N: Foi mal. Esqueci que você não tem senso de humor.

A menina gritou, mas Natasha não ouvia nada além de seu coração martelando em seus ouvidos. Não estava mais pensando. Não era hora de pensar. Ela era apenas puro movimento e reflexo. Ação e reação. Adrenalina. Memória muscular – e a musculatura de Natasha Romanoff tinha uma memória quase perfeita.

Os capangas de Ivan agiram exatamente como ela antevira, exceto que, com um floreio ninja, um deles sacou nunchakus em vez de uma faca.

N: Está de brincadeira? – Ela parecia quase impressionada. – Mas aprecio a criatividade.

Ao falar, ela disparou o ferrão e, com um raio de eletricidade, o homem caiu. O outro atirou, mas não antes de Natasha estilhaçar o braço dele com o pé esquerdo. A bala foi para o lado, e o atirador, para o chão. Não havia ninguém no mundo melhor que Natasha Romanoff em cálculos estratégicos de batalha. Ivan Somodorov jogou​-se na cadeira ao lado da menina, a máquina faiscou entre eles. Ele sorriu para sua antiga protegida, enquanto puxava a alavanca da máquina.

A menina gritou, debatendo-se, em segundos Natasha atirou na cabeça de Ivan, dando a ele a morte rápida que ele tanto falou para ela quando ela era criança. Natasha agarrou a menina puxando os fios conectados a ela.

N: Vou tirar você daqui.

Natasha libertou​-a, e, por um momento, a menina ficou junto dela. Apenas por um momento.

Antes que ela pudesse pôr a garota no chão, um imenso pulso elétrico brotou da máquina, fluindo pela fiação até os eletrodos, e ergueu o corpo da menina quase em pleno ar. Como ainda estava grudada na garota, Natasha foi erguida também.

Por meio segundo, Natasha Romanoff e a ruivinha ficaram congeladas num mesmo globo de luz branca.

Era isso o que ele queria. Fui direto para a armadilha. Falhei no cálculo de batalha. Fim de jogo: zero.

Começou a doer demais pensar em qualquer coisa além da dor.

Pregos, pensou ela. Parecem pregos envenenados. Rasgando cada parte da minha mente e do meu corpo. Jamais fora tão exposta. Um jorro de imagens deflagrou​-se em sua mente, rápido demais para que ela conseguisse processar. Seu cérebro queimava, e a dor era arrebatadora. Ela se contorcia de dor. Mas logo a luz se foi, e tudo o mais ardia em chamas ao redor dela. Todo o armazém pegava fogo.

Ela agarrou a menina e rolou para debaixo de um armário de armas, livrando​-se do que restava dos fios, e pôs as mãos sobre os ouvidos da criança, enquanto armário, armazém e o mundo todo giravam ao redor das duas.

Quando tudo teve fim, Natasha chutou longe o armário e rolou de lado, ainda abraçada à garota. Seus ouvidos zumbiam. Sua visão clareou, e ela pôde assimilar o que havia restado do cenário. Chamas espalhavam​-se de contêiner em contêiner. Todos os soldados estavam tombados. Os estilhaços das explosões haviam dado conta dos que ela não enfrentara.

Natasha olhou para a menina, deitada no piso de concreto, apagada. Sirenes berraram em todo canto assim que ela ergueu criança dentre os destroços. A garota piscou algumas vezes e abriu os olhos.

N: Está tudo bem.  

Natasha falou sustentando​-a nos braços e cambaleando para a porta do armazém, ignorando as chamas que as cercavam. As chamas e as cinzas e os corpos.

N: Não olhe.

Mais uma vez, Natasha xingou Coulson por envolvê​-la numa missão com uma criança. Os olhos da garota refletiam somente a sensação de perda e de medo.

A: Sestra.

Irmã. Ela estendeu a mãozinha e tocou uma mecha do cabelo da Viúva Negra. Ruivo como o dela.

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