- Capítulo 8 -

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                  Não estava com tanta pressa assim, no entanto, precisava chegar em casa e tomar aquele merecido banho. Não acelerei a moto na sua potencialidade, permaneci com sua velocidade constante e aproveitando para observar a noite fria e silenciosa de Paris. Naquele momento começo a fazer uma retrospectiva de tudo que me aconteceu após a morte de Claire, noites mal dormidas e uma necessidade de me embriagar.

                  Por outro lado, Eloise tinha sido meu melhor presente até então. Embora eu saiba que tenho falhado em alguns momentos, ela também devolveu na mesma moeda. Desde que a conheci ela vive me deixando de lado por pequenas coisas, mesmo sendo uma mulher extremamente inteligente e calculista com suas ações, ela ainda se vê amarrada ao suspensório de seu pai.

                  Um feixe de luz acertou de forma incidente o retrovisor, dei passagem mesmo com a avenida completamente vazia. Já passava da meia noite e o frio de Paris havia colocado uma grande parte dos parisienses para seus refúgios aconchegantes, mas não todos. Por duas vezes o carro acelerou roncando os motores, abri ainda mais passagem para o motorista apressado e ele não ultrapassou.

                  O carro continuou a acelerar de forma ameaçadora, não tive escolha e então torci o acelerador e o motor girou se degustando do combustível e ganhando velocidade, o vento frio me açoitava enquanto o carro ia se distanciando. Talvez fosse apenas aqueles adolescentes que se apropriam dos carros dos pais para dar aquela volta para impressionar a namorada ou coisa do tipo.

                   Dobrei a primeira esquina a direita e após duas quadras entrei à esquerda. Faltava pouco menos de três quarteirões para a casa de Allison. Uma figura humana estava com casaco de lã e o capuz estava solto, um rodopio de fumaça saia enquanto respirava, desacelerei para estacionar a moto.

                   - Estava ansioso para me ver? – pergunta Allison com minha mochila apoiada no ombro.

                  Encostei a moto e subi os oito degraus da escada até Allison. O barulho de motor rugiu a algumas quadras dali, parecia que estavam participando de um racha automobilístico. Em poucos segundos o carro passou a mais de cem quilômetros por hora, tentei imaginar aquela velocidade, mas garanto que poderia ter sido ainda mais veloz.

                 - Odeio esses imbecis, ainda vão matar alguém com essa babaquice. – disse Allison me entregando à mochila.

                 - Ele estava há algumas quadras daqui, dei passagem para que pudessem ultrapassar, mas continuaram a me persegui. Você o conhece?

                - Quem? Eu?

                - Sim! Você os conhecem?

                - Acho que não, se não ele teria buzinado ou sei lá.

                O carro ainda urrava e não muito longe dali, o carro cantou pneu. Desci os degraus para observar o que havia acontecido, mas o carro agora estava acelerando a todo vapor. Duas ou três luzes se acenderam das casas vizinhas para observar o que estava acontecendo.

                - Acho melhor você subi os degraus, Nicollas. – disse Allison inquieta.

                O carro se aproximava sem diminuir a velocidade, e agora estava vindo para a direção onde a moto estava estacionada. A distância estava diminuindo a cada segundo, minha primeira atitude foi tentar retirar a moto para que ela não fosse destruída com o impacto. Que ilusão foi a minha. Saltei da moto um milésimo de segundo antes de ser atropelado pelo carro. A moto foi lançada à uns três metros de onde estava estacionada. Caí sobre o braço esquerdo e senti inflar como uma bexiga.

Ao Som de ParisWhere stories live. Discover now