Uma hora e meia depois o jato pousava em cima de um prédio em Odessa, Natasha já usava seu uniforme e conferia suas armas, ela não precisaria de muito, estava usando os habituais ferrões da viúva, tinha duas Glock em cada coxa e mais algumas facas escondidas pelo corpo.

C: Seu alvo vai estar nesse armazém em 30 minutos. – Coulson estendeu um tablete para Natasha – Você sabe como ele age, então boa sorte!

Natasha já estava em seu modo missão, estava bem séria e imaginava todas as possibilidades de algo dar errado, enquanto saia do jato ela repassava todos os ensinamentos de Ivan, se ela quisesse mata-lo sem chamar tanta atenção teria que pegá-lo de surpresa. Ela escalou a parede do armazém ate chegar no topo, depois, jogou​-se para cima do beiral e rolou para uma claraboia muito suja. Seus movimentos agora eram instintivos, tão automáticos quanto respirar ou piscar ou o bater de seu coração. Lentamente, ela pôs o rosto contra o vidro trincado, assimilando a visão obtida durante os poucos segundos em que podia arriscar se expor. Abaixo, tudo era escuridão, e apenas dois vultos moviam​-se por entre as sombras no espaço central entre os contêineres.

Dois vultos. Um grande, um pequeno. Dava para ver uma criança. Uma menina. Ruiva. Pela aparência, devia ter uns oito ou dez anos de idade, eram todas iguais para Natasha, tirando suas companheiras do Programa, a única criança que conhecera fora ela mesma – e desta ela nunca gostara muito. Ivan colocou a menina sentada em uma cadeira ao lado de uma máquina, Natasha percebeu que a menina não chorava, uma pessoa normal não notaria o quanto a menina estava assustada, mas Natasha sim, porque ela tinha aquela mesma feição quando era criança.

Natasha avançou por sobre a claraboia para olhar melhor. O que ele estava fazendo? Colocando alguma coisa na cabeça da menina. Eletrodos, talvez? Sem dúvida. Nas têmporas. Mais fios nos braços, mãos e até nas pernas gorduchinhas. Na outra ponta dos fios havia uma caixa achatada de metal, do tamanho de uma cabine telefônica, parafusada no piso de concreto, remendada e soldada na superfície, aparentemente montada com peças de muitas outras máquinas inferiores. Ela ficou observando. Não se retraiu, não desviou o olhar. A cena lhe era familiar demais, embora ela tivesse sido acorrentada a um radiador em vez de presa a uma cadeira. Em todo caso, não fazia diferença. Ela daria um basta naquilo tudo.

Após assimilar o que acabara de presenciar, rolou de costas e levou o punho à boca.

N: Alvo confirmado, vou entrar.

No instante em que ela ancorou o mosquetão na armação de aço da claraboia aberta, sua mente ficou sobrecarregada. Modo de batalha. A adrenalina a acelerou, e Natasha entrou no clima, fazendo tudo do jeito como ela fazia qualquer coisa, rápida e firme, sem desculpas, sem arrependimento. Não sentiu nada ao desparafusar os painéis de vidro da claraboia do armazém nem ao deslocá​-los silenciosamente da estrutura de metal que os mantinha no lugar. Sentia apenas que estava entrando.

Enquanto ela soltava o mosquetão e lentamente descia de rapel para dentro do armazém, sua mente repassou primeiro os movimentos óbvios de Ivan e seus capangas, depois os movimentos lógicos e, em seguida, os menos lógicos. Ela conhecia todos. Era como uma partida rápida de xadrez, que quando acabava, Natasha quase sempre era a vencedora. Ela relaxou as mãos e deslizou para o piso do armazém, tão silenciosa quanto uma aranha, mas não o bastante para enganar Ivan Somodorov.

I: Pequena Natalia, se quer ser tão óbvia, da próxima vez toque a campainha.

N: Toc, Toc, Ivan. Quem bate? É a S.H.I.E.L.D.!

Sem expressão, ele a fitou.

I: Não entendi.

Natasha socou a cara dele o mais forte que pôde. Enquanto ele voava para trás, ela esfregou o punho.

Romanogers CollectionWhere stories live. Discover now