Capítulo 5

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— Está louca?

Eu tento soltar a minha mão que Melanie segura com força. Ela não me solta. E mais assustador do que a força com que ela segura minha mão é a determinação que vejo em seu olhar.

— Sim! Não vê? É perfeito. A solução perfeita. Para nós duas.

— Trocar de lugar? — repito, como que tentando achar um sentido naquela simples frase absurda.

Como Melanie podia sequer cogitar algo tão insólito?

— Sim! Eu faço a turnê promocional e você fica no meu lugar em Lakewood. — Ela sorri agora. No seu rosto há uma alegria fervorosa.

Enquanto eu ainda acho que ela enlouqueceu.

— É tão ridículo!

— Não é!

— Melanie, está falando sério? — De alguma maneira, eu continuava achando que ela poderia estar brincando.

— Com certeza!

— Não. — Puxo minha mão e pulo da cama ignorando o olhar ansioso de minha gêmea.

— Sei que parece uma ideia insana, porém, quanto mais eu penso mais sentido faz para mim — insiste.

— Não, você só pode estar delirando! Onde pode haver algum sentido em trocarmos de lugar! Meu Deus!

— Por favor, Mel! Pense bem, a gente consegue!

— Claro que não! E você deveria deixar estas ideias malucas de lado e pensar em voltar para sua casa e seu marido antes que seja tarde.

— Eu já te disse que não posso. Não ainda! Mas também sei que Connor não vai esperar muito. Sua paciência está se esgotando e ele vai me forçar a voltar — diz cheia de angústia. — Por outro lado, se você for no meu lugar...

— Meu Deus, é tão errado em tantos níveis.

— Não, se ninguém descobrir!

— Como acha que vamos conseguir fazer algo tão temerário?

— É possível e sabe muito bem. Ninguém sabe que somos gêmeas. E somos iguais. Eu te falei, Charlote acreditou que eu fosse você e nem desconfiou de nada.

— Está delirando.

— Não estou! Faz muito sentido! Sem contar que se você fosse pra Lakewood, poderia conhecer o papai.

— E você ficaria aqui.

— Sim! Seria perfeito, você se veria livre de toda esta coisa de promoção, porque eu faria no seu lugar e dentro de dois meses a gente trocaria novamente.

— Não, está louca. — Não querendo admitir a existência de um assustador sentido na proposta irresponsável de Melanie.

No entanto eu sou uma pessoa sensata. Claro que é algo muito errado.

Insano.

Suspiro.

— Vá dormir Melanie. E pense no que deve fazer, eu a amo e a quero comigo, mas tem uma família que precisa de você e precisa voltar para eles. E eu tenho que continuar com a minha vida.

— Uma vida que odeia. Assim como odeio a minha.

— Feliz ou não é a vida que temos.

— Podemos trocar. Apenas por um tempo, fugir...

— Boa noite, Melanie.

Vou para meu quarto, ignorando as palavras tão insanas quanto sedutoras de Melanie quando finalmente deito a cabeça no travesseiro e tento dormir.

A Outra - DegustaçãoWhere stories live. Discover now