O Clube de Música

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Melanie havia entrado na sala, era a primeira vez que estivera ali. Escolheu um lugar nas carteiras da frente e sentia vários olhares desconhecidos a observando. A novata possuía os cabelos divididos em duas tranças, seus olhos, verdes como a copa das árvores, fixaram-se no quadro à frente.

Demorou para acostumar-se com aquela escola, que parecia tão grande quanto as que estudou anteriormente. Por vezes se perdia entre os corredores e pátios, até achar Hailey, uma garota falante que levou Melanie a um tour pela escola. A partir daí, as duas se tornaram boas amigas.

Havia um clube de música que se apresentava no auditório daquele lugar, a garota se inscreveu rapidamente na esperança de aprender mais sobre o violino: sua paixão desde a infância.

Acompanhava pela TV as apresentações das orquestras, que enchiam os ouvidos de Melanie com as agradáveis músicas clássicas. Entre os instrumentos, o violino era o qual mais lhe chamava a atenção, a melodia delicada que produzia, a facilidade com que os instrumentistas o tocavam...

Apesar da força de vontade, a garota tinha grandes dificuldades em trocar de acordes enquanto manuseava o arco, revelando assim sua falta de coordenação motora. Pensava em desistir de aprender o tão apreciado instrumento.

Então resolveu começar do zero no clube de música, fingia que nada sabia sobre o violino, apenas que queria tocá-lo de tal forma que comovesse as pessoas ao redor. Quando a mentora do clube ouviu tais palavras, quis imediatamente saber mais sobre Melanie, que aparentava ser bem decidida em seu objetivo.

A sala em que se encontravam mostrava alunos de outras classes e que sabiam tocar diferentes instrumentos como flauta, clarinete e piano. A senhorita Ellen, que era a mentora, discutia sobre o que os alunos iriam tocar no final do ano.

Subitamente o local foi tomado pelo barulho das conversas sobre as sinfonias, bagatelas, sonetos e concertos de grandes compositores. Com o passar do tempo as atividades no clube foram se complicando, a senhorita Ellen ensinara os alunos que não sabiam, a lerem partituras e a música já fora eleita, seria Für Elise, de Beethoven.

Quem mais se destacaria na grande noite da apresentação seria Calton, o pianista.
— Antes eu tocava guitarra, — afirmou certa vez o garoto. — mas comecei a criar afeição pelo piano e não parei mais.

Decerto era um jovem talentoso, cujos cabelos e cílios dourados como a luz do Sol atraíam a atenção de Melanie. Era um menino meio tímido mas disposto a ajudar sua colega na leitura de partituras, entre outras coisas que ela não sabia direito.

A cada dia que se passava, Calton se aperfeiçoava mais no piano, já sabendo tocar boa parte com antecedência, enquanto Melanie se desajeitava em certos trechos de Für Elise, comprometendo a harmonia com os outros instrumentos.

Muitas vezes a tristeza tomava conta da garota, que achava-se incapaz de tocar violino:
— Eu não nasci pra isso! — exclamava nos ensaios. — Deve haver alguém que me substitua, alguém muito melhor. — e se retirou da sala, com lágrimas nos olhos.

Tal situação incomodou o pianista do clube, que fizera de tudo para ajudar Melanie e encorajá-la a seguir em frente até alcançar sua meta, sem desistir pelas circunstâncias atuais.

A senhorita Ellen o permitiu sair também, o garoto se apaixonara pela violinista, esta por sua vez o encantou com o seu terno olhar, sua diligência ao tocar — apesar de ser apenas uma aprendiz —, seus cabelos trançados e o jeito suave de falar ao dirigir-se a ele.

Lá MenorWhere stories live. Discover now