Encontro às Cegas

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Dizem que, quando um dos cinco sentidos fica debilitado,  os demais são aflorados. Espero que apreciem este conto que escrevi com muito carinho para vocês!

Sugiro que a leitura seja acompanhada de um belo vinho e ao som de Massive Attack.

Beijos e Boa Leitura♥

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Não era uma noite normal. Nunca na história de Storybrooke, a cidade havia ficado sete dias seguidos sem energia elétrica. E muito mais anormal porque eu, não sei como fui capaz de ceder às insistências de Zelena, acabei aceitando um encontro às cegas.

Já estávamos na porta de uma antiga mansão, a maior casa daquela cidadezinha. A veemente mulher ruiva segurava um lampião eletrônico nas suas mãos para iluminar o caminho até a porta principal da mansão. Zelena parou e se virou para me dar as instruções.

— Tome este relógio de pulso — entregou-me um relógio moderno que ela provavelmente usava para cronometrar os exercícios diários de crossfit — Quando ele despertar, vocês poderão acender as velas...

— Mas em quanto tempo? — perguntei.

— Não se preocupe com isso, siga as regras — ela disse ao passo que me empurrava para dentro da casa e, antes de fechar a porta, completou: — Emma, use o escuro em seu favor! — ela disse com um sorriso malicioso estampado no rosto iluminado pelo lampião antes de trancar a porta.

Um passo de cada vez. Tateando o ar gelado. Sem nada ver a minha frente. Nenhum resquício de luz. As borboletas no estômago estavam frenéticas e minhas mãos, suando frio.

— Com licença — eu disse para chamar a atenção de quem quer que fosse.

— À vontade — uma voz feminina ecoou pelo saguão.

Dei um pulo para trás.

— Ai! Merda! — esbravejei ao bater meu cotovelo em um objeto de metal que caiu no chão.

— Assustou? — perguntou a voz com um tom risonho.

— Um pouco.

— Desculpa.

Caminhei em direção a voz.

— Boa noite! — eu desejei.

— Boa noite.

— E Zelena? — a voz perguntou. Era sensual e rouca.

— Se foi.

— Tem certeza?

— Uhum... — eu respondi e parei ao perceber que já estava no mesmo cômodo que a mulher — São amigas?

— Muito.

— Chato — brinquei.

— Acontece — sua gargalhada envolvente ecoou pelo casarão.

— É...

— E você?

— Conheci ela há alguns dias, assim que cheguei na cidade — respondi.

— Como?

— Eu estava na recepção da Pensão da Granny e ela me abordou.

— Típico dela.

— Se quiser, tento ir embora por alguma janela...

— Não — a voz respondeu convicta. — Sentou?

— Espere — eu disse e tateei o ar até encontrar o sofá para me sentar.

Encontro às CegasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora