Capítulo 8: O Amadurecimento

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A felicidade é momentânea e se alguém nasce para nos fazer feliz, não temos o direito de deixa-los tristes com nossa tristeza. Victtória administra o mercado de James até encontrar outro emprego e alugar um apartamento. Para continuar perto de James ela não precisava necessariamente estar onde ele sempre estave e sim sentir que ele estará com ela não importa onde esteja.

Passados dois meses, consegue um emprego como editora em um jornal da cidade, basicamente era o emprego dos seus sonhos. Tudo havia mudado na vida de Victtória. De moça comportada virou aventureira, e hoje em dia uma mulher sucedida.

Apesar de ter aproveitado quase tudo o que a vida lhe ofereceu, ela ainda não tinha certeza de qual era o real sentido da palavra viver. Victtória sempre achou que o se lado certo era o lado errado, mas como já estava cansada de sofrer as consequências, preferiu deixar tudo como estava, e encarar a vida corretamente.

Tudo estava confuso, afinal a vida de Victtória nunca foi fácil. Ela fugiu de casa para se reinventar, para sair de um lugar onde nem notavam sua presença. A vida dela poderia ser motivo de inveja entre outros, mas ninguém sabe o que ela realmente passou. Fugir de tudo isso talvez não fosse o modo certo de superar, até porque não importa a onde esteja às lembranças sempre estarão por perto.

Victtória era forte, e sempre arranjava um motivo para seguir em frente, mas parecia que algo segurava o seu pé. Fissurada por filmes, sempre imaginou cenas de sua vida se encaixando em cenas de filmes, que por sorte ou azar esteve presente em todos os gêneros. Mas não é a toa que filmes de terror eram o que ela mais assistia, talvez porque não fosse totalmente uma ficção, e sim a sua realidade.

Ela poderia não ser muito boa em cálculos, mas tinha certeza que aconteceram mais coisas ruins do que boas em sua vida. Não sabia se era pura perseguição do destino ou se o universo não conspirava ao seu favor, mas na sua mente não era justo sofrer tanto. Victtória sempre foi destemida e sincera em tudo o que fazia, e por este motivo irritava muitas pessoas, mas nunca teve a intenção de magoar ninguém.

Não há motivos específicos pra pessoas que ela ama morrerem, ou por seus pais não lhe darem atenção necessária, mas com certeza Victtória não merecia isso. Ela nunca foi de desistir, então esta não seria a hora, ela já sofreu tanto que já estava basicamente acostumada a cair e se levantar.

A diferença entre Victtória e outras pessoas, é que ela pensava muito em tudo e em todos, e os outros pareciam nem se quer pensar. Com isso Victtória parecia prever quando certas coisas iam acontecer na sua vida, principalmente as ruins. Ela acreditava que tudo havia um sentido, um motivo claro para as coisas acontecerem, mas a sua vida ainda era algo difícil de resolver.

Curiosa ela não ia parar de tentar até entender o porquê sua vida têm esses rumos. Muitas pessoas tem dificuldade em enfrentar a morte, Victtória tinha medo de enfrentar a vida. A morte até onde sabemos é obvia, já a vida sempre terá algo a mais nos desafiando.

Neste novo emprego ela decide focar em um assunto e escrever um livro, mas um livro digno de sucesso. Se em seus momentos de vida não notaram sua presença como ela realmente queria, agora o mundo iria conhecer alguém capaz de fazer qual quer coisa pra chamar atenção.

Seu sonho sempre foi ser escritora, mas não seria fácil conseguir realiza-lo. Não só por que é um ramo difícil de conseguir sucesso, mas também por na sua vida só ter acontecido fracasso. Como por exemplo nunca ter ouvido sua mãe dizer que sente orgulho por algo que fez.

Victtória seria capaz de escrever sobre qualquer coisa, pois tinha uma imaginação fértil, mas nem sempre é possível descrever tudo o que sente, afinal não importa o quão o livro é sobre algo totalmente imaginário, sempre tem algo do autor impregnado nas entrelinhas.

Bom, se ela fosse fazer um livro sobre sua história não seria bem vendido, pelo fato de que uma vida sem conquistas é uma história que ninguém quer ler. Ela queria escrever algo que pudesse motivar seus leitores, dar a eles um sentido de vida, mesmo ela não ter encontrado um ainda.

Seus relacionamentos nunca duram muito tempo, houve brigas eternas em sua família, idas e vindas de amigos, algo comum, mas deprimente pra se ler. Ela gostaria que as pessoas a observassem como uma pessoa forte, capaz de superar qualquer coisa, uma garota aventureira e sem tempo pra romantismo, uma garota que vive a vida em instantes sabendo realmente aproveitar. Um pouco ela era assim, mas era mais frágil do que pudessem pensar.

Victtória tinha Transtorno de Personalidade Borderline, o que explica um dia ela estar de bom humor e no outro com extremas crises existenciais e impulsividade. Isso é devido as perdas e abandonas que já sofreu. Um dos motivos por deixar Abert era o medo de ser magoada e seria capaz de qualquer coisa para não sofrer isso, mesmo que restasse apenas ter que magoa-lo. Com a perda de James recentemente lhe deixou sem esperança, mas ansiosa para chegar o dia em que pudesse dizer "finalmente está dando tudo certo".

Determinada como sempre, seu lema era: "Quando eu quero não tem quem me impeça. Quando eu não quero não tem quem me convença.". Seu maior objetivo no momento é ter seu livro publicado. Sua história nada mais é sobre drama e fantasias de horrores cercados de suspense em escuridões. O público alvo a propósito era jovem e de preferência os solitários em busca da fuga da realidade em que ela acreditara ajuda-los.

Escrever um livro não é fácil, é preciso uma história envolvente e um final esplêndido, assim como viver sua vida com um final previsível e ao mesmo tempo inesperado. Victtória precisava de inspiração, e nada é melhor do que as ruas à noite. Tudo era iluminado pela lua e pelas estrelas, o vento era o seu fiel companheiro, e o caminho estavam cercados de palavras.

O ano estava acabando, e mesmo sendo clichê Victtória buscava vida nova com pessoas novas. Com certeza ela não se apaixonaria por alguém tão facilmente, mas estava disposta em viver seus momentos de aventureira com uma galera diferente, sem deixar de lado suas responsabilidades com o trabalho.

Sem sombras de duvida este ano não foi um dos mais agradáveis para ela. Não é possível mudar o que já aconteceu, a realidade é feita de momentos, mas o bom de ser escritora é que você pode revivê-los quando quiser e a mágica está em suas palavras. Não é tão simples como passar a borracha em cima de alguma frase que não gostou, mas ela estava se esforçado para que este ano fosse oficialmente apagado.

Querendo ou não ela estava diferente. Ela não era mais aquela garota inocente que sonhava com os contos de fadas, era uma garota forte que criava seus próprios contos de fada. Ninguém nunca disse que tudo precisa ser perfeitamente perfeito, em qualquer coisa sempre há uma falha e são essas falhas que deixam a história melhor.

Não se pode mudar a essência da pessoa. Victtória sempre vai ser a garota que se arriscava mesmo sabendo das consequências, que enfrentava tudo pra provar que ela tinha a razão, que era livre mesmo estando presa em seus pensamentos. A única diferença é que agora ela se sentia experiente, e se orgulhava de já ter experimentado um pouco de tudo que a vida já lhe ofereceu.

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Utopia ou SuícidioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora