Quarenta e dois.

968 85 103
                                    

Caminho pelo corredor do hospital em passos largos, posso observar pela porta no fim do corredor que Harry está sentado de costas para onde estou, sem pensar duas vezes empurro a porta e ele levanta da cadeira onde estava sentado na mesma hora.

- Quando você pretendia me contar? - Hope está deitada, ela dorme na pequena cama no fim do pequeno apartamento do hospital.

Harry entra na minha frente e impede que eu me aproxime dela.

- Que merda você está fazendo aqui? Quem te contou?

- Caso você não saiba, a merda desse hospital é meu. Você pretendia me esconder isso Harry Styles? Você chegou a esse ponto? - Eu o empurro, mas o seu corpo nem se mexe.

- Para de gritar! Você não tem nada a ver com isso.

- Não tenho nada a ver com isso? A minha filha está ali! A minha filha!  - Aponto para ela e ele revira os olhos.

- Você é surda ou se faz de doida? Não era pra você estar aqui, ela é minha filha, minha filha, a filha que você escondeu de mim por tanto tempo. A filha que o juiz me deu direito a guarda e te proibiu de chegar perto enquanto ela estivesse comigo, então sai daqui, sai de perto da minha filha agora. - Ele aponta para a porta e eu dou uma risada nervosa, minha vontade é de quebrar a cara dele.

- Primeiro, fala comigo direito ou eu te dou um tapa. Segundo, o juiz pode ter te dado a guarda, ou que for, mas ninguém, Harry. NINGUÉM Vai tirar o meu direito, e se alguma coisa pior tivesse acontecido, você ia fazer o que? Você ia esconder de mim? Cresce, caralho! Cresce! Porque não é o ódio que você sente ou deixa de sentir por mim que estar em jogo aqui, é a vida da minha filha, é a saúde dela. Ela só onde ela está agora e você não pode ao menos me avisar?

- Eu não quis te avisar exatamente por isso, você faz uma confusão desnecessária. Ela está bem e isso é o que importa, agora sai daqui, se ela acordar e te ver ela vai chorar.

- Eu não vou sair, não vou deixar minha filha aqui. - Tento mais uma vez passar por ele, mas ele me impede e segura meus pulsos.

- Sai logo daqui, eu estou te pedindo numa boa.

- Eu não vou sair, não vou deixar minha filha. Diferente de você eu não abandono as pessoas que amo, ela é a única coisa que eu tenho e eu não vou deixa-la.

- Você vai. Você vai sair daqui ou eu vou chamar a segurança.

- A segurança? - Dou risada. - Caso você não saiba, esse hospital aqui é meu, tenta a sorte, mas eu duvido muito que alguém vá me tirar daqui.

- Eu vou chamar a polícia e você sabe que com a ordem do juiz, a primeira merda que você fizer, você vai ser presa, eu não estou brincando. Eu não quero você aqui, eu não quero deixar as cosias pirores do que já estão.

- Chama a polícia, chama o juiz, chama o senado, a família real, chama até o papa, mas eu não saio daqui. Eu já deixei você me afastar dela uma vez, mas eu não vou deixar em um momento como esse, não vai ser você e nem ninguém que irá me afastar dela. - Aproveito o momento em que meu sangue está fervendo e o empurro, ele cambaleia e eu passo.

Antes que possa me afastar da cama, ele me segura.

- Sai daqui, é sério.

- Me solta, caralho! Me solta! - Me debato e Hope começa a se mexer, ela reclama um pouco e seus olhos se abrem.

- Mamãe! - Ela diz animada e estende seus bracinhos para mim.

- Oi meu amor. - Harry me solta e suspira, praticamente corro até ela é a abraço apertado. - Eu senti tanto a sua falta. - Afasto nossos corpos e a observo, ela tem um corte na testa e seu braço esquerdo está engessado.

- Hope sentiu tanto a sua falta, mamãe. - Ela me abraça e chora.

- Mamãe está aqui meu amor, vai ficar tudo bem. - Respiro fundo para não chorar.

- O meu papai disse que você me abandonou, você me abandonou, mamãe?

- Eu nunca faria isso, eu nunca te abandonaria, Hope. - Pequenas lágrimas começam a escorrer pelos meus olhos.

- Doeu bem aqui, mamãe. - Ela coloca a mão no coração. - Doeu muito quando você não veio me ver, mamãe. - Eu sinto meu coração ser quebrado em pequenos pedaços.

- A mamãe está aqui amor, eu juro que não vou embora nunca mais, ninguém vai nos afastar nunca mais, bebê, eu juro. - E eu tenho plena certeza de que estou fazendo uma promessa que não posso cumprir, mas vê-la triste me deixa mal é a sensação de impotência está acabando comigo. A verdade é que nós somos viciados em fazer promessas, prometemos que vamos entrar na academia na segunda-feira, prometemos nunca mais falar palavrão, prometemos estudar mais do que o suficiente naquela matéria difícil, prometemos nunca quebrar corações, entre tantas outras promessas, e por fim, prometemos a nós mesmos nunca mais quebrar tais promessas, mas a verdade é que ninguém as cumpre, somos viciados em fazer promessas e depois quebra-las, vivemos em um ciclo viciosos de auto enganação e mesmo tendo certeza de que uma hora ou outra ela seria tirada de mim outra vez e esses poucos tempo em que passaríamos juntas me custaria caro, eu estava disposta a isso, estava disposta a qualquer coisa para tê-la em meu colo por mais algumas horas.

...

Dizem que é vivo sempre aparece né mores? Cá estou eu!

Destino.Where stories live. Discover now