Garota Mistério - 3· Temporada -

Capítulo 30

Foi pouco o tempo em que conversamos. Ela insistiu por tempo demais por um tal "favor", mas a conversa acabou mudando de rumo, nada agradável, devo dizer.

Quando Lúh voltou, Estela se fechou no quarto e a minha namorada me arrastou para o carro de seu irmão. Acho que essa seria a aventura mais assustadora que eu teria naquele dia.

- Pedro desistiu por hoje e a tia Lis não quer me acompanhar, seja um bom namorado e me ajude - ela disse para mim enquanto me empurrava para dentro do carro.

- Eu sou um bom namorado, mas tenha calma ou eu vou ficar sem minha cabeça até o final do dia.

Então começamos a andar com o carro. Ela acelerava meio vacilante e se assustava com os solavancos de vez em quando. Uma visão certamente adorável.

- Por que você não tenta relaxar um pouco?- sugeri, observando suas mãos se apertarem no volante com uma força desnecessária.

- Eu estou completamente relaxada. Estou calma como um riacho - ela me respondeu.

- Essa não foi sua melhor comparação - falei com uma careta.

Ela riu e, como uma consequência,  eu a acompanhei. Era bom ver a diferença entre como ela mexia a cabeça enquanto gargalhava e enquanto simplesmente ria.

- Sabe, acho que Pedro e Cat vão dar um tempo - ela soltou do nada.

- Não pode ser - eles são o casal maravilha, combinam muito bem e se amam, não? Pelo menos, aparentam estar genuinamente apaixonados - Como assim
"Dar um tempo"? Acho que não entendi muito bem.

- Veja bem, ela vai pra uma faculdade de fotografia em outra cidade, perto da tia dela. Ela diz que não gosta de fazer esse tipo de coisa à distância. Eu achei uma bobagem, e aconselhei ela a não fazer isso.

- Sim, isso é uma tremenda bobagem - concordei.

- Eu não acho que ela queira mesmo fazer isso.

Ela ficou em silêncio durante alguns segundos.

- Nick - começou ela, por fim -, você já pensou em que pode acontecer se algum de nós ir para uma faculdade longe daqui, como a Cat?

Fiquei em silêncio. Claro que eu já tinha pensado nisso. As coisas mudam, sempre podem mudar, sinceramente, esse é o meu medo.

Que as coisas mudem tanto a ponto de algo esfriar entre nós dois.

Mas é claro que isso não vai acontecer. Vou fazer o máximo, tudo o que eu puder para que não aconteça.

- Nick, se isso acontecer, se algum dia eu sugerir isso, pode me internar num hospício?

- Na mesma hora. Com certeza.

Ela suspirou e balançou a cabeça. Geralmente quando ela faz isso é para esquecer uma ideia desagradável.

- Luíza, olha para frente - alertei.

- Relaxa, Nick. Eu não vou bater o carro ou coisa assim - ela resmungou olhando brevemente para mim.

Acho que agora começa o desespero. Quando ela começa a acelerar e mais carros aparecem na rua. Alerta, perigo!

- Lúh, vai mais devagar - pedi enquanto apoiava as mãos no banco.

- Me ofende o fato de que você não confia em minhas extremas habilidades de expert em... carros.

Normalmente eu estaria tranquilo, com uma pequena quantidade de desespero, mas isso aumentou quando Luíza quase bateu num carro estacionado. ESTACIONADO.

- Não diga uma palavra, Nicolas - ela murmurou, depois de pisar no freio e parar o carro bruscamente.

- Ele estava estacionado, Luíza, como...? Esquece.