Socorro

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_O que você esqueceu, Agn... - Minha voz falha ao ver um homem desconhecido parado na porta.

Tento fechar a porta, mas ele é muito mais forte e entra com tudo.
Largo a porta e corro para o quarto, mas não consigo chegar. Ele me pega pelo pé e caio por cima da minha barriga. A dor é forte, mas meu desespero é maior.
Meu filho.
Preciso protegê-lo.
Me debato e grito por socorro, fazendo a fúria dele aumentar. Ele não me bate, mas tenta me imobilizar e calar minha boca. Rolamos no chão da sala, batendo em várias coisas que quebram no meio de nós.

_Aii! Sua filha da puta... - Ele geme de dor quando mordo a mão que pressiona minha boca.

Ele me segura pelo braço, apertando com força. Ouço outra voz na sala, mas não consigo ver quem é, as lagrimas deixam minha visão turva. Grito o mais alto que consigo, minha garganta chega a queimar de dor. Mas ninguém parece me ouvir.
Mãos grandes seguram minha cabeça com brutalidade e me forçam a olhar para o homem que está minha frente. Jaimes Welneer, o capanga da Cameron.

_TÁ VENDO ISSO? - Ele aponta uma pistola contra meu rosto e fecho os olhos aguardando o pior.
_Se você não cooperar, eu vou atirar bem na sua barriga e matar esse verme que você carrega.

Deus, não!
Paro de me debater e gritar, mas não consigo me acalmar. Meu coração parece que vai explodir.
O homem solta meus braços e se senta no sofá me observando.
Fico sentada no chão, abraçando minha barriga em meio a bagunça.

_Boa menina. - Jaimes se abaixa e me olha com frieza.
_Agora nós vamos descer e você vai quietinha até o carro.

Isso não está acontecendo comigo.
Isso não está acontecendo comigo.
Isso não está acontecendo comigo.
Repito várias vezes, imaginando que tudo é um pesadelo e que nada disso está acontecendo. Mas um tapa forte contra meu rosto me faz acordar.

_Levanta, sua vadia! - Jaimes me puxa e levanto com dificuldades. Não consigo me apoiar firmemente nas pernas.

Saímos do apartamento e seguimos pro elevador em silêncio.
O prédio está meio vazio. Muitas pessoas foram viajar e as que ficaram, foram jantar fora. Todos comemorando o natal e eu sendo sequestrada.
Por que isso Deus ?
Por que não me ajuda?

Entramos no elevador e Jaimes aperta para descer.
O suor frio escorre pelo meu rosto, cada andar é uma agonia sem fim. Mas o elevador para no quarto andar e uma senhorinha entra toda sorridente. Ela para bem do meu lado, nos cumprimenta e olha minha barriga com ternura.

_Oh que graça! - Ela fala e toca minha barriga.
_É menino ou menina?

Não consigo responder e desvio o olhar.
Não consigo fingir que está tudo bem, o medo está estampado no meu rosto. O homem cutuca minhas costas com o revolver, me lembrando de não dar nenhum escândalo.

_Está tudo bem querida? - Não minha senhora, não está! Penso mentalmente.

_Está sim! - Jaimes responde e me puxa para o lado dele.

_Ela só está com pouco de dor de cabeça, mas logo vai passar.

Sínico.
Desgraçado.

A senhorinha sorri e não pergunta mais nada. E graças, o elevador chega no térreo.
Esperamos a senhorinha passar e logo saímos.
Andamos até um carro preto, mas paro ao ver uma poça enorme de sangue no chão. Dois corpos masculinos estão sem vida do lado do carro.

_Seu namoradinho deveria ter mandando seguranças mais competentes. - Um paninho preto tampa meu nariz e caio num sono profundo.

-/-

_Ora, ora, a bela adormecida acordou! - Uma voz masculina me desperta do sono.

Meu corpo todo dói!
Céus, onde eu to?

Não consigo enxergar nada, está tudo escuro.
Estou toda amarrada numa cadeira e com uma fita colada na boca.
Minha barriga dói, ai meu filho! Ele deve estar dolorido por causa da luta corporal.

Deus, tá me ouvindo? Eu só te peço que toda dor seja para mim, e que meu filho não sinta nada.

Lorenzo surge em meio a escuridão, sorrindo maquiavélico.
Desgraçados!
Estão todos juntos nessa máfia.

_Papai noel chegou bem na hora, não acha senhorita? - Puxa com tudo a fita isolante da minha boca e eu grito de dor.

_O QUE VOCÊS QUEREM?

_Muita coisa, mas no momento só provocar seu namoradinho.

_Eu não tenho mais nada com ele. - Me debato tentando livrar das cordas, mas não adianta. É nó de marinheiro, não se desfaz tão fácil.

_Oh que peninha. - Ele coloca a mão no coração, fingindo pena de mim.
_Seu namoradinho preferiu acreditar em mim do que em você!

Lágrimas voltam a molhar meu rosto.
O desespero e medo são incontroláveis, temo pela minha vida.
Ele se aproxima e agarra meu cabelo, puxando com força. A cadeira se inclina e só a mão dele segurando meu cabelo, que me impede de cair.

_Eu vou fazer o Sins pagar por cada dólar que me tirou. Ele acha que pode mexer comigo e sair ileso? Grande otário! - Ele tira uma faca do bolso e começa a passar pelo meu pescoço.
_Eu vou me vingar na queridinha dele e nesse verme, que você chama de filho.

_Nãaao..po..por..fav..favor!

_CALA BOCA!

A mão direita atinge a lateral do meu rosto em cheio. O tapa é foi tão forte, que sinto o gosto metálico do sangue.
Não sinto só dor. Sinto ódio, fúria e nojo.
Eu não precisava passar por nada disso, se não tivesse conhecido o Will. Mas também não posso culpa-lo, pois ele me salvou. E agora, só posso rezar para que ele me salve também.




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