- Capítulo 2 -

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Não jogue fora o balde velho até que

você saiba se o novo segura água.

Provérbio sueco

               O cheiro de croissants me fez despertar, virei de um lado para o outra na cama e decidi evitar uma conversa direta com Isabelle. Meu quarto ainda permanecia uma bagunça, resolvi que seria o dia de organizá-lo até por motivo de sobrevivência. O som estridente do andar abaixo não permitia ouvir uma boa música.

               Pelo horário descrito no cartão ainda faltava quase duas horas para encontrar Eloise, por muito tempo não me preocupava em tirar a barba e muito menos usar uma camisa bem passada, a não ser quando era preciso trabalhar. Meu guardo roupa estava precário de camisas novas e limpas.

               Depois de jogar as garrafas vazias de whisky no lixo e enfileirar as pastas de partituras, deixei meu quarto rumo a cozinha. Isabelle já havia saído e evitado qualquer constrangimento da última conversa.

               Apenas belisquei um dos croissants antes de sair. Peguei a chave da moto e decidi comprar uma camisa descente, tudo bem que não era um encontro, mas assim como ela me impressionava eu deveria ser no mínimo uma companhia agradável e com roupas de verdade. Deixei a loja minutos depois, minha escolha foi uma camisa azul marinho que vesti alí mesmo na frente da loja. Faltavam dezesseis minutos e a cafeteria ficava quase do outro lado da cidade, acelerei a moto e parti pelas ruas movimentadas de Paris. O sol estava colaborando para o meu dia e quando cheguei ao local combinado faltava ainda quatro minutos, coloquei o capacete no banco da moto e fui até a mesa do nosso primeiro café.

               Ela ainda não havia chegado. O que me deu tempo para concertar os botões da camisa que eu havia colocado errado. O garçom entregou o menu e aguardava minha escolha, no entanto, decidi esperar minha companhia.

               - Receio que esteja aguardando a srta. Eloise? – perguntou o garçom.

               - Sim, combinamos de nos encontrar aqui. – respondo abotoando o último botão da camisa.

                - Lamento senhor, mas ela deixou isto para o cavalheiro. – o garçom de meia idade entregou-me o envelope.

                - Vejo que ela adora deixar envelopes. Traga-me um café, por favor. – comento sem olhar para ninguém.

                O café Saint Sena sem dúvida é extraordinário, mesmo quando não possui companhia. Decidi não abrir o envelope, talvez por não querer saber o motivo que a levou a não comparecer. Esse encontro foi apenas delírios de minha cabeça, não deveria esperar nada. Quem sabe em algum momento ligarei para agradecer por me deixar esperando, paguei pelo café e deixei o envelope intacto sobre a mesa.

               O dia já foi escolhido, apenas me apresentaria nos contratos que eu já havia assinado e depois partiria para Grécia. Fiquei em casa por horas navegando na internet e descobrindo os lugares que a Grécia me proporcionaria, conheceria Acrópole de Atenas e suas histórias. O celular vibra e me tira do transe temporário.

                - Ganhamos ingressos exclusivos para assistir a uma orquestra na Philharmonie Concert Hall. - Gritou Isabelle do outro lado da ligação.

                Isabelle esta tão emocionada que esqueceu que estava chateada comigo. Até me pareceu que Paris não estava querendo que eu partisse, mas a essa altura nada me faria mudar de opinião.

                O carro de Henry estava parado e buzinando enquanto a chuva caía, não poderia nos acontecer nada melhor, o sol estava radiante pela manhã e bastou entardecer para o céu escurecer e descer em torrentes fortes de água. Molhei parte do Smoking tentando chegar ao carro, Isabelle estava irradiando alegria e contanto como estava emocionada para entrar e ouvir a orquestra. No entanto, Henry estava começando a gostar de violino e já pode imaginar que sua euforia não era a mesma.

Ao Som de ParisWhere stories live. Discover now