Dois protagonistas e dois pontos de vista em primeira pessoa, uma só história de amor e superação.
Adam Howard tinha apenas sete anos quando foi diagnosticado com uma rara doença que afeta seu sistema nervoso e o coração, fazendo-o visitar hospitais...
Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.
"I got all I need when I got you and I, I look around me and see a sweet life" - Flashlight, Jessie J.
Deitado em meu quarto, nessa tarde de outono, só consigo pensar em como esse azul escuro da parede da TV é maçante, mas também, eu sou maçante, por que o meu quarto também não deveria ser?
15:45, é hora de levantar e ir até a janela, ajeitar o cateter no meu nariz que transporta o meu fiel companheiro, o maravilhoso e portátil concentrador de oxigênio, mamãe arrumou um "tão pequeno que cabe na bolsa", uma bolsa bem grande talvez...
Abrir a persiana da minha janela de madeira é tirar a barreira que me separa do mundo, não é sempre que eu gosto de fazer isso, mas em alguns momentos do dia vale a pena.
Eu me sento no banquinho mais confortável do quarto, o de madeira escura com acolchoado vermelho, minha testemunha silenciosa, abro a persiana e deixo a luz do sol entrar, primeiro arde na minha vista, mas não me importo, 15:46, ela já deve estar passando...
Risadas, os primeiros sons dos jovens que saem da escola particular St. Heloise estão chegando em casa. Meu bairro é considerado bom, muitos engenheiros, advogados, alguns médicos, pessoas importantes, dizem eles, e temos seus jovens filhos e filhas, a maioria estudando em primorosas escolas, se preparando para seus prováveis brilhantes futuros, rindo da vida divertida que levam. Assim avisto o primeiro deles, uma jovem negra de cabelos cacheados bem arrumados, seu nome é Jessica, já descobri pelas minhas pesquisas na internet, apesar de ver seu rosto desde que era criança, só assim soube o seu nome, logo atrás dela, uns bandos de adolescentes risonhos acompanham, os homens com sua calça azul marinho, blusa branca e gravata, as moças com saias até o joelho azul xadrez, blusa branca e gravata.
15:47, cadê ela? Geralmente está sempre junto de Jessica, mas agora um grande grupo já passou e ela ainda não.
15:48, lá está ela, o meu coração dispara, minha boca fica seca e meu corpo chega mais perto da janela, acho que no meu rosto tem o esboço de um sorriso, precisaria checar, Annie Grim, a moça de cabelos castanhos ondulados, olhos da mesma cor que refletem um mel quando o sol bate, sorriso tímido e um corpo saudável, saudável..., ao contrário do meu... Eu acho que ela deve se achar gorda, eu sei disso porque eu suas fotos da internet ela sempre o esconde, mas ela não é, apenas não parece doente de tão magra quanto as outras meninas do bairro, talvez isso seja considerado gordo para alguns .
Eu lembro até hoje o dia que vi Annie Grim pela primeira vez, nossos pais eram amigos, ainda são eu acho, ao menos a mãe dela sempre me atende bem no hospital, eles trouxeram Annie para me ver quando eu tinha aproximadamente oito anos, ela era uma criança tímida e se chocou ao me ver com um respirador ao meu lado, ela deu um grito e quase chorou, aquela foi a última vez que eu deixei ela se aproximas, fazer Annie chorar não estava nos meus planos de novo. De qualquer maneira, eu me apaixonei por Annie naquele mesmo dia, quando ela fez força para não chorar depois que o pai dela disse que isso feriria meus sentimentos, Annie foi tão forte, mesmo tão criança, ela não chorou, ela me olhou e forçou um sorriso.
