@ElisaGiih8 e @Paulacristina20 - Qual foi a sua maior dificuldade na publicação ou na escrita do seu livro?

Na publicação em si não teve muita dificuldade além das coisas técnicas (diagramação, criação de capas, funcionamento da Amazon, ISBN, etc) já que optei pela autopublicação. Mas no desenvolvimento em si as dificuldades são inumeráveis. Desde os bloqueios de quando eu não sabia como prosseguir na história, até o momento em que estava tudo pronto e eu não achava que era bom o suficiente. Lidar com escrita tem muito a ver com lidar com nosso íntimo e, às vezes, ao desbravar uma caverna, encontramos monstros que nem sabíamos que existiam.

@ElisaGiih8 - Você algum dia pensou que com isso chegaria onde chegou?

Eu já sonhei (e ainda sonho) em viver da escrita. Porém, no caso de meu primeiro livro (Anjo Negro), eu não esperava absolutamente nada: nem que fosse lido por alguém, e MUITO MENOS que gostassem como disseram que gostaram. Eu não o escrevi pensando em publicar, apenas fiz uma história com o exato formato que eu gostaria de ler. Foi uma coisa bem egoísta mesmo pois escrevi para mim, e ninguém mais. Quando eu estava criando Kenan e Lucio minha única vontade era de colocar para fora alguma coisa que me interessasse (talvez por isso eu tenha conseguido criar minha primeira cena hot sem morrer de vergonha). Tanto que essa história ficou bem mais de um ano abandonada em meu computador, até o momento em que a pessoa com quem me casei encontrou e se intrometeu. Após ler falou: "Tá bem legal, deixa de ser egoísta e compartilha isso!". Depois de muita relutância fiz uma porrada de revisões e finalmente coloquei na Amazon. Mas se não fosse pelo incentivo e pelo pseudônimo e jamais teria publicado.

@ElisaGiih8 - O que pensa em fazer daqui a 10 anos? Continuaria a escrever suas histórias?

Sim, isso faz parte de meu sonho. Espero que daqui a 10 anos eu já tenha material o suficiente para poder pagar as contas com as vendas (porque ainda não dá, hehehe)! XD. Escrever é o que eu mais amo fazer... Não quero parar isso nunca.

@jeanbarli - Tu deves ter conhecimento de quanto te admiro como escritor, pois já falei diversas veze, tuas história flui com tanta naturalidade que dá impressão que tens uma facilidade de escrever, como se tua história já estaria na tua cabeça do começo ao fim, mas penso que talvez esteja errado certo. Tu mudas os rumos dos personagens conforme vai escrevendo?

Agradeço por suas palavras, Jean ^_^ Bem, eu tenho momentos muito diversos enquanto escrevo. Tem horas que parece que alguém me dita as coisas (por fluir fácil), porém na maior parte das vezes sinto como se estivesse tentando puxar um caminhão amarrado a uma corda. Trabalhar personagens é uma coisa muito complexa, e eu tenho frequentemente que fazer correções e alinhamentos do comportamento dominante deles. Preciso cuidar para que eles não saiam muito do que eu planejei, e ao mesmo tempo preciso criar aquela sutil curva de evolução. Na minha cabeça eles surgem maravilhosamente perfeitos, como se eu estivesse assistindo a um anime ou a um filme. Mas na hora de colocar no papel é que as dificuldades aparecem, e às vezes um personagem que era água torna-se vinho (e vice-versa). Mas, como amo estudar narratologia, alguma das técnicas aprendidas me guiam um pouco.

@jeanbarli - Quando tu imagina uma história para escrever, quais são os critérios que usa para organizar seu desenvolvimento?

Eu poderia escrever um livro sobre isso, kkkkk (mas não vou, já existem vários sobre). Tentarei ser simples: quando uma ideia me aparece (geralmente uma cena isolada) eu começo delineando quem são meus personagens e definindo, por exemplo, seus comportamentos dominantes e o que os levou até ali (o porquê de eles serem como são). Depois penso "o que quero mostrar ao final da história?", e com isso eu descubro qual é o tema. De certa forma, isso é uma espécie de esqueleto bem precário, mas é então que começo a rechear esse esqueleto com os detalhes. Antes de escrever minhas histórias (seja um romance, seja um conto ou noveleta) eu faço um resumo. Dessa maneira, consigo perceber antes da escrita propriamente dita se aquele rumo funciona ou se precisa de ajustes (e sempre precisa!). Caso alguém se interesse mais pelo assunto, recomendo ler "A Bíblia do Escritor", de Alexandre Lobão; "A Jornada do Escritor", de Cristopher Vogler; e "Como Criar Personagens Inesquecíveis", de Linda Seger (eu poderia indicar mais um monte, só que eu sairia do foco – quem quiser mais, pergunte no privado que passo a lista).

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