A mulher não fica feliz por nada e nem mesmo nos parabenizou por termos saído bem no Congresso de Chicago. Ela apenas nos lançou olhares de desdém antes de exigir que cada um fizesse um relatório minucioso de todas as tarefas desenvolvidas nas palestras em que participamos.

"Desculpe..." Peço assim que trombo em alguém e forço um sorriso ao me deparar com olhos azuis intimidades.

"Preste atenção por onde anda, garota." Doutor Davis esbraveja e segue seu caminho arrancando olhares e suspiros femininos.

Definitivamente, ele e a doutora Collins dariam um belo casal de azedos.

Agradeço o amado silêncio ao chegar em casa. Sem um pingo de coragem para nada, como apenas um misto quente com um copo de suco de laranja e após um banho quente, jogo-me em minha cama e instantaneamente caio em um sono profundo sem sonhos.

Acordo sete horas depois, apenas porque meu estômago resolveu protestar de fome e minha bexiga cheia reclamar exageradamente. Observo meu reflexo no espelho do banheiro e me acho tão cheia de olheiras e abatida. Meu cabelo está uma bagunça e se alguém entrasse no banheiro agora, poderia facilmente me confundir com A Loira do Banheiro em uma versão mais bonita.

Tomo outro banho para espantar a preguiça e passo meus amados cremes de pele. São os únicos mimos dos quais não abro mão, pois amo andar cheirosa. Se eu amo abraçar gente cheirosa, então, tenho que andar cheirosa para ser abraçada também. Tempos desses li no Facebook: Gaste menos com maquiagem e bebidas. Invista mais em desodorantes. Concordo perfeitamente com essa frase.

Visto meu roupão rosa, que mamãe nunca esquece de colocar amaciante de lavanda e saio do banheiro. Meus pés se prendem ao chão e levo as mãos à boca para impedir um grito ao vê-lo parado próximo à janela aberta, enquanto observa o céu de fim de tarde.

Está tão alto quanto eu me lembrava, os cabelos um pouco maiores e mais bagunçados que o normal. Quando ele se vira e abre aquele sorriso de covinhas nas bochechas tão conhecido, minhas pernas finalmente acordam e corro ao seu encontro. Gabriel me acolhe em um abraço apertado e sinto as lágrimas finalmente caírem.

Um mundo de emoções conflitantes me invade, porém, o alívio ao tê-lo de volta é infinitamente maior.

"Senão parar de chorar vai ficar tão murcha quanto um maracujá." Aperto ainda mais os meus braços ao seu redor quando Gabriel beija meus cabelos.

"Eu senti... tantas... saudades." Encosto a cabeça em seu peito e fecho os olhos. "Não faz... ideia de como... foi ruim... sem você aqui."

"Voltei para ficar Melissa." Ficamos abraçados por longos minutos e quando já estou mais calma, afasto-me de Gabriel. "É impressão minha ou você ficou mais pequena?"

"Você que não para de crescer. Parece que comeu fermento." Passo as mãos pelo meu rosto, na tentativa que enxugue mais rápido. "Quando chegou? Por que não me avisou? Isso não se faz, Gabriel Mikaelson. Sabia que meu coração é fraco e não aguenta emoções desse tipo? Eu poderia ter caído dura e você se sentiria culpado pelo resto da sua vida."

Gabriel ri alto e segura minhas mãos entre as suas. Elas são quentes e grandes como sempre foram, trazendo aquela conhecida sensação de segurança.

"Decidi fazer uma surpresa. Nem minha família sabia. Mamãe e Milena choraram. Gael não chorou, mas o longo abraço que me deu, mostrou o seu amor por mim." A lagartixa albina, como carinhosamente chamo aquele loirinho fofo, é um amor de rapaz. A garota que ganhar seu coração será muito abençoada. "Papai está só alegria. Quase não me deixou sair de casa. Só quando eu disse, que vinha te fazer uma surpresa, ele deixou."

Série Corações Feridos: Não me esqueça (Vol. 4) ✔Where stories live. Discover now