Capítulo 15

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Uma conversa tensa por dia já era suficiente. Eu não iria suportar mais uma e ainda uma que tivesse a presença da Agatha Barbie. Enquanto terminava de "aquecer" meus marshmallows tentei ouvir alguma coisa que eles falavam, pude perceber que ela estava bem desesperada, o que me fez lembrar que ela saiu bufando da "nossa" cabana e que planejava algo. Eu ainda não estava preparada para atacá-la novamente, ainda mais se ela ficasse com ciúmes de Yan, já que eles tinham "uma coisa". Peguei meus doces e sorrateiramente saí da visão deles, eu não iria me meter na discussãozinha do casal. Eu não sei em que estava me metendo, se eles tinham alguma coisa por que ainda queria ver um lado bom em Yan, e ainda admirá-lo depois de ter traído Petros. Mas não era fácil deixar um homem como ele de lado, era uma beleza tão fascinante e tinha umas atitudes que balançavam comigo, mas tinha umas que me faziam odiá-lo.

Por sorte, encontrei Lia. É claro que não tinha visto ela o resto do dia, já que ela continuava com aquele rapaz, eu comecei a sentir dó do coitado, ele tinha uma cara de "nada" e que parecia desespero se olhasse melhor, eles não haviam nem trocado de roupa, ou seja, ele estava cansado da perturbação da Lia, e conhecendo bem essa louca, sei que ela não deixaria nem ele dormir hoje. Aproveitei minha situação de fugitiva e o desespero do rapaz e me aproximei deles, que estavam sentados num tronco de árvore um pouco distante da fogueira e de Yan. Assim que cheguei eles estavam se beijando, deveria ser o 950º daquele dia, respirei fundo e acendi a minha vela. Se é que me entendem.

- A-ham! - Eles se separaram meio confusos e se entreolharam quando me viram. Sorri forçadamente para eles e acenei. - Oi, vocês! Até que enfim te encontrei, Lia! Procurei pelo acampamento inteiro. Eu sou a Alana, acho que Lia deve ter falado sobre mim, se não eu terei uma conversa séria com ela. - Apertei sua mão e esperei que ele respondesse.

- Ahn... Oi. - Tá bom, talvez ele não estivesse desesperado, era só muito tímido. - Sou o Roberto. Bom te conhecer, a Lia, quando fala, ou é de você ou dos futuros planos comigo. - Ele riu e segui a sua risada. Mas Lia estava séria, diferente de como é normalmente. Roberto percebeu e tomou uma atitude se levantando. - Bom, acho que vocês precisam matar a saudade e fofocar, eu vou pegar chocolate quente pra nós enquanto isso.

- Muito obrigada, Roberto. Estou mesmo com saudades de perturbar minha amiga. - Falei ironicamente, não entendia por que ela estava agindo assim. Sentei ao seu lado e esperei ele se afastar mais. Olhei para ela que encarava o além. Já tinha alguns minutos e nada. - Lia, o que está acontecendo? Você fica a viagem e o dia inteiro longe de mim e agora eu não posso tirar o amor da sua vida por uns minutos? Cadê a pessoa que disse lá na trombada que eu devia curtir o momento e tudo mais, você vai curtir só beijando ele? É isso?

- Pelo amor de Deus, Alana! O que está acontecendo com você! Nós não nascemos grudadas, tá bom? - Lia se virou para mim com um olhar desesperado e raivoso. Eu não a estava reconhecendo. - Não é minha culpa se eu achei um cara bacana e que gosta de ficar comigo e você não. Não é minha culpa!

- Não é questão de achar um cara ou não, Lia! - Eu estava desacreditada com o que ela disse. - Isso tem haver com a nossa amizade! Se eu estou nesse lugar é por causa de você, você insistiu lembra? E eu até pensei que tinha sido uma boa ideia, iríamos passar mais tempo juntas, mas agora eu já não sei mais.

- Eu tenho certeza que foi uma péssima ideia. - Ela disse se levantando enquanto limpava sua roupa. - Você só veio para atrapalhar o acampamento que eu sempre quis vir, Alana. Não sei da onde tirei a ideia de que você iria gostar, você só reclama e nunca aproveita, mas uma coisa é certa, não vou deixar você acabar com a minha alegria e a do Roberto. Fica aí com sua solidão, que eu vou aproveitar minha vida. Dá licença!

A Garota do FigurinoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora