Fire N' Ice

34.

THALIA'S POV 

Demorei alguns segundos para olhá-lo e quando o fiz me arrependi. 

Mas só porque era tentação demais para uma mera mortal como eu conseguir suportar.
- Sobre? - perguntei baixo enquanto bloqueava o celular e o guardava.
- Nós - disse, fazendo meu coração disparar absurdamente.
Mas eu continuava impassível por fora.
- Nunca existiu. Era só isso?
Dougie ficou me olhando por alguns segundos e eu não soube decifrar seu olhar, o que estava me incomodando, mas não tinha coragem de desviar meus olhos de sua expressão intensa.
- Nunca? – ele perguntou como quem não quer nada. Como se não o atingisse.
- Nunca.
Apenas alguns segundos depois sua boca estava grudada na minha, me fazendo sentir um enorme arrepio na espinha.
Fiquei alguns segundos sem reação, e provavelmente por causa disso Dougie começou a se afastar, mas eu não deixei.
Fui em sua direção e mantive nossos lábios encostados, puxando seu lábio inferior para dentro de minha boca devagar, o fazendo sentar como estava antes.
Ficamos apenas alguns segundos com os lábios colados, para então nos afastarmos juntos.
Mordi meu lábio inferior receosa do que havia sido aquilo.
- Nunca? Sempre existiu nós. E eu que sou o teimoso! - então ele riu.
Que passarinho da alegria havia passado em todos agora?
Fiquei o olhando alguns segundos ainda séria, sem entender.
- Você pode me explicar por que raios me repele em um dia e depois vem e me beija? Porque sinceramente, eu tô bem confusa.
Dougie me encarou alguns segundos e depois sorriu ainda mais.
- Porque eu sou um idiota, ué. Qual a novidade?
- Dougie... - eu tinha entendido menos ainda, e ele ainda estava sorrindo.
- Ok, já entendi que te deixei perdida - ele tentou ficar sério e suspirou, olhando para longe por alguns segundos - Eu conversei com uma pessoa mais cedo, e já queria vir conversar com você, mas estava com medo. Medo do que eu sinto e de dar tudo errado como sempre dá - Dougie me olhou nos olhos e eu senti minha respiração descompassar ainda mais. Eu estava mesmo ouvindo o que achava que estava ouvindo? - Mas aí eu fiquei lembrando da gente discutindo no início. Eram brigas bem sérias às vezes, apesar dos motivos serem idiotas, e mesmo assim acabamos nos gostando. Então por que não? Sabe? – pôs a mão no meu pescoço e fez um carinho, como quem quer puxar a pessoa mas não quer assustar. - Se eu gosto de você e você de mim... Eu... Eu quero tentar. Fazer nós dois darmos certo. Juntos.
Eu fiquei alguns segundos em silêncio, em choque, encarando seus olhos.
Tudo que eu sempre quis ouvir. Agora muito mais do que nunca.
Mas algo martelava na minha cabeça.
- Quem te garante que eu gosto de você do mesmo modo que você diz gostar de mim? - talvez eu estivesse arranjando desculpas. Talvez eu estivesse querendo testá-lo.
Ninguém pode me culpar por ter medo de tudo dar 20 vezes mais errado do que já havia dado tantas vezes antes.
- Você, todos os dias... Com todos os gestos. Não cuidaria de mim e se preocuparia se não gostasse. Você pode achar que não, Tha, mas eu acabo notando sim. As vezes atrasado, mas noto.

Dougie's POV

Eu não fazia a mínima ideia de onde estava tirando coragem para falar tudo aquilo. 
Meu peito retumbava, minhas mãos estavam trêmulas e meu coração parecia que ia sair pela boca a qualquer segundo.
E Thalia continuava do mesmo modo que estava antes.
Séria. Me encarando como se não acreditasse.
- Eu sei que você cuidou de mim bêbado. Mais de uma vez. E se preocupou sempre que via algo me afetar. Notava que eu estava quieto, vinha me perturbar, me fazia rir. Me distraia. Muitas e muitas vezes. Você me ajudou de inúmeras formas com inúmeras coisas que não tem sequer conhecimento, sem eu sequer falar. Não precisei saber de toda sua vida, todo seu passado ou o que planeja para o futuro para me apaixonar por você, e cá estamos tendo essa discussão. Porque você também está com medo.

Thalia's POV

Eu estava assustada, meus olhos provavelmente estavam saltados e enquanto esquadrinhava todo meu rosto minuciosamente eu tentava não chorar.
- E eu entendo! Eu tô apavorado de estar sentindo algo tão intenso, de só querer te ligar o tempo todo, de não render como antes porque não tô tendo disposição pra nada. De não querer sair ficando com todo mundo... Não é mais a minha praia. Tô fissurado no gosto de só uma pessoa, e essa pessoa sente uma vergonha absurda e completamente desnecessária quando eu digo que quero chupar ela - senti meu rosto ficar inteiro quente e revirei os olhos, mas acabei dando risada.
- Idiota - murmurei, respirando fundo, e quando o olhei ele sorria.
Por que não?
Por que não, Thalia?
- Por que não, né? - fiz a pergunta retoricamente e não deixei sequer Dougie entender minha declaração, agarrei sua camisa e o puxei para perto, colando nossas bocas, não sem antes notar um sorriso em seus lábios e perceber que eu estava parecida.
Esse beijo tinha um gosto diferente.
Era como se, apesar de tudo estar igual a antes, agora estivesse melhor.
Subi a mão de sua blusa para sua bochecha e não resisti em fazer um carinho em sua pele.
Suspirei, feliz até demais, e do nada nossa bolha se estourou quando várias pessoas começaram a bater palmas e assoviar.
Ah, não... Nos separei e olhei em volta, vendo todos nossos amigos, assim como Fletch, o fotógrafo e alguns funcionários do local "comemorando".
Comecei a rir muito sem graça e escondi o rosto no pescoço do Poynter, mas isso só gerou um "awn" coletivo.
- Me deixem em paz! – reclamei fazendo todos rirem.
- Até que enfim! – alguém gritou no meio da confusão e todos riram de novo, me fazendo ficar ainda mais sem graça.