Dia 1

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DIA 1 - AVIÃO

[ RUBY ]

As malas já estavam prontas, logo iria chegar mais depressa ao aeroporto. Os meus pais insistiram bastante comigo para que eu ficasse aqui na minha terra e arranjar um part-time, mas eu queria seguir o meu sonho. Então, um dia telefonei aos meus tios, pedindo a sua autorização para permanecer em casa deles, em Londres, durante uns tempos antes de a faculdade começar, pois espero já nessa altura poder ter o meu dormitório ou até mesmo um apartamento.

Como já tinha andado a juntar dinheiro, este fora o suficiente que precisava visto que os meus progenitores não conseguiram dar uma mãozinha nesta etapa da minha vida. Eles por mais que chorassem e pedissem para que eu não fosse, lá no fundo, sabia que sentiam o contrário. Tinham tanto orgulho em mim e diziam-me sempre que se um dia fosse aceite numa universidade, as probabilidades de ter um futuro melhor eram-me garantidas.

O meu voo era agora às 15:30. Os meus pais queriam muito acompanhar-me até ao aeroporto, logo não hesitei e aceitei visto que iriamos passar algum tempo separados. Se bem que teríamos o Skype para nos auxiliar, mas não seria a mesma coisa.

Gabe, o meu pai, agarrou nas malas que se situavam na minha cama de solteira e trouxe-as para o andar inferior, para a entrada, a fim de facilitar o trajeto até ao carro.

Estávamos em Outubro, mas mesmo assim já começavam a cair pequenas gotas de chuva. Esta não me fazia grande impressão, porém o problema é que não sou grande fã de chuva. Engraçado, pois eu já sei que em Londres o tempo será o mesmo que aqui. Terei de me habituar.

No caminho pôs os fones e ouvi música para descarregar o nervosismo que estava constantemente a incomodar-me devido à alta velocidade a que o meu coração se encontrava, pois até o sangue corria pelas minhas veias mais rápido que o normal. Devo estar assim desta maneira porque será a primeira vez que saio deste lugar, o qual chamo de casa estes anos todos para um sítio onde nunca coloquei os pés. Para um sítio com pessoas novas e onde tudo pode acontecer. É uma visão assustadora.

Ao som das minhas canções favoritas, via pela janela do carro, a paisagem por uma última vez. Sabia que só daqui a uns tempos iria voltar e, de certa forma, iria ter saudades do tempo, dos meus amigos, dos locais em que as coisas boas me aconteceram e até mesmo da comida feita pela minha mãe.

Tirámos as malas do carro e automaticamente os meus pés andaram até ao sítio onde se fazia o check-in. Depois de o fazer, fui sentar-me à beira dos meus pais e a minha mãe estendeu logo os braços na minha direção para me aconchegar. Adoro os mimos dela no entanto às vezes cansam, se bem que nesta ocasião, ela tem desculpa. Custa-me deixá-los, mas se quero seguir Artes, tenho de lutar para alcançar esses objetivos. Passados uns minutos ouve-se a senhora a chamar pelo meu voo:

"Senhores passageiros por favor dirijam-se à zona de embarque do voo para Londres."

- Filha tem cuidado. Assim que chegares liga-nos logo – pediu a minha mãe um pouco desesperada. Os seus olhos piscaram várias vezes na tentativa de esconder as lágrimas que ameaçavam cair naquele momento devido à saudade.

- Não te preocupes - abracei-a. – Assim que chegar a casa dos tios telefono-vos logo, nem que seja  quando estiver mesmo a sair do avião, só para terem a certeza que estou bem.

- E cuidado com as companhias! – tive que sorrir. O meu pai continuava o mesmo, ele e a sua alta proteção de ser filha única.

Já sei que não me posso aproximar de rapazes com más influências, mas caramba até parece que é uma novidade. Lá no fundo tive de suspirar e deixar escapar um sorriso maroto em concordância.

Island || h.s Où les histoires vivent. Découvrez maintenant