Final (08)

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Olhei. Era lindo. A luz do sol refletia nos prédios, e passava no meio das árvores de onde estávamos. Os lagos brilhavam, e o céu jamais esteve tão azul quanto naquele dia. Me acomodei. Tirei as mãos do bolso, devagar. Comecei a sentir-me confortável com aquilo, mesmo ainda tendo medo, porque eu sabia que não iria acontecer nada demais. Ainda sentia calafrios e meu estômago revirar só por estar ali. Mas se estava com Jeno, tudo ficaria bem.

Ele virou para mim e chegou mais perto do que antes. Mais perto do que nunca. Muito perto. Perto demais.

— Eu tenho medo — Respondi dando um passo para trás.

Ele assentiu.

— Medo de altura, ou do que sente por mim?

Não consegui pronunciar nenhuma palavra. Apenas o encarei por alguns segundos, me afastando aos poucos. A altura já não era mais um problema. Ele continuava a me olhar firmemente, como se eu o devesse algo.

— Jaemin.

Respirei fundo, como se esperasse ele dizer algo.

— Por que parou de falar comigo?

Olhei para o lado.

— Por que você tem vergonha do que sente por mim?

Suspirei.

— Eu só...

— Por que você não aceita? — ele me cortou — por que você tem vergonha do amor? Já passou pela sua cabeça que isso é amor, ou você finge para si mesmo que não é? Faz sentido ter medo de algo tão puro quanto isso?

Fechei os olhos. Na minha cabeça, aquilo não poderia estar acontecendo. Jeno percebe as coisas.

— Alguém, alguma vez, lhe disse que o ódio é melhor que o amor?

— Não, Jeno. Eu..

— Por que você nega para si mesmo que existe algo diferente entre nós?

Senti minhas pernas tremerem. E não era mais por culpa da altura.

Ele estava certo. Eu não deveria negar o amor.

Tanto tempo neguei para mim mesmo. Descartei um sentimento tão forte, por medo de ser algo errado.

Amar não é errado.

Levantei a cabeça, cheguei mais perto. Ele sorriu. Eu sorri. Sorrimos juntos, e o destino pareceu sorrir para nós.

— Desculpe — consegui dizer — desculpe... por não saber te amar.

Ele chegou mais perto e colocou as mãos em meus ombros, com calma.

— Como você me amaria da "maneira certa", se nem se dava conta de que eu também te amo?

Ele tirou as mãos de meus ombros e puxou-me para perto.

Nos aproximamos cada vez mais, até chegar num ponto em que não conseguiríamos mais nos afastar.

Fechamos nossos olhos e esquecemos tudo ao redor.

Foi ali, numa tarde, em um dia qualquer. Num dos pontos mais lindos da cidade, com o alguém mais especial do mundo. Foi ali que aconteceu meu primeiro beijo.

Sempre foi amor. Ele sempre existiu e esteve ao nosso lado, só esperando por esse momento.

O amor é paciente, de certa forma. Nos sentimos aflitos, com ansiedade, medo, tensão. Passamos por dias chuvosos, quentes, frios, ensolarados, nublados, tempestades. Mas ele nunca deixa de habitar cada um de nós. Por fim, aparece no momento certo, e principalmente, com a pessoa certa.

Depois de um tempo incalculável, nos afastamos e nos abraçamos. Pegamos nossas coisas, que estavam espalhadas pelo chão (um poucos sujas, talvez), e fomos "buscar" Haechan.

Não dissemos nada. Sorrimos ao vento, como bobos.

Se amor é coisa de tolo, eu sou estúpido. E não tenho mais vergonha disso.

Acrofobia • Nomin Onde as histórias ganham vida. Descobre agora