Sua alma agora. Posteriormente, seu corpo.

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Tudo lá estava normal, mas algumas panelas e talheres estavam espalhados pelo chão. O garoto fitou tudo um pouco que assustado, colocando as coisas de volta no lugar com certa dificuldade por já não estar enxergando tão bem assim. Enquanto se abaixava para pegar os últimos talheres, sentiu uma brisa fria atravessar seu corpo. Seus pelos se arrepiaram, e Bambam teve de reprimir um grito assustado quando jurou ver uma pessoa passar correndo pelo corredor ao lado. Se tinha mesmo um ladrão dentro de sua casa, precisava dar um jeito de entrar no escritório de seu pai e encontrar a chave mestre, caso contrário o jeito era esperar as luzes voltarem para sair e pedir ajuda — pior que isso, precisaria se esconder até as luzes voltarem, afinal estavam ambos presos pra dentro de casa.

Voltou a sala apressado, sentando-se próximo da janela e fitando a monotonia do cômodo. Estava com medo, mas precisava se controlar, afinal já era maturo o suficiente para conseguir lidar com uma situação dessas. Algum tempo se passou, silencioso, arrastado, e Bambam podia jurar que talvez tudo fosse coisa da sua imaginação. Contudo, quando menos esperava, ouviu o barulho de passos em sua escada, subindo e descendo freneticamente, sem parar. Seu corpo inteiro tremeu novamente, ainda mais porque o som era extremamente perturbador. Eles pararam de repente, mas Bambam conseguia ouvir os passos se aproximando, cada vez mais perto de si. Mas ele não via ninguém, não conseguia. Seu corpo pequeno se encolheu ainda mais próximo à janela, ele desejava ter escolhido um local menos visível para ficar. Os passos pararam ao seu lado, mas ele não via ninguém, e muito menos queria ver.

— Você é medroso, garoto.

Bambam reprimiu um grito e fechou os olhos, abraçando as pernas e pedindo ajuda em sua mente. Não tinha ninguém ali, era apenas sua imaginação, precisava ser.

— Não adianta fingir que não está aí, você tá bem visível sentado dessa forma perto da única fonte de luz — um risinho ecoou pelo cômodo, Bambam choramingou.

— N-Não f-faz nada comigo, p-por favor.

— Eu? — a pessoa se agachou ao seu lado — Por que eu faria algo de ruim com você?

— V-Você não é um ladrão? — olhou receoso para o lado, assustando-se ao ver uma imensidão negra.

— Eu? — outra risada, dessa vez maldosa — Garoto, eu sou o demônio. Você teria sorte se eu fosse apenas a porra de um ladrão, entendeu?

Bambam tentou se levantar e correr, mas assim que alcançou a estabilidade sentiu seus pés serem puxados para baixo, logo seu rosto atingiu o chão. Soltou um murmúrio de dor, mas não desistiu de tentar fugir. Contudo, por ser muito fraco e estar praticamente não sentindo as próprias pernas, não foi muito longe. Fora virado de barriga para cima, e sentado em cima de si estava um garoto de feições másculas e sorriso bonito. Os olhos já não estavam mais negros igual a antes, contudo ele continuava assustador. As coxas fartas desse pressionavam suas costelas, causando uma dor irritante, porém suportável. Ele analisava suas expressões, cada uma delas, desejando mais do que tudo poder captura-las. Era incrível como o ser humano conseguia se tornar extremamente expressivo quando em uma situação de pânico.

— Você está com medo? — tocou o rosto bonito do tailandês, desejando os lábios carnudos — Eu já te disse, né? Não sou um ladrão.

— P-Por f-favor, me larga! — choramingou — Eu p-pago qualquer quantia que desejar, só me solta!

— E o que um demônio vai fazer com dinheiro humano, garoto? — rolou os olhos — Se eu quisesse ser rico, eu poderia ser mais do que você.

— E-Essas coisas não existem! — gritou assustado.

O demônio riu com vontade, levando as mãos até a barriga e sorrindo insano.

— E eu sou o quê? — gritou mais alto, gargalhando — Estúpido, estúpido! Você é estúpido!

imoralWhere stories live. Discover now