel, que estava com os olhos arregalados, mas a cada segundo seus olhos pareciam se fechar, até que seus olhos estavam totalmente fechados e ela caiu no chão inconsciente. Naquele momento, vieram milhares de lembranças na minha cabeça de como foi a cena da morte da minha mãe, de como eu sofri, e como a minha vida poderia mudar de novo depois disso. Rachel continuou deitada no chão, eu não consegui fazer nada, parecia que algo me puxava para trás e me torturava com as hipóteses de Rachel ter morrido. Eu nunca me perdoaria. Eu fiquei imóvel, parecia que haviam vários braços me puxando para trás, por mais que eu tentasse falar ou fazer algo, eu não conseguia. Naquele momento, no momento em que tudo o que estava me assombrando à 12 anos, pegou um impulso, e me atingiu com toda a força. No mesmo segundo, eu desabei. Só me lembro de sentir as lágrimas escorrerem pelas minhas bochechas cheias de sardas e de sentir a angústia de ver Rachel deitada no chão, inconsciente, e não poder ajudar em nada.

Até que escutei alguns rangidos da escada de mão que dava para o sótão, o que significava que tinha alguém subindo as escadas, o que me aliviava muito, pois ele poderia ajudar Rachel. Percebi que era Mason, pois ele gritou:

"Grace, é você?".

Quando ouvi aquela voz, meu choro se transformou em risadas, e eu ria tanto de alegria que ele havia nos encontrado. Foi um sentimento tão bom, depois de passar por tanto desespero, poder ouvir alguém que poderia fazer algo que eu não podia: ajudar Rachel.