Capítulo 1

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_Luna, corra! Eles estão chegando. - A voz vinha de uma mulher com longos cabelos louros e olhos negros como a noite, aparentava seus 30 anos, vestida com vestes antigas e um tipo de tranças finas que começavam perto de sua testa e terminavam em sua cintura, jogadas em cima do amontoado de fios soltos e lisos. Seu vestido lembrava a de camponesas da era medieval, longo corpete costurado em um verde musgo, e a saia surgindo de suas laterais era vermelha e opaca.

Sentia-me perdida e mais longe de me salvar a cada passo que dava em direção ao inevitável.

_Eu não aguento mais.- Eu sabia que aquela moça de fios dourados e de olhos como mel tratava-se de mim, pois sentia o pulsar do seu coração a cada toque que seus pés tocavam ao chão.

_Você já fugiu disso antes, Luna, várias e várias vezes desde que nasceu, é só mais uma vez. - A camponesa segurava forte em minhas mãos enquanto tentava me puxar com toda força que possuía em seu ser; o dia estava quente, mas suas mãos eram geladas como o medo que sentíamos. Embora expressasse sua coragem, uma mulher magra que não pesava mais de 50kg não conseguiria carregar outra pessoa.

Minhas pernas desistiram de acompanhar o ritmo, a terra toda tremia e eu só queria poder respirar sem me sufocar. A cada passo exitante, eu sentia o perigo pairando no ar, a energia mudando, e eu sabia, seria meu fim.

_NÃO! - Foi a última coisa que consegui escutar antes do estrondo tão forte ensurdece-me e minha visão ficasse turva, a terra diante dos meus pés se abria e me engolia como um nada para dentro dela.

Em direção ao esquecimento total, consigo olhar pela última vez o rosto daquela camponesa.

Em um lapso de lembrança quando nossos olhares se encontram, o ar cortante em meu pulmão, sua identidade revelava-se em minha mente e meu coração se despedaçava como daquela vez, milênios antes.

A cor negra de seus olhos foram tiradas, dando lugar a um rio lágrimas. Seu corpo debruçando-se em cima do buraco para onde fui arrastada, sem nada conseguir fazer para evitar o último sentido de vitalidade esvaindo-se de meu espírito.

Sinto-me leve, não há dor alguma, o barulho da terra caindo cessou-se. Minhas pálpebras se fecham junto com a última batida do meu coração e uma fracassada tentativa de um suspiro antes do adeus. 

Dia 01/02/2018

Tudo parecia normal como em qualquer outro dia chuvoso, acordei sentindo-me cansada, pingando a suor, com um aperto no coração e um nó na garganta, como se tivesse viajado a noite toda. 

Já estava acostumada, pois sempre que algo iria ocorrer em um futuro próximo, era avisada em sonhos.

O despertador tocou várias vezes anunciando que era hora de levantar, mas meu corpo e mente se negavam a isso, meu coração batendo rápido, as pálpebras estavam muito pesadas e os olhos custaram a se abrir, depois de muito esforço e de ter repetido várias vezes em pensamento "preciso acordar, preciso sair desse transe..." finalmente consegui abrir meus olhos e sair daquele sono profundo. Por muitas vezes era prisioneira dentro de meus próprios sonhos, tanto que me atrasava pra quase tudo na vida. Principalmente quando era algo muito importante, pois o nervosismo e ansiedade traziam-me visões turvas e medonhas. Raras vezes conseguia mudar os acontecimentos do futuro; ficava paralisada e me esquecia do que havia sonhado e só lembrava segundos antes ou as vezes segundos depois do aviso se tornar realidade.

Naquela manhã às 7 horas em ponto quando pus me a levantar vi um vulto na janela, pisquei os olhos com força para ter certeza do que vira, mas só consegui sentir um vento passando grudado em minha pele fazendo os pelinhos dos braços arrepiarem e a cortina da janela parando de se mexer como se alguém tivesse passado por lá  apenas por alguns milésimos no tempo.

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⏰ Last updated: Feb 18, 2018 ⏰

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Lumera - Nova Era das BruxasWhere stories live. Discover now