Capítulo 3

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― Eu não sei como não me atentei ao nome dela quando li e assinei os papéis de contratação, Max.

― Vic, você acabou de dizer que não a conhecia?

O diretor havia sentado em um puff vermelho e gigante do outro lado da mesa de centro no espaço de estar da sua sala.

― Não sei o que deu em mim. Eu reagi de forma estranha, eu sei. Estava esperando que ela se lembrasse de mim e quando presumi que não se lembrava então fiz aquilo para me vingar.

Uma das mãos dela estava nervosamente recostada do lado do rosto alisando sua têmpora direita. Os olhos cerrados eram prova de que estava confusa com o papel infantil que acabara de pregar.

― Por favor, Max, eu só preciso transferi-la, assim não perderemos o seu talento. Não quero desmerecer seu trabalho. Ela irá continuar conosco, só que não aqui no prédio. Podemos transferi-la para São Paulo, Brasília, alguma central nossa.

Parte da formação de Maximiano era em Psicologia e ele era o responsável pelo programa de aconselhamento da BRASFLY. Em quase cinco anos ele já havia aconselhado ou entrevistado praticamente todos no prédio menos Victoria e embora fossem amigos ele sabia que ela devia a ele uma boa conversa de cunho pessoal.

― Isso significa que ela não fará mais parte da diretoria, certo? ― perguntou o diretor. Sua expressão era neutra, como se quisesse ler o que havia por detrás das expressões da CEO.

― Sim... Mas ela pode ficar envolvida em projetos grandes na área de segurança, não precisa estar necessariamente aqui na sede.

Ele mantinha os braços cruzados defensivamente. Olhava para cima como se estivesse tentando encaixar as peças. Luminárias vermelhas ornamentavam a sala, pendendo do teto. Pousou o olhar sobre elas como se a resposta estivesse ali.

― Só uma pergunta, posso? ― Maximiano levantou as costas do puff. Sua calça social já era apertava e marcava ainda mais do jeito que estava inclinado agora para frente.

― Lá vem! Só uma.

― Por que esse repentino arrependimento, Vic? Você vai me contar o que aconteceu? Imagino mil e uma coisas e...

― E... Só para te lembrar, você já fez duas perguntas e está caminhando para a terceira!

― Vocês brigaram por causa de namorados ou algo assim? Talvez por causa de algum projeto.

― Digamos que foi uma briga feia. Algum dia eu te conto a história toda. É uma longa história.

― Sei que você é bastante discreta, mas sabe que pode se abrir comigo, não sabe? Já nos conhecemos há bastante tempo.

― Sim, eu sei. Mas se for para te contar tem que ser com tempo, Max.

― Resuma em uma frase, Vic. Assim eu já fico feliz!

― Bendito dia que você resolveu ser psicólogo, hein?

Ela se levantou chegando ao seu limite. A verdade era que se sentia completamente indecisa sobre Martina. Uma parte queria sentar com a ruiva e escutar dela como foi sua vida depois que as duas nunca mais se viram. Outra parte queria fugir para bem longe sem olhar para trás.

O diretor também acabou se levantando e indo em direção à mesa. Quando estava de costas a ponto de se virar e sentar, Victoria resolveu falar ligeiramente, sem encará-lo nos olhos.

― Nós tínhamos uma excelente relação e Martina era minha melhor amiga desde o começo da faculdade até que no começo do penúltimo ano eu conheci o William num congresso de aviação e daí para frente ela ficou estranha comigo. Quando pisquei os olhos estava grávida da Lucy, fui contar a Martina e...

O segredo de Victoria EM REVISÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora