14. Percepção

Comincia dall'inizio
                                    

- Vitória...

- Shiiii... - Seus dedos encostaram nos meus lábios me impedindo de continuar. - Não precisa falar. Não quero saber o que domina o seu pensar, nem o que aconteceu pra te deixar assim e não pense que é porque não me importo, na verdade eu me importo e de uma forma inexplicável, mas sempre acreditei muito na força do pensamento e se a gente recebe aquilo que emana por que vamos focar em coisas que não são de luz? - Depois de ouvi-lá eu sigo com um só pensamento e que tive à alguns dias atrás: Só acredito que Vitória Falcão existe porque a conheci!

- Como é que faz? 

- Faz o quê? 

- Pra ser assim como você! - Mais uma vez sua risada preencheu todo o espaço

- Tudo o que você diz vê em mim é reflexo desse olho bonito seu, então eu que deveria fazer a pergunta: Como é que faz pra conseguir olhar o mundo pelo universo que é você?

- Senhoras? Chegamos! 

- Já? Foi tão rápido que nem me dei conta. Vem Ninha, vamos que a Tequila nos espera! - Graças aos Deuses, aos céus e a todas as forças desse universo, chegamos! Como que Vitória me solta essa pergunta assim? Como que responde uma pergunta dessa? Se pelo menos Bárbara estivesse aqui comigo, com certeza ela me salvaria com uma de suas pérolas, o que com certeza me faria dá muita risada e assim me livraria dessa pergunta da melhor forma possível, mas sem ela por perto eu sou apenas um marinheiro solitário e perdido no meio do oceano. 

- Ei Ninha, vamos! - Vitória começou a conversar com o motorista enquanto procurava por algo na bolsa e continuava com a mesma animação que esteve durante toda noite, seu sorriso largo, seu cabelo agora preso em um coque alto e bagunçado, seus olhos refletindo toda luz que a cidade reluzia e eu sentada ao seu lado só conseguia olhá-la enquanto conversava empolgada e feliz igual criança quando finalmente vai a um passeio muito desejado. Como consegue ser tão linda? Tão única? Por que eu não consigo explicar ou evitar a força que a sua presença tem sobre mim? Eu deveria ir embora! Eu deveria aproveitar esse táxi e nem sair dele.

- Tu não vai descer não é? - Será que devo? Estou tão presa em minha própria teia de pensamentos que não consigo parar para assimilar as coisas por mais simples que sejam. Eu devo usar a razão ou emoção? - Ninha... Se tu não quiser ficar, tudo bem! - Algo muito mais forte e completamente fora do meu entender me junta a ela, não tem como explicar, é o sentir, o toque, o querer sempre perto. - De onde tirou isso Vitória? Claro que eu vou ficar, você tá me devendo uma tequila, já esqueceu? - Quando você rotula algo, você o limita entre ser aquilo ou não ser, são dadas apenas duas opções em um mundo de possibilidades e isso te leva sempre para o sim ou para o não, o certo ou errado. Da nomes aos sentimentos que transcendem é se privar de inúmeras descobertas. E sabe o que acabei de descobrir? Que entre a razão e a emoção eu escolho, Vitória!

(...)

- Eu já passei algumas vezes por aqui, sabia?

- Ah é?

- Eu não moro tão longe daqui e já passei algumas vezes admirando a arquitetura desse lugar. - Por incrível que pareça, Vitória realmente não mora tão longe de mim e com alguns poucos minutos facilmente já estou caminhando em meu bairro. Seu apartamento é pequeno e sem grandes mudanças no seu padrão, a decoração é perfeitamente harmoniosa e muito a sua cara, em tons claros com cortinas tão brancas que chegam a ser transparentes nas janelas de vidro, os móveis na sua grande maioria são rústicos em tons amadeirados, alguns quadros pela sala com pinturas do céu e de um pôr do sol que inclusive me parece muito familiar, seu piano estava próximo a varanda em um cantinho com apenas um cacto ao lado, o que me fez lembrar da paz que a sala de canto me traz e o porquê de estar lá.

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